sábado, 31 de março de 2012



Ainda Ontem Chorei de Saudade
Moacyr Franco

Você me pede na carta
que eu desapareça
que eu nunca mais te procure
Pra sempre te esqueça
Posso fazer sua vontade
atender seu pedido
mas esquecer, é bobagem
é tempo perdido

Ainda ontem chorei de saudade
Relendo a carta, sentindo o perfume
Mas que fazer com essa dor que me invade
Mato esse amor ou me mata o ciume

O dia inteiro te odeio, te busco, te caço
Mas em meu sonho de noite, eu te beijo e te abraço
Porque os sonhos são meus, ninguém rouba e nem tira
Melhor sonhar na verdade
Que amar na mentira 



One More Night - tradução - Phil Collins
Mais uma Noite


Eu estive tentando por tanto tempo deixar você saber
Deixar você saber como eu me sinto
Se eu tropecei e cai, apenas me ajude de volta
Para que eu posso te fazer ver
Por favor me dê mais uma noite
Me dê mais uma noite
Mais uma noite, porque não posso esperar para sempre
Por favor me dê mais uma noite 
Apenas me dê essa mais uma noite 
Ooh mais uma noite,Porque eu não posso esperar para sempre


Estou sentado aqui por muito tempo, gastando tempo,
Só encarando o telefone
E eu estive pensando se devo ligar
Então eu pensei que talvez você não estivesse sozinha


Oh, por favor me dê mais uma noite
Apenas me dê essa mais uma noite
Mais uma noite, porque não posso esperar para sempre 
Por favor me dê mais uma noite 
 Apenas me dê essa mais uma noite 
Mais uma noite, porque não posso esperar para sempre
Apenas me dê mais uma noite
Me dê essa mais uma noite
Apenas mais uma noite,


Porque não posso esperar para sempre 
Como uma onda para o mar
Eu sempre estarei com Você
E se você disser uma palavra navegar pra longe
E irei te seguir
Para me dar mais uma noite,
Apenas me dar essa mais uma noite,
Mais uma noite,
Porque não posso esperar pra sempre


Eu sei que nunca mais haverá um tempo
Que você se sentirá a mesma
E eu sei que são apenas palavras
Mas se você mudar a sua mente
Você sabe que estarei aqui
E talvez nós possamos ficar juntos


Oh, me dê mais uma noite
Apenas me dê essa mais uma noite
Apenas mais uma noite
Porque não posso esperar para sempre
Apenas me dê mais uma noite
Oh, me dê essa mais uma noite
Apenas mais uma noite,
Porque não posso esperar para sempre


♥ Roberto Carlos - vivendo por viver...♥


Sem motivo vou vivendo por aí
por viver
meus valores tão confusos reprimidos
por você
troco passos sem sentido pelas ruas
sem saber aonde ir
e viver já nada mais significa
até já me esqueci

Volto para casa onde eu procuro
me esconder de pessoas que acreditam
meus problemas resolver mas eu insisto
em cultivar sua presença
mesmo sem você saber
ainda espero a cada dia sua volta
é só você querer

As lembranças
me chegam sempre em noites tão vazias
e mexem tanto com minha cabeça
e quando o sono vem o dia já nasceu
a distância
me tira pouco a pouco a esperança
de ter você comigo novamente

De reviver aquele nosso grande amor
tantos planos, sonhos feitos em pedaços
por você de tolice tanto amor desperdiçado
por nós dois e na solidão me agarro a qualquer coisa
que ainda resta desse amor
pra sentir sua presença novamente
seja como for
as lembranças...





Escrevo...

Escrevo porque sinto amor...
Escrevo porque tenho necessidade 

de mostrar para o mundo
aquilo que vem do fundo da minha alma,
Escrevo para esparecer

Escrevo porque tenho a alma transparente,
Escrevo para me entender,
Mas não escrevo por escrever...

Adoro brincar com as palavras
elas dão vida ao meu escrever
palavras que vem do fundo da alma,
e que deixam o amor transparecer...

