quarta-feira, 31 de outubro de 2012


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Compreendo perfeitamente pessoas mal humoradas...







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O tempo tenta sequestrar..



Que os sensíveis sejam também protegidos.
Que sejam protegidos todos os que veem muito além das aparências.
Todos os que ouvem bem pra lá de qualquer palavra.
Todos os que bordam maciez no tecido áspero do cotidiano."

ANA JÁCOMO

By Keyla


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Q
uem quiser ter minha amizade...


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E lá vou eu....





Pensa!
O pensamento tem poder.
Mas não adianta só pensar.
Você também tem que dizer!
Diz!
Porque as palavras têm poder.
Mas não adianta só dizer.
Você também tem que fazer!
Faz!
Porque você só vai saber se o final
vai ser feliz depois que tudo acontecer.

~ Gabriel o Pensador


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Se eu demorar, me espera. Se eu te enrolar, me empurra.
Se eu te entregar, aceita. Se eu sussurrar, escuta.
Se eu balançar, segura. Se eu gaguejar, me entende.
Se eu duvidar, me jura. Se eu for só tua, me tenha.
Se eu me mostrar, me veja. Se eu te amar, me sente.
Se eu te tocar, se assanha. Se eu te olhar, sorria.
Se eu te perder, me ganha. Se eu te pedi, me dá.
Se eu chorar, me anima, mas se eu sorrir.. é por você.
By Keyla
Beijinhos a todos,no ♥



SÃO TANTAS EMOÇÕES!

AGRADEÇO À DEUS FILHOS MESTRES PELAS BELEZAS VIVIDAS,
EM ESPECIAL VOCÊ DE UM SONHO QUIETINHO COMEÇAMOS
UMA AMIZADE DESCONTRAÍDA SIMPLES COMO TUDO NA VIDA
A TENDÊNCIA É DIMINUIR OU CRESCER. . . A NOSSA CRESCEU.

TANTO QUE VIROU UM CASO DE AMOR QUANDO SAIO VOLTO
CORRENDO PARA VER QUEM ESTÁ ME ESPERANDO.
GENTE É UMA LOUCURA LOUCA DE BOA!!!
TER VOCÊ AQUI COMIGO É COISA DA PLIM PLIM. . .
NUNCA MAIS VI NOVELA TENHO AQUI NA VIDA REAL.

ME DIVIRTO SINTO SAUDADES ME PREOCUPO PASSO RECADOS
RESOLVO DIFERENÇAS QUANDO ME INCOMODO BRIGO. . . rs.
ME RETIRO ESCLAREÇO DUVIDAS ME APAIXONO SOFRO LUTO E. . .
DOU MUITAS RISADAS SOU A SOL DAQUI DE LÁ E ACOLÁ. . .
SOU SUPER FELIZ EM LÁGRIMAS SAUDADES E PRAZER.
E EXPLODE CORAÇÃO. . . 

AMO VOCÊ AMIZADE DO CORAÇÃO.

__SOL HOLME__


Você faz a diferença...

Não precisa ser primavera...


Nem tudo...



31 de outubro de 2012 | N° 17239
MARTHA MEDEIROS

Poesia e cerveja

Inspirada pelos ares que sopram da Praça da Alfândega, lembrei de um e-mail que recebi. Um rapaz contou que estava num churrasco com amigos quando acabou a cerveja. Foi escalado para ir ao supermercado buscar mais. Meia hora depois, retornou sem nenhuma latinha, mas com um livro de poemas meu. “Fui quase linchado.” Pô, trocar cerveja por poesia, até eu lhe daria uns beliscões.

Mas não posso negar que fiquei toda boba por meus versos terem seduzido um garoto de 20 anos em plena sexta à noite num corredor do Zaffari. Na verdade, não sei se ele tinha 20 anos, se era uma sexta e se foi no Zaffari, mas não resisti em formatar aqui um cenário mais completo. A cena é boa demais para ficar sem detalhes.

