08
de janeiro de 2015 | N° 18036
ARTIGO
- CARLOS ROBERTO SCHWARTSMANN*
A FANTÁSTICA DISTORÇÃO DA
SAÚDE
Estamos
iniciando um novo ano letivo na universidade. E, como professor de ortopedia,
minhas primeiras palavras para o novo aluno são de cumprimentos por estarem
aqui.
São
pessoas altamente diferenciadas, treinadas, estudadas e submetidas a várias
avaliações. Hoje, depois do Enem, eles vêm de todo o país. Ainda na escolha
profissional, a medicina é a preferida. Na USP, a relação é de 63 candidatos
por vaga e, na UFRGS, é de 57.
Meu
primeiro ensinamento em relação à nova especialidade é que todo e qualquer
esforço deve ter como meta primordial o bem-estar do paciente.
Apesar
dessa tentativa de transmissão de atitudes corretas, como podem alguns se
afastar tanto dos ensinamentos familiares e universitários?
Como
podem alguns médicos ser acusados de estupros, assassinatos, fraudes e outras
contravenções?
Infelizmente,
isso também existe entre nós. É
por isso que estamos assistindo “à divina comédia da máfia das próteses”.
Sozinho,
um médico jamais conseguiria obter lucros escusos tão elevados. A cadeia dos
envolvidos passa por paciente, familiares, distribuidor, hospital, advogados e
juízes. Quando o Judiciário interfere no dinamismo da medicina, é porque algo
está muito errado.
A
classe médica não pode novamente ser condenada e acusada por essa fantástica
distorção. A
saúde do nosso povo nunca foi tão destratada, humilhada, cruel e fétida.
Atitudes
governamentais tentam macular a arte e o sacerdócio da medicina. Temos o maior
número de faculdades de Medicina por habitante do mundo. A
municipalização da saúde foi atroz e a contratação de cubanos foi degradante.
Esquecem
os nossos críticos que a tabela do SUS não é corrigida há mais de 10 anos. O
médico recebe por um parto cesariano R$ 150 e para tratar cirurgicamente a
fratura do maior osso do corpo humano, que é o fêmur, R$ 134.
A
propósito, o colega gaúcho acusado das fraudes tem um processo na Justiça para
ingressar no corpo clínico da Santa Casa, que lhe foi negado, desde 2013.
Espero
que nenhum juiz defira pelo seu ingresso.
*Médico,
professor universitário - CARLOS ROBERTO SCHWARTSMANN