Escrevo sem saber se sou poeta
Escrevo por amor a poesia,
Escrever me enche de alegria...
Escrevo palavras vividas

Escrevo palavras sentidas
Escrevo com amor e emoção,
Escrevo coisas do meu coração...
Escrever me deixa feliz

Escrever me faz sentir renovada
Sei que ainda sou uma aprendiz
Mas a poesia em mim fez morada...
Escrevo... Apenas escrevo!
Juana Poesia


MEU EU EM VERSO & POESIA

É interessante buscar a si mesmo,
e descobrir que dentro do seu próprio eu
existe um poeta...

Poesia é olhar com os olhos da alma,
e deixar-se levar pelo som que vem do coração...
Poesia é emocionar-se, ao som de uma canção.
Todos trazem consigo um pouco de poesia...

Aliás, existe poesia em quase tudo que meus olhos podem ver,
No sorriso das crianças, no olhar de um amigo
nas minhas doces lembranças
que trago sempre comigo...

Ainda que seja uma poesia triste,
Mas ela existe!
Existe e está dentro de cada um de nós,
basta que deixemos ela transparecer do fundo da nossa alma
exalando-a delicadamente...

Poesia é vida,
Poesia é viver....

Juana Poesia




01 de abril de 2012 | N° 17026

MARTHA MEDEIROS

O macacão branco

Quem de nós pode vestir um modelo decotado na frente e nas costas, colado ao corpo, sem antes passar por uma lipoescultura?

    Sejamos honestas, colegas de trabalho: quem de nós pode vestir um macacão branco decotado na frente e nas costas, colado ao corpo, sem antes passar por uma lipoescultura, uma sessão de bronzeamento e ficar duas semanas sem comer? Resposta no final dessa coluna.

    Não teria adjetivos suficientes para comentar o show que Maria Rita fez no Anfiteatro Pôr do sol , semana passada, cantando músicas da sua mãe, Elis Regina. O espetáculo foi perfeito do início ao fim, e São Pedro ainda deu uma canja, oferecendo um entardecer de cinema, com direito a uma lasca de lua, céu estrelado e brisa suave. Se Elis não fosse gaúcha, teria se naturalizado naquele instante, em algum cartório no céu.

    Mas voltemos a Maria Rita. Toda de branco, ela entrou no palco com uma túnica diáfana que ia até os pés: praticamente um anjo de bons modos. Até que, quatro ou cinco músicas depois do início do show, ela retirou a túnica e ficou só de macacão branco decotado, com as costas de fora, colado no corpo. Pensei: é peituda essa mulher.

    Peituda porque, além de peito, Maria Rita tem coxa, tem bunda, tem barriguinha, tem sustância, tem o corpo da brasileira típica, que passa longe das esquálidas das revistas, das ossudas das passarelas. A numeração de Maria Rita não é 36, mas vestiu aquele macacão branco como se fosse.

    Quaquaraquáquá, quem riu? Quaquaraquáquá, foi ela. Cantando Vou Deitar e Rolar e outros tantos hits da sua talentosa progenitora, Maria Rita rebolou, sambou, jogou charme, braço pra cima, braço pro lado, ajeitadinha no cabelo, caras e bocas, dona e senhora do pedaço e com o namorado bonitão (Davi Moraes, na guitarra) ali na retaguarda, babando – se não estava, deveria.

Porque Maria Rita, além de cantar divinamente, mostrava 100% seu lado fêmea, segura e incomparável. Que nem as modelos de revista? Quaquaraquaquá. Muito melhor.

    Fiquei pensando depois: como mulher se preocupa com besteira. Usa roupa preta pra afinar, veste bermudas compressoras pra chapar a barriga, manga pra esconder os braços roliços, e mais isso, e aquilo, quando o maior segredo de beleza consta do seguinte: sinta-se num palco, mesmo que nunca tenha chegado perto de um.

Imagine-se com 60 mil pessoas te aplaudindo, te admirando pelo que você faz, pelo que você é, imagine-se com o público na mão, pois você é competente e tem uma elegância natural (tem, né?).

Conscientize-se de que sua inteligência é superior às suas medidas, que ser magrinha não atrai amor instantâneo, que sua personalidade é um cartão de visitas, que a felicidade é a melhor maquiagem, que ser leve é que emagrece.

    E dá-se a mágica.

