por
Luís Henrique Benfica
01/05/2014
| 04h33
Disputa política deve se acirrar após
queda
Como
Fábio Koff ainda não anunciou o desejo de tentar a reeleição, pode ter chegado
ao fim a época em que as velhas lideranças se revezavam no comando do clube
Disputa
política deve se acirrar após queda
Mauro Vieira/Agencia RBS
Como
no ano passado, a eliminação na Libertadores da América nas oitavas de final
coloca o Grêmio diante de incertezas.
Ser
alijado da competição prioritária implica perda técnica, financeira e de
prestígio, além de afetar a autoestima dos torcedores. Como o ano é de eleição
presidencial, a divisão política do clube tende a se acirrar. Como Fábio Koff
ainda não anunciou o desejo de tentar a reeleição, pode ter chegado ao fim a
época em que as velhas lideranças se revezavam no comando do clube. A questão
treinador é a mais urgente. Em 2013, Vanderlei Luxemburgo ainda se manteve no
cargo durante as primeiras rodadas do Brasileirão, até cair no final de junho.
Não
se sabe como a direção irá reagir diante da pressão sobre Enderson Moreira,
ainda que o presidente tenha elogiado seu trabalho após o jogo contra o San
Lorenzo:
— O
treinador não pode ser responsabilizado pela eliminação. É trabalhador, sério,
honesto, estudioso e tem o grupo na mão.
Sucessão
presidencial
Conquistar
de novo a Libertadores foi o mote da campanha de Fábio Koff em 2012. Após duas
tentativas fracassadas, em 2013 e 2014, há quem duvide que ele tente a
reeleição em outubro. A família, preocupada com o desgaste físico de um
octogenário, talvez seja o maior empecilho. É possível, então, que se crie uma
disputa entre os atuais vice-presidentes para contar com o apoio do atual
presidente. Neste momento, Renato Moreira e Romildo Bolzan Jr. seriam os
candidatos a "cavalo do comissário". A oposição deverá se articular
em torno de Homero Bellini Jr., que tentou pela primeira vez em 2011. Não há
notícias, neste momento, sobre um nome que seja trabalhado pelo grupo político
de Paulo Odone.
Relação
com a OAS
O
processo sucessório deverá ter como pano de fundo a relação com a parceira OAS.
A falta de entrevistas mais objetivas da direção do Grêmio e da empreiteira
ainda tornam nebuloso um tema que já deveria estar às claras desde a
inauguração da Arena, em dezembro de 2012. O que ainda impede que o clube transfira
de ver sua sede administrativa para o Humaitá e ceda o Olímpico para a
posterior implosão e construção dos empreendimentos imobiliários e comerciais
projetados pela OAS? Embora isso não seja assumido oficialmente, o que o Grêmio
pretende é receber a Arena desonerada _ a obra foi cedida como garantia para
obtenção do financiamento de R$ 275 milhões junto ao BNDES.
Treinador
Em
2013, passada a eliminação na Libertadores, Vanderlei Luxemburgo ainda se
manteve no cargo durante as primeiras rodadas do Brasileirão, até ser demitido,
de forma surpreendente, no final de junho. Agora, a expectativa é saber como a
direção irá reagir diante da pressão sobre Enderson Moreira, um técnico que
chegou ao clube sob desconfiança, adquiriu conceito, mas passou a ser visto sob
desconfiança a partir dos Gre-Nais decisivos do Gauchão. A favor do atual
treinador, pesa o fato de não existirem muitas opções no mercado. A realidade é
fria: a reação dentro de campo precisará ser imediata. Cabe ao Grêmio ficar
entre os quatro primeiros até o recesso do
Brasileirão e fazer da Copa do Brasil o trampolim para uma nova
Libertadores, em 2015.
Reforços
A
eliminação na Libertadores escancarou as deficiências do grupo. Na visão do
torcedor, falta ao time um lateral direito melhor do que Pará, um substituto
para Wendell, negociado com o Bayer Leverkusen-ALE, zagueiros mais confiáveis e
atacantes capazes de fazer a diferença nas partidas. Um meia com indiscutível
qualidade técnica também seria bem vindo. Por enquanto, a direção só acena com
o lateral esquerdo Marquinhos Pedroso, trazido do Figueirense. No meio,
Rodriguinho ainda precisará de mais tempo para comprovar suas virtudes. No
ataque, a equipe terá em breve o retorno de Kleber. A escassez de dinheiro nos
cofres não dá esperanças quanto à contratação de jogadores de maior currículo.
Finanças
A
recuperação financeira do clube também passa pela relação com a OAS. Assinado o
novo contrato, o clube terá como primeiro benefício a drástica redução do valor
pago pela migração de seus associados. Primeiro, a quantia irá baixar de R$ 42
milhões para R$ 12 milhões anuais. Até o final do contrato, ele será fixo, de
R$ 18 milhões. O novo acordo também implicará em campanhas conjuntas de
marketing, sobretudo para angariar novos associados.
Mas
ainda faltará ao Grêmio algo considerado indispensável para sua saúde
financeira, que é participar de forma mais direta da gestão das bilheterias. Só
assim será obter fluxo de caixa, o nó a ser desatado para que a venda de
jogadores não seja a única forma de manter em dia os salários dos jogadores.