12 de junho de 2015 | N° 18191
OLHAR | DIEGO FABRIS*
TOSCANA BRASILEIRA
OK, ADMITO QUE O TÍTULO ACIMA foi só para chamar a atenção
de vocês. Afinal, Bento Gonçalves, Garibaldi e seus arredores não são a
Toscana. Não são melhores nem piores do que ela, são diferentes e
interessantes. Essa região da Serra Gaúcha é charmosa e nos apresenta qualidade
enogastronômica ímpar que ainda é pouco explorada perto do seu potencial.
Do outro lado da estrada, os Caminhos de Pedra oferecem um
olhar rústico e autêntico. Garibaldi e a cidade de Bento Gonçalves impulsionam
a região com sua estrutura acessível.
Tempos atrás, tudo o que se encontrava nessas terras era a
típica comida italiana com galetos e massas e a busca de várias vinícolas por
produzir um vinho de características europeias. Aos poucos, a região percebeu
que precisava entender e valorizar o terroir, aquilo que de fato ela oferece
com qualidade.
O melhor exemplo de valorização da nossa identidade é o
destaque para os espumantes. E já que os clichês deste texto estão liberados,
permitam-me chamar Pinto Bandeira de Champagne Brasileira. Os espumantes
produzidos por lá ganharam destaque internacional e hoje fazem frente às
borbulhas do velho mundo. Cave Geisse, Don Giovanni, Aurora e Valmarino
surpreendem do começo ao fim de suas garrafas.
Já no Vale dos Vinhedos é possível perceber uma modernidade
saudável no Wine Garden da Miolo, na gastronomia inspiradora do Valle Rústico,
no frescor dos vinhos da Almaúnica e na descontração do Pizza Entre Vinhos. E
se você preza por pequenos produtores, também vai gostar dos vinhos da Angheben
e da Vallontano, dos queijos únicos da Queijaria Valbrenta e dos biscoitos da
Itallinni. Se nada do que falei for suficiente, vou apelar para a tradição e
destacar a excelência do galeto do Di Paolo, os belos espumantes da Casa
Valduga e a veia italiana do Primo Camilo.
É claro que deixei muita coisa boa de fora. Mas termino aqui
com uma pergunta que ecoa na minha cabeça quando visito a região: por que o
gaúcho valoriza e visita tão pouco essas terras? Brasileiros de tantos outros
Estados exploram mais do que as pessoas daqui o fazem. Santo de casa não faz
milagre? Talvez seja a explicação. Mas recomendo que antes de conhecer a
verdadeira Toscana, aproveitem o que temos de bom a poucos quilômetros de casa.
*Diretor de conteúdo Destemperados