02
de outubro de 2014 | N° 17940
EDITORIAL
O DEBATE FINAL
Essa
janela democrática de extrema visibilidade possibilita aos eleitores um olhar
descontaminado da propaganda eleitoral preparada por marqueteiros.
Assim
como o debate final entre os pretendentes aos governos estaduais, realizado na
última terça-feira, o confronto entre os presidenciáveis programado para esta
quinta-feira não permitirá um aprofundamento de ideias e propostas de governo
devido às amarras da legislação eleitoral e à participação obrigatória de
candidatos de partidos de menor representatividade.
No
formato possível, com tempo escasso para perguntas e respostas, réplicas e
tréplicas, os confrontos ao menos possibilitam aos eleitores comparar atributos
como raciocínio rápido, articulação, poder de síntese e viés ideológico de cada
participante. E têm grande significado para a democracia, pois colocam frente a
frente, com total transparência, lideranças com pretensões de governar em nome
de milhões de brasileiros.
O
reduzido grau de interesse dos eleitores pela política de maneira geral faz que
menos de um terço do total acompanhe de fato o conteúdo dos debates. Num país
de dimensões continentais como o Brasil, porém, o diálogo entre os candidatos
transmitido pelos meios de comunicação cumpre o papel de mostrar o que pensam
para um público potencial de cerca de 142 milhões de eleitores. Essa janela
democrática de extrema visibilidade possibilita aos eleitores um olhar
descontaminado da propaganda eleitoral preparada por marqueteiros, na qual o
candidato exibe suas intenções sem o risco da contradição.
A
particularidade de o Brasil dispor de um horário eleitoral obrigatório, usado
por quem está em busca de voto para se mostrar de forma idealizada e atacar os
oponentes, ajuda a explicar o reduzido interesse dos eleitores por embates
diretos. Em muitos casos, porém, os próprios candidatos aproveitam suas
intervenções mais favoráveis ou trechos com potencial para constranger
adversários na propaganda política, ajudando a popularizar o teor das
discussões.
É
importante que, a cada campanha eleitoral, o país possa aperfeiçoar essa
alternativa, apostando em modelos mais ágeis, nos quais os candidatos sejam desafiados
a revelar o que pensam realmente e o que pretendem fazer se eleitos. Quanto
mais os políticos em campanha privilegiarem questões relevantes e de interesse
real do cotidiano dos eleitores, mais esse tipo de iniciativa poderá contribuir
para o aprimoramento da democracia.