quinta-feira, 20 de novembro de 2014


20 de novembro de 2014 | N° 17989
PAULO SANT’ANA

Tarde de milagres

Ontem à tarde, por um milagre, fui tomado de extrema felicidade – chega de só contar infortúnios nesta coluna.

A começar que meus melhores amigos me telefonaram por encantadora coincidência, só um não pude atender, porque sou surdo e não ouvi sua chamada.

Mas os outros todos falaram comigo, inclusive o meu melhor amigo, cujo nome não cito para não ser chamado de puxa-saco.

Fiquei em êxtase durante horas, encontro-me ainda agora quando escrevo estas linhas.

Já quando fui consultar meu médico Sarmento Barata, que me trata dos países baixos, dei uma passada no consultório do doutor Jorge Gross. Então fiquei estupefato.

Jorge Gross me disse, de supetão, que eu sou um gênio. Pedi que ele me explicasse a sua definição. Ele me disse: “Basta te ler ou conversar contigo e se distingue nas tuas palavras o gênio. O modo como tu encaras a realidade e a defines é prodigioso, tu chamas a atenção de quem te lê ou te ouve para o fato de que tens parte com algum ente superior que te guia”.

Subi aos céus. E sabem por quê? Porque não há nada mais realizador do que ser chamado de gênio por outro gênio. Eu tenho provas de que, em medicina, Jorge Gross é um gênio. E, se não fosse médico, haveria de se tornar em outra profissão também um gênio.

E assim fui pontuando acontecimentos que ontem à tarde me tornaram feliz.

O churrasquinho de gato e o frango no espetinho desceram dentro de mim soltos e deliciosos.

Fui dormir catapultado pelos anjos no travesseiro.

E pensei comigo: “Poxa, vale a pena viver só para ter momentos felizes como estes que estou vivendo. A vida é boa e Deus se faz justo em mostrá-la assim para nós. Nem que seja por vezes”.

Tanto já tenho escrito sobre felicidade, mas ontem toquei nela com toda a força da minhas cordas sensíveis.

A felicidade que senti ontem me transportou para fora deste mundo, eu parecia estar flanando num rumo do infinito. Até me belisquei, indagando-me absurdamente se não estava sendo transportado para o Céu, como Elias num carro azul de glórias.

Mas não, eu estava feliz aqui mesmo, na Terra.

Obrigado, meu Deus, meu destino, minha vida, pela felicidade que tive ontem.

Viram como hoje eu não falei de agruras como sempre falo?


Ah, ia esquecendo a definição que fiz há 20 anos para gênio: é aquele que primeiro enxerga o óbvio.