Aproveitando a Feira, uma dica: abrace os poetas. A começar pelo nosso patrono, Luiz Coronel, e mais Ferreira Gullar, Alice Ruiz, Antonio Cícero, Fabrício Carpinejar, Adélia Prado, Armindo Trevisan, Celso Gutfreind, Elisa Lucinda, Affonso Romano de Sant’Ana, Thiago de Mello, Viviane Mosé, todos em atividade. Não, Stella Artois não é uma poeta. Querendo prestigiar um talento novo, anote: Gatos Bravos Morrem pelo Chute, do gaúcho Tiago Ferrari.

Afora a poesia, selecionei 11 títulos entre os muitos que li este ano, entre romances, crônicas e ensaios:

Por Favor, Cuide da Mamãe, de Kyung-Sook Chin. Os segredos e sentimentos de uma família sul-coreana, numa história universal e belamente escrita.

O Caderno de Maya, de Isabel Allende. A autora escreveu uma história contemporânea e impressionante, inspirada na barra-pesada vivida por seus enteados.

Sunset Park, de Paul Auster. Após um acidente familiar ocorrido na adolescência, um garoto procura colar seus cacos junto a outros desgarrados que moram em uma casa abandonada. Excelente.

A Borra do Café, de Mario Benedetti. Relançamento de uma de suas obras mais tocantes. O autor uruguaio mescla memória e invenção ao narrar sua infância em Montevidéu.

Resposta Certa, de David Nicholls. Diálogos ótimos, do mesmo autor de Um Dia. O título poderia ser Diversão Certa.

Tempo é Dinheiro, de Lionel Shriver. Suicídio, câncer terminal, mortalidade, humor negro. Só mesmo a autora de Precisamos Falar sobre Kevin para transitar sobre esses assuntos sem nenhuma condescendência e arrebatar o leitor.

A Vida Gritando nos Cantos, de Caio Fernando Abreu. Crônicas publicadas no jornal O Estado de S. Paulo entre 1986 e 1996. O mesmo texto charmoso e provocativo que deixa saudade até hoje.

A Queda, de Diogo Mainardi. Impossível ficar indiferente. A secura convivendo com a docilidade de uma forma única e emocionante.

Como Ficar Sozinho, de Jonathan Franzen. Do mesmo autor do aclamado Liberdade. Ensaios sobre a solidão, a nicotina, a literatura, a invasão de privacidade e outros temas que ganham uma nova perspectiva sob o olhar astuto desse mestre da prosa.

Alta Ajuda, de Francisco Bosco. Ensaios de um jovem filósofo que tem o talento no DNA. Filho do músico João Bosco, é articulista do jornal O Globo, no qual escreve sobre cinema, futebol, amizade, sexo, política.

Pequenos Contos para Começar o Dia, de Leonardo Sakamoto. Breve e belo, até parece livro de poesia – olha ela, de novo. Uma palhinha: “Os professores de matemática dizem que a menor distância entre dois pontos é uma reta. Menos pro meu avô: ‘Besteira! A menor distância é aquela em que a gente se diverte mais’”.



31 de outubro de 2012 | N° 17239
INTERNET

EM RITMO mais lento

ESTUDO REDUZ ESTIMATIVA DE AUMENTO DO NÚMERO DE USUÁRIOSDE REDES SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA

A empresa de consultoria eMarketer revisou para baixo o número de usuários de redes sociais na América Latina em razão do menor acesso dos internautas brasileiros. A empresa estima que 175 milhões de internautas da região farão uso de redes sociais este ano, ante uma expectativa anterior de 191 milhões.

A previsão do número de usuários das redes sociais no Brasil foi reduzida pela companhia em cerca de 12 milhões de pessoas. Estima-se que 63 milhões de internautas usarão as redes sociais no país em 2012. A eMarketer também prevê crescimento da base de usuários do Brasil mais lenta do que anteriormente, passando de um ganho de 14,4% neste ano para 13,5%.

De acordo com o estudo, uma proporção de mais de dois em cada três usuários de internet na América Latina terá acessado as redes sociais neste ano. No caso específico do Facebook, a companhia também afirma que o crescimento tem sido menor do que o esperado na região, também por conta da influência do Brasil.

A eMarketer projeta uma base de 41,5 milhões de usuários da rede de Zuckerberg no país em 2012, ante 45,4 milhões na estimativa anterior. Os motivos da expansão menor do Facebook no país, porém, não foram apontadas pela consultoria.

