PAULA
CESARINO COSTA
Dá para pular 2015?
RIO
DE JANEIRO - O ano que demorou a começar foi embora debaixo de alta temperatura
e pressão. Era um ano cercado expectativas. No final, parecia que nunca ia
acabar.
Houve
a Copa do Mundo. O clima era de pessimismo quando se tratava da organização e
de otimismo em relação à seleção brasileira. O fracasso limitou-se ao time em
campo. Foi uma invasão de todas as línguas e cores, bonita e emocionante. A
Copa em si teve bom futebol e muitos gols. Escancarou os erros brasileiros. A
goleada de 7 a 1
imposta pela Alemanha obrigava à modernização de técnicos e dirigentes, mas o
que se viu foi o retorno de Dunga.
Houve
eleição. No ano seguinte às manifestações que pareciam ter oxigenado o país,
acreditava-se na reafirmação da democracia e em renovação política. Mas a sétima
eleição presidencial desde a redemocratização terminou com invocação da
ditadura. E um deprimente novo ministério feito à base do velho loteamento.
Em 2014,
estourou a investigação da Lava Jato. Depois de décadas de corrupção, poderosas
empreiteiras devem ser punidas. O que sairá daí assusta e anima ao mesmo tempo.
A
Petrobras, tida como orgulho nacional, revelou-se a casa da mãe joana, onde
tudo pode desde que respeitadas certas regras de conchavo. Delações expuseram
irregularidades comentadas há muito tempo à boca pequena. Paulo Francis tinha
razão: as contas no exterior com dinheiro de corrupção não eram miragens. A
gigantesca empresa saiu de 2014 menor do que entrou. Se a economia não foi bem,
vai ficar muito pior.
A
sensação térmica de 50 graus no Rio parece sinal do que se avizinha. O
governador afia as tesouras para cortar investimentos, a política de segurança
tropeça em velhos problemas, as tarifas de transporte viram o ano muito mais
altas.
O
ano que acabou de começar tem tudo para ser mais difícil do que o que passou. Não
dá para pular 2015?