Aumento da expectativa de vida muda
planejamento de aposentadoria
A
Previdência Social do Brasil foi criada numa época em que a expectativa de vida
e os desejos daqueles que se aposentavam eram outros. Hoje, não temos referências
para imaginar como será o mundo para a próxima geração de aposentados.
Segundo
Gustavo Cerbasi, a renda de uma aposentadoria, seja pública ou privada, não é suficiente
para o que pode nos esperar.
"Se
a redução na renda não matar de fome, vai matar de depressão muitos
desprecavidos", escreve em "Adeus, Aposentadoria".
No
livro, Cerbasi questiona o que considera uma ilusão descontextualizada: trabalhar
por 30 a 35 anos
sem cuidados financeiros adequados. O autor considera também as consequências
da falta de rotina de trabalho para a mente.
"É
preciso adotar um novo modelo para planejar o futuro, já que as soluções para
sobreviver no contexto atual não são convincentes", diz.
Gustavo
Cerbasi é mestre em administração e finanças pela FEA/USP, formado em
administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com especialização em
finanças pela Stern School of Business, da Universidade de Nova York e pela
Fundação Instituto de Administração (FIA).
Ele
leciona em cursos de pós-graduação e MBAs de instituições como Universidade de
São Paulo, Fundação Instituto de Administração, Fundação Dom Cabral e Fundação
Armando Álvares Penteado (FAAP). Entre diversos títulos publicados, Cerbasi
também é autor de "Dez Bons Conselhos de Meu Pai", "Mais Tempo,
Mais Dinheiro", "Como Organizar Sua Vida Financeira", "Dinheiro:
os Segredos de Quem Tem", "Investimentos Inteligentes" e "Os
Segredos dos Casais Inteligentes".
Abaixo,
leia trecho de "Adeus, Aposentadoria".
Não
dá para contestar os fatos
Durante
toda a minha vida, segui o que pareciam ser as regras do jogo. Procurei
trabalhar em empresas sólidas, fui um profissional dedicado, cursei especialização
e pós-graduação, criei uma rede de relacionamentos e pratiquei toda a política
necessária para ser reconhecido pelos meus superiores.
Tive
parte de meus ganhos retidos no contracheque para contribuir com os fundos de
pensão das companhias para as quais trabalhei. Acompanhei, de tempos em tempos,
meu saldo no INSS para ter certeza de que as empresas não estavam deixando de
fazer a sua parte na construção de meu futuro. Seguindo a recomendação de
especialistas, ainda poupei uma parcela de meus ganhos líquidos, investindo de
acordo com as orientações de meus gerentes de conta, que sempre demonstraram
segurança no assunto. Diversifiquei investimentos, evitando deixar tudo no
banco: também comprei e construí alguns pequenos imóveis.
Pelo
que fiz ao longo de minha vida profissional, pensei que chegaria a um ponto em
que teria muito mais do que o suficiente para viver bem. Os fundos de pensão
deveriam garantir uma renda equivalente à que eu tinha enquanto trabalhava. O
INSS deveria me garantir proteção e um complemento significativo de renda para
ampliar minhas escolhas. Meus investimentos deveriam ser desfeitos apenas se
acontecesse algum imprevisto.
Hoje
estou aposentado, como previsto pelas regras que segui.
Mas,
ao contrário do retorno esperado em termos de renda e proteção, a única coisa
que realmente tenho de sobra é um enorme sentimento de insegurança. Os fundos
de pensão me proporcionam uma renda até maior do que a que eu tinha pouco antes
de me aposentar, mas meus gastos aumentaram demais.
A
renda do INSS é incrivelmente baixa comparada ao sacrifício incrivelmente alto
que foi contribuir para ele ao longo de toda a minha carreira. E, ao avaliar o
estado de minha moradia, percebi a necessidade de realizar melhorias. Ao fazer
as contas, percebi que meus investimentos poderão ser consumidos em pouco tempo
se eu não tomar bastante cuidado.
Sinto
medo, pois tive que me adequar a um padrão de vida que parece estar em um frágil
equilíbrio. Temo que qualquer imprevisto possa me colocar na situação de
insuficiência e desconforto que já experimentei nos meus primeiros anos de
trabalho. O problema é que naquela época eu tinha algumas escolhas a fazer. Agora,
como aposentado, não tenho. Preparei-me durante décadas para não precisar
contar com outras opções de renda, e de que adiantou?
Aposentado
não é exatamente o termo com o qual me identifico. Na verdade, estou é apavorado!
Essa
é a história de José. E também de João, de Maria, de Fulano, de Beltrano e de
Sicrano. A descrição acima foi criada com base em aspectos comuns a dezenas,
talvez centenas de depoimentos que colhi durante consultas, consultorias,
palestras, aulas e trocas de mensagens ao longo de meu trabalho de consultor e
especialista em educação financeira. É a história da desilusão de quem seguiu
um roteiro que prometia o Éden, mas que conduziu a uma melancólica situação de
insegurança e impotência.
ADEUS,
APOSENTADORIA
AUTOR
Gustavo Cerbasi
EDITORA
GMT
QUANTO
R$ 24,90 (preço promocional*)