A pesquisa afirma, porém, que o Facebook continuará a ser uma rede social forte nos próximos anos e que, em 2014, uma pessoa em cada três na América Latina estará conectada à rede social.


31 de outubro de 2012 | N° 17239
JOSÉ PEDRO GOULART

Orgasmo no vácuo

Sasha Grey é linda, culta, dada a ter ideias; e escolheu o caminho asséptico das sombras. Você leu o que eu escrevi? Vou repetir: caminho asséptico das sombras. Sombra porque fazer sexo de todas as formas explícitas diante das câmeras pode muito bem ser tratado como algo obscuro, e asséptico, porque a indústria americana de filmes pornográficos é cheia de regras sobre conduta e saúde dos participantes.

Pois bem, recentemente o imponente The Guardian fez uma matéria com Sasha: ela conta que se aposentou do sexo atuado e passou para a música cantada. Porém, encontrou uma cena bem parecida com a da pornografia, algo como terra de ninguém, um verdadeiro oeste selvagem, cujos bandidos são os orçamentos micados e, principalmente, a pirataria. De modo que a linda Sasha não sabe se dança ou segura a criança.

Pornografia e música, protagonistas da internet, duas poderosas indústrias se esvaindo à mercê do descontrole total e absoluto. Na web, tudo jaz, cinema, literatura, jornalismo. Por mais que a indústria do entretenimento esperneie, tente criar barreiras, o fato é que cada vez mais parece entregue, nocauteada, um bicho sangrando em cima de um formigueiro.

Bom, mas isso nós, as formigas, já sabíamos, não precisávamos da Sasha para nos contar. O que a gente quer aqui é fazer um exercício da futurologia. Aonde isso vai dar? No caso dos filmes XXX, o pessoal está tendo que largar o bastão (desculpe). Há tanta pornografia disponível na internet que a gente ia precisar de umas 50 adolescências só para cruzar a fase anal.

Então, chegamos no grande busilis, ei-lo: ao que parece, excetuando eventuais documentos ainda não revelados pelo Wikileaks, tudo, absolutamente tudo, está catalogado, escaneado e disponível. Há não muitos anos (ok, algumas centenas), um sujeito podia olhar para o mar do outro lado do mundo e “imaginar” o que será que havia do lado de cá – se a Terra acabava numa valeta, essas coisas.

Ou algo mais prosaico: se ia chover, se ia ter trânsito na ida para praia, ou se aquilo que gente via numa revista sueca era realmente possível. É um problema um mundo conhecido, sem mistérios, a vida civilizada necessita de ilusão. Imaginar descobertas é ter esperança num sentido.

E ainda por cima, sabemos o tempo inteiro o que cada um está fazendo, onde está, com quem; ou pior, pensando. Há um quê de pornografia nisso, sendo a pornografia um jorro no vazio, orgasmo no vácuo. Ao que parece, essas partículas bilionésimas de seres, todos os dias procurando e emitindo dados e contra-dados, funcionam como um grande reator a produzir energia para... nada.


31 de outubro de 2012 | N° 17239
PAULO SANT’ANA

A morte de um jornal

Circula hoje pela última vez, creio que por falência múltipla dos órgãos, um dos melhores jornais brasileiros de todos os tempos: o Jornal da Tarde, com sede em São Paulo.

A maior manchete que li entre todas as famosas manchetes do Jornal da Tarde deu-se quando tomava posse no Chile o presidente comunista Salvador Allende.

Travou-se um dilema entre o presidente eleito e o protocolo para a cerimônia de posse: ele se recusava a usar casaca para o ato e também, como comunista convicto, não queria que se rezasse missa, o que sempre foi ritual de todas as posses presidenciais.

Houve uma negociação entre Allende e o protocolo e chegaram a um meio-termo: ele não usaria casaca mas seria rezada a missa.

O Jornal da Tarde, na véspera da posse, estampou a seguinte manchete: “Amanhã, depois da missa, o comunismo no Chile”.

Outro título célebre do Jornal da Tarde aconteceu quando em uma partida noturna disputada pelo Santos no interior paulista, pelo campeonato estadual, o time de Pelé venceu por 8 a 0, os oitos gols de autoria de Pelé.

