11 de junho de 2015 | N° 18190
EDITORIAL
SEM NEXO COM A REALIDADE
É inaceitável a proposta da chapa majoritária do PT para que
retorne a famigerada CPMF, o imposto sobre movimentação financeira que já
atormentou a vida dos brasileiros sob o pretexto de financiar a saúde pública.
A ideia vem sendo propagada dentro do próprio governo e ganhou o aval de
lideranças petistas empenhadas em manter posições hegemônicas no congresso
nacional do partido.
É uma proposta sem nexo com a realidade, quando a
transferência de renda para os governos passou do razoável e mesmo assim deve ser
ampliada, com as taxações resultantes, por exemplo, das novas concessões de
serviços para a iniciativa privada, especialmente nas rodovias.
É também um deboche com a sociedade, num momento em que a
elite administrativa não para de criar penduricalhos para elevar seus
vencimentos, em contraste com a crise financeira e o aumento do desemprego.
Sugerir a volta da CPMF é conspirar contra a racionalidade
buscada pelo Executivo no ajuste fiscal. O imposto caiu em 2007 por não cumprir
com o que prometia, e a saúde ficou pior do que estava. Os mesmos que tentam
ressuscitá-lo contribuíram para que fosse desmoralizado. O que a saúde precisa
é de qualificação de gestão, para que elimine desperdícios, ineficiência e
corrupção.
Em meio ao esforço para acertar suas contas, está na hora de
o poder público abandonar improvisações e adotar modelos como o do Orçamento
Base Zero (OBZ), pelo qual a previsão orçamentária para o ano seguinte não se
baseia preguiçosamente no gasto do ano anterior, acrescentado da inflação ou de
algum outro tipo de reajuste, mas sim na previsão do que realmente o órgão
público ou a instituição precisam para operar com eficiência.