    Quem de nós pode vestir um macacão branco decotado na frente e nas costas, colado ao corpo, sem antes passar por uma lipoescultura, uma sessão de bronzeamento e ficar duas semanas sem comer? Qualquer uma de nós, ora.



01 de abril de 2012 | N° 17026
VERISSIMO

Contículos

    Uma porta bateu no fundo da casa, acordando a velha que cochilava na sua cadeira de balanço.

    – Que foi isso? – perguntou a velha.

    – Foi o vento, vovó.

    A velha fechou os olhos outra vez e resmungou:

    – Mal-educado.

O herói

    Grande alvoroço em Tenente Abreu. Dera no jornal: filho da cidade ferido no Afeganistão. Tenenteabreusense atingido por uma bala no pé. Quem era e o que estava fazendo no Afeganistão? Ninguém sabia. Chegou uma equipe da Globo na cidade para entrevistar parentes e amigos, talvez antigas namoradas, do brasileiro ferido.

Não encontrou ninguém que se lembrasse dele. Não seria o filho do barbeiro, aquele que emigrara para os Estados Unidos? Ele talvez tivesse se alistado no exército americano. O próprio barbeiro negou.

Seu filho Jorge trabalhava numa pizzaria em Nova York e nunca chegaria perto do Afeganistão. Foram procurar no registro de nascimentos. Lá estavam o nome dele – Jorge Souza Alvarenga – e do pai, Pedro, e da mãe, Dulce.

Mas ninguém se lembrava nem do pai nem da mãe. Havia um Pedro Alvarenga na cidade mas este nunca se casara e suspeitava-se até que fosse um pouco gay. Começaram a surgir rumores. Jorge e sua família teriam saído de Tenente Abreu quando ele ainda era criança.

Jorge se ferira numa ação heroica e seria condecorado pelos americanos. Jorge era casado com uma americana, possivelmente uma modelo. Alguns já especulavam sobre como seriam a mulher e os filhos do herói, todos loiros.

    O noticiário do Afeganistão não ajudava. Dava poucos detalhes sobre o ocorrido. Só dizia que Jorge perdera o pé, estava bem mas continuava hospitalizado. Nasceu um movimento na cidade: trazer Jorge para Tenente Abreu. Se não como uma volta à casa, como uma passagem triunfal pela sua cidade natal.

Um desfile em carro aberto pela Voluntários da Pátria, com a mulher e os filhos loiros, exibindo a sua medalha, seguido de uma recepção na prefeitura. Houve até quem sugerisse que se mudasse o nome da cidade, de Tenente Abreu para Jorge Alvarenga. Ou, se por uma feliz coincidência o grau militar fosse o mesmo, Tenente Alvarenga.

    Foi quando o Jornal Nacional deu que Jorge fora ferido longe da frente de batalha, numa ação policial contra o trafico de drogas. Ele estava no Afeganistão comprando ópio e sairia do hospital direto para a prisão.

    Grande frustração em Tenente Abreu. Mas nas rodas de conversa em frente ao Café Novo, o mais antigo da cidade, as opiniões se dividiam. Uma facção achava que as homenagens ao Jorge deveriam ser mantidas, mesmo sem a sua presença. Bem ou mal, ele botara o nome da cidade no noticiário internacional. Viera até a TV Globo!

    – E afinal – disse um – alguém sabe quem foi o Tenente Abreu?

    Ninguém sabia.

    Salada de chuchu

    Marília disse a João:

    – Tô indo.

    – Como, “tô indo”?

    – Cansei, João. Entendeu? Cansei.

    – Mas Marília, logo hoje, dia de rabada com nhoque?

    – Para estas coisas não se escolhe dia.

    – Marilhinha...

    – Tem salada de chuchu na geladeira. Tchau.

    Tenente Abreu nunca mais seria a mesma depois da chegada de Jorge à cidade.

MULHER


Menina nasci
cresci ... sou mulher
de muitos amores



Mas sabendo o que quer
A fonte da vida meu corpo mostra ter
Nestas idas e vindas de muito querer

Cabeça de menina corpo de mulher
Pés fincados no chão.


Sabendo o que quer . . . 