O Jornal da Tarde lascou o seguinte e genial título: “Noite negra de Pelé”.

O Jornal da Tarde foi uma universidade do jornalismo, seus textos eram apurados, foram levados para trabalhar lá grandes repórteres e, acima de tudo, algumas das pessoas que melhor escreviam no país.

Meu amigo Marcos Faerman foi um dos melhores jornalistas que trabalharam no Jornal da Tarde e obteve reportagens espetaculares.

O Jornal da Tarde foi criado durante a ditadura militar e eu me lembro que não deixava de lê-lo por um só dia.

Um jornal, quando é extinto, significa a tristeza do pensamento, a desolação das ideias. Desejo que este jornal em que escrevo, a Zero Hora, que tem 48 anos de existência e na qual trabalho há 41 anos sem tirar férias, nunca seja extinto.

O que eu mais desejaria é que daqui a 52 anos, quando Zero Hora completar o seu centenário, em algum canto da edição comemorativa fossem lembrados para os pósteros alguns pensamentos que esculpi nas mais de 17 mil colunas que já escrevi neste jornal.

E que fossem lembrados todos que passaram por Zero Hora e construíram este periódico glorioso em que a História do Brasil se confundiu num êxtase de informação e opinião que tornaram nosso jornal forte como um rochedo.

É muito triste que tenha morrido o Jornal da Tarde.

Jornais não deveriam morrer assim como as espécies. Eles tinham de ser tombados para a eternidade.

terça-feira, 30 de outubro de 2012




Saiba compreender cada sentir que invade a tua sensibilidade;
assim será fácil separar o que vem suave, livre e feliz
nas asas de um amor sincero ou o que se veste em
sedução e encantos ardilosos para machucar.

(Cida Luz)



O segredo de uma pessoa honesta,
É a fidelidade das suas atitudes para com as pessoas.
É saber manter com altivez o seu apreço pela dignidade
Sem margear dúvidas quanto ao seu caráter.

(Cida Luz)



Se vem saudade, vem também o
pensamento beijando o amor,
estremecendo tudo dentro do coração.
E o peito sente...
(E consente feliz)...
Pulsa saudade linda, pulsa que Vivo...

(Cida Luz)




Tenho os olhos atentos
a beleza de um semblante
de paz...
Tenho um coração aberto
A gestos ternos e importantes...
Tenho a leveza de quem ainda
acredita no toque de mãos,
no calor que emana de um
corpo...Na vibração da alma..."

(Cida Luz)


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Olha-me tão somente...



E tu vieste...Na imensidão de toda
espera...Na delicadeza de amar e
nada ser mais belo que a doçura
de acolher-te em tudo que sou,
que fui...Que serei.
(Cida Luz)

Linda terça-feira pra você..


30 de outubro de 2012 | N° 17238
FABRÍCIO CARPINEJAR

Quanto mais .............. pior

Meu amigo Daniel superou 40 dias de luto da separação, aguentou no osso o divórcio, chorou horrores e debulhou suas lágrimas em copos de bourbon, parou de atender ao telefone e se trancou no quarto.

No 41º dia, ele ressuscitou. E voltou a sair e se divertir. Já estava esquecendo o quanto amava sua ex. Já estava esquecendo que foi amado pela ex.

Um homem somente apaga um amor no momento em que encontra outro. Daniel se enamorou por uma bancária. Badalou vários finais de semana com Heloísa, ria com a franqueza de um adolescente.

Apaixonado? Sim, mas seria o último a saber. Todo apaixonado é o último a saber que está apaixonado. O mundo inteiro sabe, menos o próprio apaixonado. Não adiantava contar a Daniel que ele estava apaixonado, ele jamais me escutaria. O apaixonado é surdo também.

Para comemorar a nova fase de sua vida, Daniel convidou Heloísa para almoço em restaurante francês nos fundos de um casarão.

Ele pediu cordeiro com purê de beterraba; ela, filé mignon com acompanhamentos silvestres.

Ele pediu um vinho chileno; ela avisou que não poderia beber (pois ainda iria trabalhar), e se contentou com uma Coca-Cola.

