quinta-feira, 18 de junho de 2015



18 de junho de 2015 | N° 18198
MAIS ECONOMIA | Marta Sfredo

UM LONGO TEMPO DE AJUSTE

A situação financeira do Estado deve exigir um longo tempo de ajustes, com controle estrito de gastos, projeta o ex-secretário da Fazenda Aod Cunha, que experimentou a receita do déficit zero durante alguns anos no Rio Grande do Sul. Amanhã, Aod vai falar sobre o cenário global e nacional para convidados e sócios da Amcham Porto Alegre, às 8h30min, no Instituto Ling.

Avisa que não vai se estender muito sobre a situação do Estado desta vez, mas volta a Porto Alegre para debater o assunto em julho. À coluna, Aod disse não ver muitas alternativas para o Rio Grande do Sul a não ser um longo período de controle de gastos. Avalia que nem a venda de ativos teria efeitos duradouros para equilibrar as finanças do Estado, mas pondera que, dependendo dos alvos de privatização, poderia “secar fontes de gastos adicionais”.

Para o ex-secretário, hoje radicado em São Paulo, como sócio do banco BTG Pactual, não é só o Rio Grande do Sul que se ressente do excesso de gastos financiado com recursos extraordinários. Outros Estados e a União passam pelo mesmo processo. Aponta, ao menos, uma consequência positiva: a situação obriga a sociedade a discutir a responsabilidade de todos os agentes públicos e todos os poderes na solução do aperto.

No Brasil, Aod vê uma corrida contra o tempo para que o ajuste fiscal produza esforços antes da elevação do juro nos Estados Unidos. Como essa perspectiva está em todos os horizontes, prevê que pode exigir a mesma medida por aqui, ou seja, se hoje o juro sobe para conter a inflação, pode ter de aumentar ainda mais para reter capital estrangeiro. Por isso, projeta retração maior da atividade antes que o cenário comece a se desanuviar na economia brasileira.

SEM PISTAS DO BILHÃO DA CEEE

A coluna recebeu, da assessoria do PT na Assembleia, uma resposta sobre a gestão dos recursos da CEEE no governo Tarso, com base em consulta ao ex-secretário da Fazenda Odir Tonollier. Conforme a nota, “os R$ 3 bilhões recebidos do governo federal (...) foram integralmente investidos na CEEE. A aplicação desse montante na companhia não teve qualquer vinculação com o debate e o projeto de lei tratava dos ex-autárquicos.

Já a lei que trata da transferência dos ex-autárquicos para a folha do Estado não foi regulamentada até hoje. Portanto, a CEEE não transferiu para o Estado nem os servidores ex-autárquicos nem o R$ 1 bilhão questionado pela coluna. Acreditamos que a fonte que abasteceu a coluna o fez mal informada ou de má-fé. Para lançar mão do R$ 1 bi, cabe ao governo do Estado editar decreto regulamentando a lei com a referida emenda aprovada no passado pela sua atual base de sustentação.” A coluna ainda busca pistas do bilhão.

 FAST FOOD DO DONO DE TUDO

O dono da primeira loja de rua do Burger King em Porto Alegre, que está em fase final de acabamentos na Avenida Ipiranga, conforme informações de mercado, é o próprio Jorge Paulo Lemann, uber-empresário dono da Inbev, da Kraft Foods, da Heinz e da Lojas Americanas. Estaria encolhendo o sistema de franquias pelo qual a maioria dos restaurantes de fast food se expande, e a unidade seria da corporação, adquirida em 2010 pela 3G, empresa de Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

Lemann esteve ontem à tarde com a presidente Dilma Rousseff em Brasília. Não houve fotos oficiais do encontro, descrito pela assessoria do Planalto como “reunião de trabalho”. Lemann e Dilma haviam se reunido em 2013, por uma parceria entre a Fundação Lemann e o Ministério da Educação para distribuição das aulas em vídeo de Salman Khan. Nascido em Bangladesh e ex-analista de fundos de hegde (operações para reduzir riscos financeiros), Khan começou a produzir vídeos, com ênfase em matemática e ciências, em um pequeno escritório em sua casa, com alta audiência no YouTube. Na época, o clima era mais distendido: não havia ocorrido a saia-justa provocada pela criação do domínio vemprarua.org.br, que chamava para atos pró-impeachment via Fundação Estudar, do trio Lemann-Sicupira-Telles. Consta que o mal-estar teve ecos ontem. 

PARA TENTAR resgatar o centro de convenções da Capital, foi aberto um novo canal entre empresários e prefeitura. R$ 60 milhões do governo federal estavam garantidos para a obra, mas a burocracia municipal atrasou o projeto. Até 30 de agosto, ainda é possível evitar que Levy fique com o dinheiro.

O RECURSO CONTRA O PISO SALARIAL REGIONAL NO RIO GRANDE DO SUL SERÁ DISCUTIDO HOJE, EM BRASÍLIA, PELO PRESIDENTE DA FECOMÉRCIO-RS, LUIZ CARLOS BOHN, E O MINISTRO RELATOR DO RECURSO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), DIAS TOFFOLI.