QUEM ME DERA

Fazer contigo as coisas mais simples da vida.
Caminhar de mãos dadas pela rua.
Comer pipoca no carrinho,
Olhar as estrelas, olhar a lua.

Caminhar abraçadinhos.
Ir ao cinema ver um filme de ação,
embora eu prefira um filme de amor
Mas, estar contigo e sentir seu calor.
Ah! quem me dera entrar em seu coração!

Quem me dera...
Sentar no banco da praça
Fazer-lhe um cafuné nos cabelos

Ir a um baile,
ainda que eu não saiba dançar
Ouvir contigo uma linda canção
E a seu lado poder estar.
E contigo namorar!

Quem me dera
Descrever tudo que sinto
Fazer você entender
O meu grande amor
por você!

Ah!..quem me dera
Você ler essa poesia
Saber que há alguém
Que há muito tempo lhe espera!

Sirlei Passolongo




GOSTARIA QUE VOCÊ ESTIVESSE AQUI...

Ah! Como gostaria que você estivesses aqui...
Sem essa minha sombra que me segue...
(E me persegue)
Colado a mim como tatuagem...
(E em cada dia dessa viagem)

Ah! Como gostaria que você estivesses aqui...
Sendo minha meta... Metade...
(sem meia verdade)
Corpos em união...
(sentidos em ebulição)

Ah! Como gostaria que você estivesses aqui...
Olhos nos olhos... Bocas loucas
(e nós roucos)
Numa eterna paixão
(sem os pés no chão)

Ah! Como gostaria que você estivesses aqui...
Meu pensamento voa até ti...
(asas da imaginação)
Numa delirante explosão...
(um verdadeiro apagão)

Mãos dadas... Fadadas...
Sonhos alados... Encabulados...
Um mesmo caminhar
Destinos a se encontrar...
Ah! Por que você não está aqui?

CARMEN CECILIA

ME TOQUE DE SENSIBILIDADE

Hoje to meio assim...
Tudo em mim faz plinnnnn!
Dias há que se acorda tacirtuno...
Em desacordo com a vida e soturno...

Mas dias há que o sol brilha...
Com tamanha intensidade e a tudo fulmina
Sua luz é como guia para todas as trilhas
E o rosto da gente instintivamente se ilumina...

Dias há que tudo parece rotina...
Que tudo parece envolto em neblina...
Mas eis que entre as nuvens um raio dourado
Faz com que a gente sonhe acordado.

Então esse meu jeito de quem não tem Jeito
Essa minha matemática do cotidiano insano
Empalidece perante a esse feito...
Esse mundo colorido que me deixa suspirando!

Mesma a mais calculista criatura rende-se ao encanto
E é banhada por essa espontaneidade...
Essa brandura...candura que perdura...
E que nos traz a tona esse toque de sensibilidade!

CARMEN CECILIA







EU PRECISO DIZER QUE TE AMO

Eu preciso dizer que te amo...
Te chamo e em chamas te clamo
Que todas as noites são tuas
E que quando amanhece e o sol se insinua...

O dia continua e você em mim perpetua...
Teus sinais se revelam na minha pele nua
No meu sorriso ou no meu pranto
Tamanho é o encanto... Tu que és meu canto!

Envolve-me com teu manto
E sinto tua carícia na tarde adentro...
Na brisa... no vento...a todo momento!
Esse sentimento que me aquece por dentro!

Estou ouvindo aquela música... Lembra?
Denuncia-me, pois te anuncia.
Esse amor com sabor de renuncia
Mas que não quer saber de distancias

Meus olhos lacrimejantes
Procuram-te a todo instante
Vou caminhando errante
E lá vem o sol no poente...

Está anoitecendo e eu endoidecendo
Perguntando-me se tu estarás vindo
E minha porta abrindo...
E você uma vez mais me colorindo...

CARMEN CECILIA





CIDADE DOS ANJOS

Amanhece na cidade dos anjos!!!
Um bom dia enternecido...
Traz você atravessando mares,
Campos tudo... para ficar comigo!!!

Saio então do meu mundo racional...
E não há nada igual!!
Pois não há parâmetros para esse encontro...
Onde corações e almas se juntam!!!

Navego assim nos teus pensamentos..
Em cada momento...
Sinto a emoção me ardendo por dentro!!!
Em cada palavra tua...
E no seu olhar que tudo vasculha, me desnuda...

