25
de novembro de 2014 | N° 17994
LUIZ
PAULO VASCONCELLOS
EU VI O ZEPPELIN!!!
Como
nasci antes da televisão e do liquidificador, permito-me arriscar os comentários
que seguem. Afinal, essa geração que não pode passar cinco minutos sem mandar
uma mensagem sem assunto para alguém que mal conhece, essa geração que não pode
passar 10 minutos sem fotografar o gato da vizinha ou o prato de comida à sua
frente, essa geração que não sabe viver sem a tecnologia que garante o triunfo
das redes sociais, iPad, iPed, iPid, iPod, iPud, tablet, netbook, nanochips,
WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, smartphone, MP4 e por aí afora, essa
geração que namora apertando as teclas do celular, essa geração precisa se dar
conta de que não seria nada sem uma série de pequenas conquistas que foram
dando forma à humanidade, facilitando a vida das pessoas, modernizando hábitos
que eram, às vezes, rudes, difíceis, penosos.
Já pensaram
o que era transformar legumes e frutas em sopa, purê ou suco antes do
liquidificador? Já pensaram o que era fechar a braguilha antes da existência
daqueles dois cadarços com dentes de metal ou de plástico que se encaixam por ação
de um cursor em forma de Y? É disso mesmo que estou falando, do zíper.
E
tem mais. Muito mais. A fita durex, a caneta esferográfica, a calça jeans, o
sabão em pó, a sandália havaiana, a cueca boxer, o relógio digital, as
fotocopiadoras, o xerox e centenas e centenas de outras pequenas descobertas
que vão melhorando cada vez mais a vida da gente.
O
mundo, portanto, não se resume a Skype, Tinder, Pinterest, Tumblr, Baboo,
Microchip, YouTube, wi-fi, Shuffle e nem os deuses sabem o que mais. Tem também
o ar-condicionado, o papel higiênico, o Band-aid, a luz elétrica, o café solúvel,
o leite em pó, a fralda descartável, o fraldão e – ah! –, já ia me esquecendo,
o Viagra, a maior descoberta da ciência nas últimas décadas, garantindo o poder
dos homens e o prazer das mulheres. Mas como ninguém fala disso, faz de conta
que eu também não disse nada.