– Coca-Cola light?

– Não, senhora, só temos Zero – avisou o garçom.

– Ok, não vou me desesperar por um detalhe – replicou.

O casal soltou os braços sobre a toalha para diminuir a distância das cadeiras, ambos se olhavam firme e forte numa hipnose infindável, hipnose à moda antiga, de relógio de bolso balançando.

A mesa estava sobrando entre os dois. Ele se debruçava no prato para arrancar um beijo, ela se levantava para acariciar sua testa. Nada poderia estragar aquele bem-estar. Quase nada.

Mas quando a Coca pousou na mesa, Heloísa gelou, derrubou o arranjo de flores e fugiu para o banheiro soluçando a seco.

Ele olhou a Coca com calma: Será que tinha uma barata?

Não achou coisa alguma, até que leu um nome. A marca decidiu homenagear seus consumidores nas latinhas.

Era o nome de sua abominável ex: Carolina.

“Quanto mais CAROLINA melhor”

Heloísa não aguentou a provocação, ardia de ciúme do passado dele.

Quando um refrigerante faz uma campanha dessas, não cogita de que existem desafetos no mundo, ódio familiar, revolta interior, tristeza reprimida, viuvez, gente que levou o fora ou foi corneado ou enganado. Imagina apenas que todos se gostam e que todos vão adorar ver seu nome ou de sua namorada na embalagem.

Daniel amaldiçoou o azar, criou teorias da conspiração, não duvidou da perseguição da megera, cogitou a hipótese de ela subornar o garçom para trazer aquele refrigerante.

– Como, entre milhares de opções, surge em minha mesa logo o nome daquela vagabunda?

Não poderia responder. Heloísa recusou carona e seguiu sozinha para o emprego. Não havia mais felicidade para ser dividida.

Do copo dela, só ficou o limão.


30 de outubro de 2012 | N° 17238
CLÁUDIO MORENO

O sol e a sombra

Dentre as inúmeras histórias, verdadeiras ou inventadas, que a Antiguidade nos legou, talvez nenhuma seja tão conhecida quanto a visita que Alexandre Magno fez a Diógenes, o filósofo maltrapilho, no ano de 336 antes de Cristo.

Nunca teremos um relato definitivo deste encontro notável, já que nem um, nem outro deixaram qualquer registro das palavras que trocaram naquele dia. Foi a partir do depoimento de algumas testemunhas que escritores, pintores e historiadores construíram, ao longo dos séculos, uma verdadeira teia de versões, que diferem no detalhe mas concordam no principal.

A divergência entre os vários relatos não conseguiu diminuir a importância da cena, pois ali se encontraram, frente a frente, um grande filósofo e um grande guerreiro. Nada podia ser mais simbólico: de um lado, um dos maiores sábios de toda a Grécia, que passou a vida demonstrando sua aversão por qualquer espécie de poder; do outro, o jovem macedônio, que seria conhecido e respeitado por todo o Mundo Antigo como o maior chefe militar de todos os tempos.

É Plutarco quem conta: tendo conquistado a Grécia, Alexandre, que já conhecia o renome de Diógenes, foi a Corinto para vê-lo. Os políticos locais receberam-no com honras de chefe de Estado, assim como os filósofos – menos Diógenes, que parecia não dar a mínima para sua presença na cidade.

Alexandre, magnânimo, não se importou em inverter o protocolo, indo ele mesmo, com uma pequena comitiva, procurar o filósofo, que tomava sol no meio da rua, num subúrbio da cidade. Ao ver o grupo que se aproximava, Diógenes soergueu-se sobre os cotovelos e fitou serenamente o rei, que o saudou polidamente e perguntou se poderia fazer alguma coisa por ele.

“Sim”, respondeu Diógenes, “sai da minha frente, que estás fazendo sombra para mim”. Alexandre ficou tão impressionado com aquele despojamento e aquela corajosa altivez que, no caminho de volta, teria confessado aos companheiros, que riam da excentricidade do filósofo: “Pois eu, se não fosse Alexandre, juro que gostaria de ser Diógenes”.

