13
de outubro de 2014 | N° 17951
MARCELO
CARNEIRO DA SILVA
O amor entre os piores
seres
No
mundo das pessoas boas, você diz “You’re the best” quando encontra alguém ainda
mais legal do que você mesmo. Pois nossos protagonistas, Jimmy e Gretchen,
estão longe disso, muito, muito longe mesmo. Eles são egoístas, cínicos,
aproveitadores da bondade alheia, com ou sem permissão de suas vítimas.
Eles
abusam, ofendem, ignoram, destratam, humilham a todos ao redor, com raríssimas
exceções, enquanto, ora vejam, vão construindo o seu caso de amor, estranho
amor. Por isso mesmo, a série se chama You’re the Worst – e acaba de ter
garantida a segunda temporada. Sorte a nossa.
Em
uma cena definidora, Gretchen admite um pecado cometido nos tempos de escola ao
seu amante eventual, Ty, que reage com escândalo. Gretchen testa Jimmy
confessando o mesmo crime a ele, enquanto os dois estão na cama. Jimmy reage
como Gretchen gostaria, admirando-a ainda mais. Ela é tão capaz de maldades
quanto ele, e os dois se sentem mais do que apaixonados, cúmplices em um mundo
que não os entende.
Dois
tipos desse calibre até se apaixonam, mas não sem tentar o possível para evitar
a emoção ou o compromisso. O que acontece é que você pode ser um péssimo ser
humano e ainda assim ser capaz de amar. Jimmy ama Gretchen, mesmo que isso lhe
pareça muito esquisito. Ele reluta em admitir, e o que muda o seu ponto de
vista é o monstro de olhos verdes, o ciúme.
Gretchen
é uma bisca, mas fica muito bem de vestido curto, e homens a desejam. Jimmy é
homem demais para não se sentir incomodado com o espaço de liberdade que ele
mesmo cria para os dois. Gretchen é um exemplar da nova mulher e, se deixam,
ela vai.
Jimmy
descobre que não quer que ela vá, e assim, muito a contragosto, é forçado a
admitir: querendo, ou não, entendendo ou não, sabendo o que fazer, ou não, eles
são um casal, e como todos os casais de verdade foram feitos um para o outro.