terça-feira, 2 de dezembro de 2014


02 de dezembro de 2014 | N° 18001
PESQUISA LONGEVIDADE AMPLIADA

Mais vida, mais dias de trabalho

DADOS DIVULGADOS PELO IBGE apontam que expectativa de vida ao nascer chegou a 74,9 anos em 2013 no RS, são 76,9. Ampliação impacta o cálculo do fator previdenciário e o tempo de trabalho para quem quer se aposentar

No intervalo de apenas um ano, os brasileiros ganharam quase quatro meses a mais de expectativa de vida. Segundo dados do IBGE divulgados ontem, a esperança de vida da população do país ao nascer atingiu 74,9 anos em 2013, três meses e 15 dias a mais do que em 2012. A longevidade da população gaúcha ficou exatamente dois anos acima da média, com estimativa de 76,9 anos – é o quinto Estado onde se vive mais tempo. O impacto só não é bom em relação à aposentadoria: a vida mais longa vai custar 79 dias a mais de trabalho para quem não quiser ter descontos no benefício.

– A população está vivendo mais e envelhecendo de forma mais saudável, mas o aumento da expectativa de vida influencia no cálculo do fator previdenciário – explica o pesquisador do IBGE Fernando Albuquerque.

De fato, o aumento na esperança de vida levou a uma redução de até 0,92% na aposentadoria dos homens e de 0,78% na das mulheres, conforme o Instituto Brasileiro de Estudos Previdenciários (Ibep), com base no dado mais atual do IBGE. As informações contidas nas Tábuas Completas de Mortalidade do Brasil de 2013 são utilizadas pelo Ministério da Previdência Social como um dos parâmetros para determinar o fator previdenciário, no cálculo das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social.

Por exemplo: um homem de 60 anos e 35 de contribuição pelo salário-teto do INSS (R$ 4.390,24) receberia R$ 3.767,73 mensais caso tivesse requisitado a aposentadoria até a última sexta- feira. Desde ontem, um contribuinte nas mesmas condições vai receber R$ 34,57 a menos. Já uma mulher de 55 anos e 30 de contribuição diminuirá em R$ 20,47 o valor do benefício. Segundo a nova Tabela de Expectativas de Sobrevida e Fator Previdenciário 2000 - 2015, um segurado que requerer a aposentadoria a partir de agora vai ter que trabalhar quase três meses a mais se quiser manter o valor estipulado na tabela anterior.

Segundo Albuquerque, o aumento da longevidade do brasileiro pode ser explicado pela redução da mortalidade infantil e das mortes dos idosos com mais de 70 anos. Essas duas faixas etárias foram as que apresentaram mais ganhos de 1980 até ano passado.

Embora os homens tenham registrado, entre 2012 e 2013, um aumento maior da expectativa de vida em relação às mulheres, elas ainda estão à frente: vivem, em média, 78,6 anos, enquanto a população masculina chega aos 71,3, conforme as projeções do IBGE. Mulheres gaúchas ultrapassam os homens em cerca de três anos – podem chegar aos 80,3.

MORTALIDADE INFANTIL CAIU 78% EM COMPARAÇÃO A 1980

O IBGE também revelou que a taxa de mortalidade infantil (crianças de até um ano de idade) em 2013 ficou em 15 para cada mil nascidos vivos, uma queda de 78% em relação a 1980, quando esse índice era de 70. Para se ter uma ideia, no Japão a mortalidade infantil é de dois óbitos por mil. Programas de atenção pré-natal e de aleitamento materno, além de avanços no saneamento e na cobertura vacinal são fatores apontados pelo órgão para explicar a melhoria do indicador no Brasil.

Entre 2012 e 2013, foram observados aumentos na expectativa de vida em todas as idades. Na fase adulta, de mil pessoas que atingiram os 15 anos, 848 completam 60 – quatro a menos. O acréscimo também se notou nas mulheres em período fértil (de 15 a 49 anos): de cada 100 mil nascidas vivas, 93.568 chegaram aos 50 anos, 175 a mais do que em 2012.

A probabilidade de uma pessoa com 70 anos morrer nessa idade caiu de 47,5 por mil para 25,2 por mil. A explicação, diz Albuquerque, está nos avanços médicos e tecnológicos e em ações voltadas para os idosos, como a aposentadoria rural. Por outro lado, a faixa etária dos 15 aos 19 anos foi a que teve menos redução da mortalidade de 1980 a 2013. Nos homens de 17 e 18 anos, a taxa é exatamente a mesma de 1980.


luisa.martins@zerohora.com.br