Sinto nessa paixão desenfreada...
Que não me importa mais nada...
Apenas estar contigo!!!

Anoitece na cidade dos anjos!!!
Estamos trocando carinhos...
Transbordando amor!!!
Numa conexão que a tudo transcende...
Pouco importa se é virtual!!!
Porque o amor é real!!!
E eu moro em você e você mora em mim!!!


CARMEN CECILIA







O QUE SERÁ?

O que será que virá?
Estou a me perguntar...
Não consigo parar de pensar
Na sua presença e no que acontecerá...

Você habita minha mente
A todo o momento continuamente...
Quando me vejo....só vejo...
A ti no meu semblante...

Mesmo ausente, você é meu presente!
Ah! Você !
Meu mundo colorido...
Meu sexto sentido
O riso e a lágrima
E que ninguém duvide...
sem dúvida minha dádiva!

Não me contenho...E me assanho
Seu cabelo castanho
Seus olhos verdes risonhos
Trazem-me sonho.

Não me acanho
Não sei nem dimensionar o tamanho
Você o melhor do meu caminho
Meu ninho em que me aninho

Você minha fábula...Meu conto de fadas
Em que eu estava adormecida...Sem nada!
Com cem anos de solidão! Escuridão!
Eis que tu vieste como um clarão...

E com teu beijo soprou vida!
Para me acordar...Dar corda
Sentir-me querida! Trazendo-me de volta
E ser seu norte ...Sua consorte!

CARMEN CECILIA

Um amor como o teu
 
Um amor como o teu
Onde se escreveu?
No momento....
Em cada movimento...
Em que mesclamos sentimentos?
Um amor como o teu
Onde se inspirou

E onde buscou
Tanto suspiro meu...
Um amor como o teu
De tantas facetas
Que tu me mostras

E me demonstras
Um amor como o teu
Onde será que se escondeu
Esse amor que me acendeu
Arrebatou-me e ensandeceu-me
Você é meu hoje
Mas tu foges

Estou aqui a procura de ti
Até agora em letargo
Mas agora de ti não largo...
Meu abrigo
Meu amigo

Sossego e desassossego
Que me toma por inteiro...
Ah! você...
Meu gosto...meu tato
Meu cheiro...Todos os sentidos
Você meu roteiro
Quero sim...um amor como o teu!

Carmen Cecília 



31 de março de 2012 | N° 17025

NILSON SOUZA

O cérebro e as pernas

    Fila de autógrafos é melhor do que de INSS. A faixa etária costuma ser mais ou menos a mesma, mas as pessoas têm outro astral, não falam só dos seus achaques – falam também dos achaques do autor, que amanhã certamente terá que se virar com uma tendinite, mas está lá firme, tentando recordar o nome do portador daquele sorriso indecifrável que o saúda com intimidante intimidade.

Mas no meio da fila também podem ocorrer situações embaraçosas. Outro dia fui cumprimentar o Verissimo, que esperava pacientemente pela assinatura da Celia Ribeiro no seu O Jornalista Farroupilha, e o sujeito que estava na frente dele me fuzilou com um risinho inquiridor:

    – Não estás te lembrando de mim, né?

    Olhei para o Verissimo, pedindo socorro, mas ele fez cara de paisagem. Tive que encarar novamente o homem e dizer:

    – Acho que me lembro, sim... Você trabalhava na...

    O desconhecido interrompeu as minhas reticências:

    – Não! Não! Não! Nunca trabalhei contigo. Eu jogava bola contigo.

    Bah, faz tempo que não entro em campo. Dei uma rápida revisada na minha adolescência, mas não encontrei o sujeito lá. Então ele me atalhou novamente.

    – Nós jogamos juntos no Banespa.

    Antes que eu fizesse “ah”, ele voltou-se para o Verissimo, testemunha atônita daquele diálogo surrealista, e exagerou sobre minha performance em campo:

    – Ele era bom de bola, todo mundo queria jogar com ele.

    Meio constrangido, olhei para o Verissimo e balbuciei em tom de desculpa:

    – Eu já enganava naquela época...

