01
de dezembro de 2014 | N° 18000
EDITORIAL
INCLUSÃO SOCIAL COM AUSTERIDADE
Os
bons propósitos na área social dependem sobretudo de rigor fiscal, mas também
de outros pressupostos. Entre eles, estão o combate à corrupção e um basta a
aliados de ocasião.
No
mesmo dia do anúncio de uma equipe de ministros da área econômica comprometida
com o rigor fiscal, a presidente Dilma Rousseff reafirmou, na última semana, a
prioridade à inclusão social. A garantia, feita durante a Conferência Nacional
de Economia Solidária, em Brasília, fecha com as primeiras manifestações dos
ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, que
confirmaram a continuidade dos avanços sociais, sob algumas condições.
Uma
delas é a de que os investimentos nessa área levem em conta os limites orçamentários
do governo, ainda que isso venha a obrigar o Planalto a fazer escolhas. O
trabalho será facilitado, nas palavras do futuro ministro da Fazenda, se a
economia brasileira recuperar as condições para crescer, permitindo maior
receita para o governo e mais renda para os brasileiros de maneira geral.
Como
defende o responsável pelo Planejamento a partir de 2015, não há contradição
entre o compromisso da nova equipe econômica com a melhora dos indicadores
financeiros e a manutenção de políticas sociais. Ainda assim, os programas
nessa área precisarão, necessariamente, se ajustar ao cenário macroeconômico do
país nos próximos anos. Isso porque, sem os recursos orçamentários assegurados
pelos ganhos de arrecadação com o crescimento, fica mais difícil enfrentar os
problemas derivados da desigualdade social, que resistem mesmo depois das
conquistas registradas nos últimos anos.
As
prioridades, nas palavras da presidente da República, incluem de educação e saúde
até investimentos em infraestrutura e modernização, com potencial para gerar
melhoria na qualidade de vida e mais emprego e renda para os brasileiros.
Todos
os brasileiros desejam isso. Os mais conscientes, porém, sabem que os bons propósitos
na área social dependem sobretudo de rigor fiscal, mas também de outros
pressupostos. Entre eles, estão o combate à corrupção e um basta a aliados de
ocasião. É preciso também enfrentar o espírito de atraso de setores do próprio
partido da presidente e respeitar agentes privados que trabalham pelo
desenvolvimento do país.
As
conquistas sociais são importantes e devem ser mantidas. Mas não há mágica que
promova a justiça social sem trabalho duro, honestidade e desapego de
ideologias.