sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Jaime cimenti

O palavrão de 2014

Desde o pedido de emprego constante na  Carta de Pero Vaz de Caminha, atestado de nascimento do Brasil, até os escândalos dos Correios desses dias, passando pelos Sete Anões do orçamento, fraudes na Previdência, Mensalão, Mensalinho e Petrolão, entre dezenas de outros, nossa história, há séculos, traz episódios de corrupção, palavrão que definitiva e infelizmente marca o ano de 2014,  com  seus mais de 50 tons de preto e suas incontáveis e tenebrosas transações.

O Barão de Itararé, vovô do humor e da inteligência no Brasil, sintetizou: negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados. De lá para cá, algumas coisas mudaram. Uns dizem que, ao invés de capitanias hereditárias, agora temos ministérios hereditários...Piadas sobre a Petrobras estão na boca do povo: dizem que agora alguns empresários acham que vão se dar melhor, ganhar mais, sem precisar pingar propinas...Outros falam que o pessoal que cuida da limpeza e dos banheiros da Petrobras estaria com medo de perder o emprego, pois parece que o pessoal anda fazendo menos sujeira...

Falando sério, agora. O STF condenou  os culpados pelo Mensalão e, no  momento,  após as investigações e as ações da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal do Paraná, o STF terá nova oportunidade de mostrar que os tempos mudaram. É o que a sociedade brasileira espera. Vamos ver. Ainda é cedo para palavras mais definitivas, mas já dá para traçar paralelos com o histórico processo  das “mão limpas”, que mudou os rumos da corrupção e da política na Itália. Quem sabe o filme italiano passe aqui.

Estamos em final de ano, Natal e tal, época de renovar esperanças, de praticar o espírito natalino. Para os que acham que a corrupção e o País não têm saída, recomendo, por enquanto, que se pense  na criação da C.A. - Corruptos Anônimos, entidade que reuniria os doentes, viciados na grana dos outros,  que não se contentam nunca e que sempre querem tomar mais e mais  dinheiro público.

Se eles se reunirem em algum lugar privado, refletirem e tomarem jeito, quem sabe vão economizar em favor dos cofres públicos e pegar condenações menores. Quem sabe não precisaremos gastar tanto com prisões, alimentação e roupa de cama, mesa e banho na carceragem da Polícia Federal e nos presídios. Quem sabe a C.A. -Corruptos Anônimos  consiga acabar ou, pelos menos, reduzir drasticamente esta praga crônica que nos assola desde os tempos do Pau Brasil. Sem prejuízo, claro, do que está sendo feito pelas autoridades.

Jaime Cimenti