    Num esforço para se mostrar interessado, nosso cronista maior questionou o homem da fila:

    – Mas ele era cerebral ou esforçado?

    O meu comentarista acidental não se fez de rogado. Respondeu de bate-pronto:

    – Cerebral, cerebral. Mas era ligeiro, tinha as pernas grossas, bem diferente do que é agora...

    E me olhou de cima abaixo, como se eu fosse um frangalho. Ainda tentei estufar o peito, mas percebi que o ambiente não era adequado para manifestações atléticas e acedi conformado:

    – Por isso que agora só escrevo.

    Meu ex-companheiro de peladas se deu conta de que o papo estava derivando para o lado dos achaques e se corrigiu em tempo, ainda bajulador:

    – E escreve bem. Continua cerebral.

    Logo diante do Verissimo, o mais cerebral dos nossos colegas de ofício. Vi o Walter Galvani um pouco à frente, abanei para ele e aproveitei a deixa para me retirar, pisando o mais firme que podia com as pernas que tenho hoje.


31 de março de 2012 | N° 17025

PAULO SANT’ANA

A eternidade do crucifixo

    Vou meter minha colher neste assunto da retirada dos crucifixos das salas judiciais.

    Não consigo entender como possam os crucifixos aviltar, molestar, prejudicar as pessoas que vão ter aos pretórios e não são cristãs.

    Jesus crucificado é o símbolo da maior injustiça que se cometeu na Terra. Por que não lembrar à Justiça a maior injustiça que os homens já cometeram?

    Outra coisa, desta vez mais importante: o Brasil nasceu sob o signo da cruz. Quando chegaram aqui os portugueses, trouxeram junto com suas caravelas os sacerdotes católicos.

    Em seguida ao Descobrimento, foi rezada a primeira missa, celebrizada, ao que me parece, na tela de Pedro Américo.

    Compreensível, então, que alguém tivesse se lembrado de mandar colocar nas salas dos pretórios os crucifixos, tornando indelével que alguém que for julgar outrem tem de voltar a lembrança para o Nazareno que foi julgado de modo infame e pagou com a vida por ter pregado somente o bem na sua caminhada ao redor de Jerusalém.

    Então quer negar-se ao Brasil que nós pertencemos por aqui a uma civilização cristã?

    Pelo que ouvi, alguns não cristãos se sentiram incomodados porque ao recorrer à Justiça e seus préstimos viam nos recintos das audiências e dos julgamentos a imagem da cruz, na qual não acreditavam.

    Mas e daí? Não somos, pelo menos simbolicamente, um país cristão e católico? É, queiram os pagãos, queiram os agnósticos, queiram os muçulmanos ou quaisquer outras crenças, não crenças e seitas.

    Por que negar ao Brasil a sua origem notadamente cristã?

    Além disso, se o crucifixo lembrasse o demônio ou qualquer outro agente do mal, seria compreensível que se quisesse exorcizá-lo dos ambientes judiciais.

    Mas não é nada disso, Cristo é agente do bem, não pregou outra coisa na Terra que não fosse o amor, a caridade, a solidariedade, a fraternidade. E, principalmente, em todos os capítulos e versículos de seu livro, pregou a justiça.

    É muita audácia querer expulsar o amor, a caridade, o bem dos tribunais.

    Seria como expulsar a justiça dos tribunais.

    Dizem que o Brasil é um Estado laico. Está bem. No entanto, este mesmo Estado laico, isto é, não religioso, acata e implanta inúmeros feriados religiosos que são respeitados, acatados e alguns até festejados até pelos ateus.

    Não conheço nenhum feriado ateu. Não há sequer qualquer feriado pertinente aos evangélicos, religião que já fincou raízes no Brasil e vem tendo ultimamente em nosso país um crescimento notável.

    Qual a razão dos feriados cristãos? É muito claro, na origem da história brasileira está muito marcante a cruz, não se pode apagar da origem brasileira a cruz, a veneração ao sacrifício de Jesus.

    E, se o Brasil não é de todo cristão, no entanto no berço histórico da nação brasileira, do país brasileiro, do povo brasileiro, é eloquente e inapagável a tradição cristã.

    Não podem ser retirados dos tribunais brasileiros, por todas essas razões, os crucifixos.