Lições como esta sempre deixaram bem claro que, para os antigos, a sabedoria na vida não significa necessariamente profundos conhecimentos teóricos, mas antes um inconfundível espírito soberano, capaz de resistir serenamente às sereias do poder e da ambição, que sempre atraem os incautos para os recifes da incerteza.

Alexandre, que, antes de ser soldado, tinha sido discípulo dileto de Aristóteles, deve ter compreendido perfeitamente o que Diógenes, à sua maneira, acabara de lembrar: o conhecimento é um sol que nos aquece; o poder, este, sempre será uma sombra.


30 de outubro de 2012 | N° 17238
PAULO SANT’ANA

Eu sou um imbecil

Resolvi parar um pouco para pensar.

Será que não estou com a razão?

Acontece que recebi cerca de 40 mensagens de leitores que afirmam categoricamente que aprovam que os presidiários gaúchos morram de doenças ou enforcados por seus colegas.

Não são poucas nem eventuais as mensagens, elas se posicionam de modo enérgico a favor do morticínio nos presídios.

Muitas dessas mensagens dizem taxativamente que “são poucos os presos que morrem nos presídios do RS” (120 por ano, segundo ZH).

Declaram que tinha de morrer muito mais pelos crimes que cometem contra a população.

Não há nenhum equívoco, elas querem que os presos sejam maltratados, que morram por doenças e sejam enforcados (a maioria dos que morrem assassinados pelos outros presos dentro da prisão é pela via do enforcamento).

Eu preciso realizar uma profunda reflexão. Certamente, essas pessoas que me escrevem desse jeito são gente de bem, trabalhadora, têm família etc.

Então eu penso: será que não sou eu que estou errado? Será que os governantes e as autoridades penitenciárias estão com razão ao permitir esse holocausto?

Sinceramente, estou duvidando dos meus princípios e de que eles não são de humanidade.

Eu devo estar errado. Essa gente toda que me escreve é que está certa, preso tem de ser escorraçado e tem de morrer.

É muita gente escrevendo com este ponto de vista. A maioria, já que escrevi que não durmo direito com essas milhares de mortes em 10 anos, respondeu-me dizendo que eu não tenho de dormir direito por causa das pessoas assaltadas e assassinadas pelos presos.

Nem sei quem são os presos que morrem nas prisões, não sei que crime cometeram, podem ter sido delitos leves.

Mas os que escrevem aprovando o genocídio não querem nem saber que crimes cometeram os presos mortos ou assassinados. Eles não só querem que eles continuem a morrer por doenças e assassinatos como também acham que são poucos, que muitos mais deveriam morrer por essas razões.

Dou-me finalmente por vencido. Eu é que estou errado e os que me escrevem estão certos.

Porque chega uma hora em que a gente, que pensa de um jeito, tem de refletir que está errado e certos são os que querem os presos torturados, doentes de morte e assassinados.

Esta gente é respeitável e sou obrigado a acatar a sua opinião.

Não adianta mandar contra a maré. Se isso é o que pensa a sociedade, é assim que tem de ser feito. Deve-se respeitar a maioria. E a maioria prega a desgraça dos presos. Eu já tinha de ter desconfiado disso quando só encontrei indiferença entre os gaúchos, durante 41 anos, quando eu defendi bons tratos para os presos, o que não queria dizer absolutamente que não tinham de pagar por seus delitos.

Ou eu fui educado erradamente, ou, então, eu estou pensando errado, o meu raciocínio não está batendo certo. Afinal, chega um dia em que a gente tem de fazer um exame de consciência e ter a humildade de considerar que se está errado.

Está bem, vocês venceram, os presos têm de passar fome, têm de morar em esgotos, têm de ser maltratados, têm de não ser atendidos em suas doenças e têm de ser assassinados.

E eu me declaro solenemente um imbecil.


30 de outubro de 2012 | N° 17238
DAVID COIMBRA

Um urubu na sacada

Um amigo meu tomava café da manhã, dia desses, quando viu um urubu olhando para ele. Um urubu, por Deus. Estava empoleirado na sacada do apartamento, com olhar atento, como atento é o olhar das aves, porém sereno, quase imóvel. Você já viu um urubu de perto? É um bicho de aparência ameaçadora – grande e muito feio. Não tem a fama que tem à toa. Só a torcida do Flamengo gosta de urubu.

