Jaime Cimenti
As eleições, o tempo, as emoções e as
razões
Um velho princípio zen ensina que
a melhor maneira de ganhar uma discussão é não iniciá-la. Claro que fica
complicado se alguém inicia uma discussão contigo e, aí, ou te sentes obrigado
a responder alguma coisa, ou, então, silencias, achando que o provocador não
merece outra coisa que não seja tua mudez. O silêncio pode ser tomado como
consentimento. Ou não. Complicado, não é?
Há quem pense que existe um tom,
um tempo e, por vezes, um local adequado para
as discussões. Há quem diga que o tempo se vinga das coisas que são
feitas sem a colaboração dele. É verdade, experimente fazer um bolo em cinco
minutos e vai entender bem isso. E não se esqueça que o tempo é o senhor da
razão. Dê tempo ao tempo. Mas o devido tempo. O tempo e o Direito não protegem
os que dormem demais. Te liga!
Esse meu papo oriental é para me
acalmar e te acalmar e dizer que, em se tratando dos nossos problemas eleitorais
e pós-eleitorais ocidentais, a coisa está muito quente e recente ainda, para
entender e conversar. Vamos dar um tempinho. Mais ou menos um terço não votou
ou foi branco e nulo e o resto da galera eleitoral se dividiu. Estamos com três
correntes neste País difícil de entender e fácil de amar, portanto.
Democracia e convívio humano é
isso. Alguém tem de ceder, de preferência o próximo. Ganhar, perder ou empatar.
É o jogo. Democracia é tu fazeres o que eu quero. Ditadura é me obrigares a
fazer o que tu queres. Eu tenho o direito de estar certo e tu o direito de
estar errado, democraticamente. Será?
Bom, vou fazer de conta que
ninguém puxou discussão comigo, ficar quieto, ganhando sem iniciá-la, no estilo
zen. Mas depois de desarmadas as decorações dos shoppings, no último suspiro do
espírito natalino, quando terminarem as bebidas do Réveillon e o Carnaval
chegar ao fim, bom, aí, lá por março, vamos conversar. Ou discutir, vamos ver.
Ah, queres discutir desde já,
achas que é melhor ir colocando tudo na mesa? Bom, então tá! Pergunta aí, que
eu replico e depois tu treplica e depois fazemos as considerações finais. Não
vale carrinho por trás, dedos nos olhos, canelada acima do pescoço, mordida,
puxar cabelo, cuspir e golpes abaixo da linha da cintura. Tudo deve ser
propositivo, programático, mas não esquecendo que em marketing, especialmente o
político, até a verdade pode pintar.
Jaime Cimenti