sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Jaime Cimenti

As eleições, o tempo, as emoções e as razões

Um velho princípio zen ensina que a melhor maneira de ganhar uma discussão é não iniciá-la. Claro que fica complicado se alguém inicia uma discussão contigo e, aí, ou te sentes obrigado a responder alguma coisa, ou, então, silencias, achando que o provocador não merece outra coisa que não seja tua mudez. O silêncio pode ser tomado como consentimento. Ou não. Complicado, não é?

Há quem pense que existe um tom, um tempo e, por vezes, um local adequado para  as discussões. Há quem diga que o tempo se vinga das coisas que são feitas sem a colaboração dele. É verdade, experimente fazer um bolo em cinco minutos e vai entender bem isso. E não se esqueça que o tempo é o senhor da razão. Dê tempo ao tempo. Mas o devido tempo. O tempo e o Direito não protegem os que dormem demais. Te liga!

Esse meu papo oriental é para me acalmar e te acalmar e dizer que, em se tratando dos nossos problemas eleitorais e pós-eleitorais ocidentais, a coisa está muito quente e recente ainda, para entender e conversar. Vamos dar um tempinho. Mais ou menos um terço não votou ou foi branco e nulo e o resto da galera eleitoral se dividiu. Estamos com três correntes neste País difícil de entender e fácil de amar, portanto.

Democracia e convívio humano é isso. Alguém tem de ceder, de preferência o próximo. Ganhar, perder ou empatar. É o jogo. Democracia é tu fazeres o que eu quero. Ditadura é me obrigares a fazer o que tu queres. Eu tenho o direito de estar certo e tu o direito de estar errado, democraticamente. Será?

Bom, vou fazer de conta que ninguém puxou discussão comigo, ficar quieto, ganhando sem iniciá-la, no estilo zen. Mas depois de desarmadas as decorações dos shoppings, no último suspiro do espírito natalino, quando terminarem as bebidas do Réveillon e o Carnaval chegar ao fim, bom, aí, lá por março, vamos conversar. Ou discutir, vamos ver.

Ah, queres discutir desde já, achas que é melhor ir colocando tudo na mesa? Bom, então tá! Pergunta aí, que eu replico e depois tu treplica e depois fazemos as considerações finais. Não vale carrinho por trás, dedos nos olhos, canelada acima do pescoço, mordida, puxar cabelo, cuspir e golpes abaixo da linha da cintura. Tudo deve ser propositivo, programático, mas não esquecendo que em marketing, especialmente o político, até a verdade pode pintar.
Jaime Cimenti