Então, lá estava aquele urubu observando o meu amigo. O apartamento dele fica ali na Bela Vista. É novíssimo, meu amigo comprou não faz muito tempo. Ele é um homem bem postado na vida, é um ser urbano, não está acostumado com animais que não sejam convictamente domésticos, sobretudo se forem aves de rapina de bom porte. O que fazer com aquele urubu?

Se tentasse enxotá-lo, como ele reagiria? Um urubu, em situação de estresse, torna-se agressivo? Como enfrentar um urubu em fúria? O urubu o debicaria e lhe meteria as garras? Meu amigo não tinha arma em casa... Por via das dúvidas, optou pela segurança máxima. Escorregou até a porta da sacada e a fechou cuidadosamente, torcendo para que o urubu se transferisse para outra sacada ou galho de árvore, o que aconteceu mais tarde.

Mas nos dias seguintes o urubu, ou algum amigo ou parente dele muito parecido, voltou. Meu amigou tomou-se de aflição. Ele não sabia que a cidade era frequentada por urubus. Saiu pelo prédio a investigar o que estava ocorrendo. Por que um apreciador de carniça rondava seu prédio? Haveria alguma vaca morta nas vizinhanças?

Acabou descobrindo. Ocorre que aquele é um prédio realmente novo. Muitos dos proprietários demoraram meses a se mudar. Foi num desses apartamentos vazios que uma jovem família de urubus fez seu ninho. Quando o dono humano do apartamento chegou, deparou com aquele ninho de urubus instalado na sacada. Desagradável.

Muito consciencioso, o ser humano decidiu que não iria simplesmente retirar o ninho e atirá-lo no lixo, como faria um homem que não respeitasse a Natureza e os animais e a vida, toda aquela coisa. Chamou a Secretaria do Meio Ambiente para que fosse adotado o procedimento correto. Decerto as autoridades saberiam o que fazer com um ninho de urubu construído em uma sacada de apartamento.

Resultado: a secretaria o notificou. Por algum motivo, os urubus são animais protegidos pela lei ambiental. Remover seus ninhos é crime. O dono humano do apartamento terá de conviver com os urubus até que os filhotinhos cresçam, se desenvolvam, ganhem independência e se mudem de lá por vontade própria, processo que a secretaria calcula que se dará em três ou quatro meses. Seria menos grave dar um tiro no fiscal da secretaria do que remover a família de urubus da sua casa.

É justo isso com o dono do apartamento? É correta tamanha atenção com urubus? Eles, os urubus, merecem toda essa consideração? Precisam ser preservados, afinal? E o investimento do ser humano no apartamento e a sua tranquilidade e o seu dia a dia e, afinal, a sua paz, isso tudo também não deve ser preservado?

Como são delicadas essas questões legais...

No caso do gol com a mão de Barcos que a arbitragem anulou com auxílio da TV, o que vale mais: o Direito ou a Justiça? O que é legal? Ou o que é certo?

A anulação do gol foi incorreta do ponto de vista técnico, mas pelo menos serviu para corrigir uma injustiça. Talvez seja ruim para a lei do futebol, mas foi bom para o futebol.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012




Deliciosa segunda-feira pra você...Linda semana...




O minuto que você
está vivendo agora
É o minuto mais importante de sua vida!
Onde quer que você esteja
Agradeça a Deus pelo seu dia!!!




Um amigo de verdade nunca deixa de estar presente,
pois quando não pode falar de Deus contigo,
fala de você a Deus...



Eu de ti só desejo guardar uma lembrança:
as vezes que você ao meu lado
me fez sentir que Deus estava entre nós.

Beijao



29 de outubro de 2012 | N° 17237
ENTREVISTA

Uma escola para inglês admirar

Com base no Design Thinking, moderno conceito aplicado em empresas, escola municipal gaúcha que adota práticas inovadoras recebe hoje visita de um dos grandes defensores do método, o professor britânico Andy Hargreaves, que está na Capital para disseminar conhecimentos sobre uma das grandes tendências da educação

Na escola Gilberto Jorge da Silva, na Capital, os alunos são protagonistas da própria educação, nem sempre há provas, mas métodos personalizados de avaliação. Essa descrição, segundo o inglês Andy Hargreaves – um dos mais importantes estudiosos da área –, é o exemplo do que seria uma escola inovadora.

