sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Jaime Cimenti

Saudade do Tom. Viva Tom Jobim!

Ia pedir desculpas por não falar de corrupção, política, futebol, violência, crime, drogas e outros assuntos tão tristes, obrigatórios e dolorosamente cotidianos. Desculpem, mas não devo me desculpar e digo logo que quero falar de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom Jobim, um dos maiores brasileiros do século XX, que morreu há vinte anos e segue cantando e tocando cada vez melhor em todo o planeta. Saudade do Tom, viva ele, que apresentou uma das melhores realizações brasileiras, a bossa nova. Talvez a melhor. Nos Estados Unidos a melhor coisa foi o jazz, pai-irmão-filho da bossa.

Existem muitos tons, alguns até tons de cinza, mas há um só Tom Jobim. Infelizmente um só, mas o bastante para a música e para o mundo. Música e amor, as coisas mais próximas de Deus. Cole Porter, os brothers Ira e George Gershwin, Charlie Parker, Louis Armstrong, Nat King Cole, Frank Sinatra e outros gigantes devem está fazendo o maior som lá em cima, onde Vinícius deve estar tomando um uisquinho com São Pedro. Beleza!

Em 1994 Tom faleceu cedo, aos 67 anos, em Nova Iorque, onde tratava da saúde. Andava descontente com a falta de delicadeza e com a violência que já assolavam o Rio de Janeiro e o resto do País. Imagine o que ele sentiria agora, quando temos um assassinato a cada dez minutos e um estupro a cada quatro, se não me falha a memória. Imagine o que Tom estaria pensando e falando sobre as mazelas do Brasil.

Bom, eu disse que não ia falar desses assuntos terríveis. Acabei falando, me desculpem. Que coisa. Que falta que faz o Tom. O músico, o cantor, o compositor, nossa consciência nacional bem-humorada. Nossa dignidade, nossa elegância, nossa civilidade. Se todos fossem iguais ao Tom, seria uma maravilha viver...obrigado pela canção, Maestro. E obrigado pelo exemplo de pessoa, de vida. Dizer que tu és um de nossos tesouros nacionais é pouco. Tesouro mundial.

Lá em Ipanema está a simpática estátua do Tom, com o inseparável violão, recém-inaugurada, nos inspirando a buscar pessoas, relações humanas e um mundo melhor. Sempre com música da boa, claro. Música, linguagem universal da paz, quase nunca relacionada com coisas ruins. Eu disse música, não esses barulhos que andam por aí, que prefiro nem dar o nome. Fica com Deus, querido Tom, que ele gosta, sempre gostou muito de ti e de música celestial.

Jaime Cimenti