quinta-feira, 1 de janeiro de 2015


PAULA CESARINO COSTA

Dá para pular 2015?

RIO DE JANEIRO - O ano que demorou a começar foi embora debaixo de alta temperatura e pressão. Era um ano cercado expectativas. No final, parecia que nunca ia acabar.

Houve a Copa do Mundo. O clima era de pessimismo quando se tratava da organização e de otimismo em relação à seleção brasileira. O fracasso limitou-se ao time em campo. Foi uma invasão de todas as línguas e cores, bonita e emocionante. A Copa em si teve bom futebol e muitos gols. Escancarou os erros brasileiros. A goleada de 7 a 1 imposta pela Alemanha obrigava à modernização de técnicos e dirigentes, mas o que se viu foi o retorno de Dunga.

Houve eleição. No ano seguinte às manifestações que pareciam ter oxigenado o país, acreditava-se na reafirmação da democracia e em renovação política. Mas a sétima eleição presidencial desde a redemocratização terminou com invocação da ditadura. E um deprimente novo ministério feito à base do velho loteamento.

Em 2014, estourou a investigação da Lava Jato. Depois de décadas de corrupção, poderosas empreiteiras devem ser punidas. O que sairá daí assusta e anima ao mesmo tempo.

A Petrobras, tida como orgulho nacional, revelou-se a casa da mãe joana, onde tudo pode desde que respeitadas certas regras de conchavo. Delações expuseram irregularidades comentadas há muito tempo à boca pequena. Paulo Francis tinha razão: as contas no exterior com dinheiro de corrupção não eram miragens. A gigantesca empresa saiu de 2014 menor do que entrou. Se a economia não foi bem, vai ficar muito pior.

A sensação térmica de 50 graus no Rio parece sinal do que se avizinha. O governador afia as tesouras para cortar investimentos, a política de segurança tropeça em velhos problemas, as tarifas de transporte viram o ano muito mais altas.

O ano que acabou de começar tem tudo para ser mais difícil do que o que passou. Não dá para pular 2015?