A adoção de princípios de autonomia, a realização de assembleias escolares e a adoção de práticas inclusivas são outras estratégias da escola inovadora apontadas pelo especialista no livro The Global Forth Way (ainda sem previsão de lançamento no Brasil), escrito em parceria com Dennis Shirley – outro renomado professor de Educação, também da Lynch School of Education, da Boston College, assim como Hargreaves – em 2009. Baseadas no método do design thinking, as pesquisas atuais de Andy estão ligadas a estratégias bem sucedidas de mudança educacional em escolas de alta performance.

Convidado para dirigir organizações internacionais como o Banco Mundial, a Unesco e a União Europeia, Hargreaves já palestrou sobre desenvolvimento pessoal em 37 estados americanos, em 42 países e em todos os estados australianos e províncias canadenses.

Um dos grandes desafios do ensino brasileiro, segundo ele, é manter os alunos na escola e qualificar os professores. Envolver a comunidade e os próprios alunos no processo educacional não seria uma estratégia, mas uma necessidade. O outro objetivo seria qualificar e melhorar a remuneração dos professores.

– Todos os lugares têm desafios de desenvolvimento. Educação é apostar na próxima geração. O primeiro passo é ver a educação não como custo, mas como um investimento.

lara.ely@zerohora.com.br



29 de outubro de 2012 | N° 17237
KLEDIR RAMIL

Volta Schmidt!

Querido Schmidt, eu confesso: não sei viver sem você. Estes dias de estrada, cumprindo a agenda de shows sem a tua companhia, têm sido desastrosos. Sim, eu sei que você pegou gripe A, passou por vários hospitais e precisa descansar. E que não dá pra descansar num assento de avião, num banco de van, num quarto de hotel na fronteira com a Bolívia. Portanto, fica bom logo. Bora pra estrada, agitar um pouco. As viagens sem você são um porre. Isso aqui tá um tédio.

Outro dia passamos perto de Farroupilha, e eu levei todo o pessoal – músicos e equipe técnica – para fazermos uma prece no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio. Cheguei até fazer uma promessa: se você ficasse bom logo, todos nós iríamos parar de fumar. Todos toparam, menos o Gazzaneo. Casualmente, o único que fuma do grupo.

Não quero fazer intriga, mas não custava nada ele fazer um esforço. Com um amigo desses, ninguém precisa de inimigo. Desde aquele episódio da parada gay, ele anda meio depressivo, passa os dias fazendo palavras cruzadas. Temos que ter uma conversa com ele.

Na tua ausência, tenho procurado me comportar direito, mas, sinceramente, essa estagiária que veio pra te substituir é péssima. Na primeira viagem, se aborreceu porque não gostei do lugar no avião. Você sabe que só viajo no corredor. Chegando no hotel, tive que trocar de quarto. Claro, tinham me colocado de frente pra uma avenida barulhenta, fora dos padrões de 80 decibéis estabelecido pela NBR. Aí fomos jantar e, acredite se quiser, tive que pagar minha própria conta! Nunca vi uma coisa dessas. Eu sou um artista, não ando com carteira no bolso.

Tudo bem. Na viagem seguinte, a empresária resolveu ir junto. Essa, você sabe como é, está sempre no celular fechando altos negócios e não tem tempo pra cuidar do básico, como o camarim dos artistas. Resultado, a água mineral estava gelada. E você sabe que eu me recuso a cantar se a água não estiver na temperatura correta. Não vou nem comentar os outros detalhes fundamentais para a realização de um espetáculo, como as toalhas brancas, o ar-condicionado desligado e o Gatorade de bergamota. Conclusão, tive que cancelar o espetáculo.

E o pior é que, no dia seguinte, na hora de descer do quarto pra ir pro aeroporto, a estagiária pediu pra eu bater no meu irmão. Aí, bati e deu a maior confusão. Como é que eu ia saber que era pra bater na porta?

Portanto, Schmidt, volta logo! The show must go on!!! Não dá pra viver sem você.