    Seria como retirar a águia da simbologia norte-americana.


31 de março de 2012 | N° 17025

CLÁUDIA LAITANO

  Famoso quem?

    Quem é a pessoa mais famosa do mundo? Digite isso no Google, e as respostas serão tão insólitas quanto divertidas: “Jesus, Bento 16 e Britney Spears”, “Deus, Michael Jackson, Beatles e Madonna”, “Oprah, Obama e Lady Gaga”.

    Famoso pra quem, cara-pálida?, seria a resposta mais adequada. A maior surpresa da cerimônia de entrega do Grammy, realizada em fevereiro, não foram os muitos prêmios de Adele (conhece?), mas a multidão de internautas que durante a festa perguntava nas redes sociais quem era, afinal, aquele coroa sorridente que estava sendo homenageado no palco.

Ter feito parte da maior banda de rock do mundo e estar na ativa há mais de 50 anos queria dizer abacate para os fãs de Rihanna e Lady Gaga: Paul McCartney levou um sonoro e virtual “famoso quem?”.

    Esta semana, aconteceu um fenômeno parecido aqui no Brasil nas horas que se seguiram à morte de Millôr Fernandes. Enquanto boa parte dos adultos letrados lamentava a perda de um dos pensadores mais lúcidos do Brasil, uma multidão de inocentes perguntava-se quem, diabos, era aquele sujeito bom de trocadilhos que andavam citando tanto no Twitter.

A movimentação foi tamanha, que um gaiato decidiu criar o blog quememillorfernandes.tumblr.com, reunindo manifestações do tipo: “Vei... Eu nem sabia quem era Millôr Fernandes, daí essa pessoa morre e vira gênio do nada!”.

    Nossa primeira reação diante da ignorância alheia (principalmente com relação aos nossos ídolos) é amaldiçoar a estupidez humana e a corrupção dos tempos. Menos. Atire a primeira lápide quem nunca foi surpreendido pela consternação em torno da morte de um “famoso quem?”.

Todo mundo tem buracos negros em sua cultura geral – e quem acha que não tem provavelmente está mal informado. (“Não é que com a idade você aprenda muitas coisas; mas você aprende a ocultar melhor o que ignora”, escreveu o próprio Millôr, mestre na arte de não se levar muito a sério.)

    Diante de um fato que ilumina nossa vasta e espessa ignorância, temos duas atitudes possíveis: desprezar a nova informação (se eu não sei e os meus amigos não sabem, não faço muita questão de saber) ou procurar entender do que estão falando.

Na era da superabundância de informação, porém, eleger prioridades tem se tornado cada vez mais difícil: cultura pop e cultura erudita, diversão e notícias, presente e passado, muitas vozes disputam nosso tempo e nossa atenção.

O sujeito que se orgulha de nunca ter ouvido falar de Millôr ou Paul McCartney pode desprezar quem é leigo em Bruno Mars ou Angry Birds (“Em que mundo você vive, macróbio alienado?”).

Tanta informação disponível pode ser encarada com arrogância, por quem se convence de que já sabe tudo o que precisa saber, ou com angústia, por quem é permanentemente assolado pela sensação de que está perdendo alguma coisa.

    Quem nunca ouviu falar de Millôr Fernandes pode ser digno tanto de pena quanto de inveja. Pena se perder a chance de dar-se ao trabalho (e ao prazer) de descobrir por que tanta gente gostava dele. Inveja porque só quem não o conhecia pode desfrutar o prazer irrepetível de ler Millôr pela primeira vez.
FEITAS AOS PARES

"É que as almas, como as estrelas,
são feitas em pares,
pra brilhar, se atrair, encaixar ...
mas, ao surgir se espalham!

E no céu noturno, as estrelas cintilam,
procurando seus pares,

As almas... Ah, as almas sorriem,
namoram, cativam, se abraçam,
procurando sua cara-metade...

Abraçar meu bem,
é o encaixe silencioso
de duas almas.

Tem abraço que gruda,
que encaixa e prende,
tem abraços que logo se soltam,
se afastam e assim,
a gente aprende:

Viver é um procurar de coisas,
que para o encontro,
do amor depende..."
Silvio