quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


11 de dezembro de 2014 | N° 18010
SAÚDE ÍNDICES PREOCUPANTES

O PAÍS SOFRE COM DOENÇAS CRÔNICAS

PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE mostra a relação dos brasileiros com o corpo e revela as mazelas de cada região do país. Levantamento feito pelo IBGE mostra que quase metade da população gaúcha sofre de alguma enfermidade.

Os brasileiros estão fumando menos, mas hábitos de vida como dieta desregrada e falta de exercícios físicos continuam causando alto índice de doenças crônicas no país, como hipertensão arterial, diabetes e depressão. Só no Rio Grande do Sul, quase metade da população sofre com alguma delas.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), um levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, apesar de o tabagismo ter diminuído em 20,5%, as doenças crônicas são o grande problema de saúde do país. A região Sul obteve os maiores índices de doenças crônicas, com 47,7%. Em números absolutos, isso significa 10,3 milhões de habitantes.

O Sul é o campeão também no ranking da depressão – 12,6% da população brasileira – e casos de câncer em pessoas com mais de 18 anos – 3,2% da população. De acordo com o IBGE, os números são expressivos comparados a outras regiões do país, mas não indicam que o Sul tenha mais casos. Isso porque nem todos têm acesso a profissionais da saúde de maneira igual, e muitos podem não ter entrado nas estatísticas, segundo o instituto.

Alessandra Scalioni Britto, técnica do IBGE que participou do levantamento, alerta para o fato de que as informações devem balizar novas políticas públicas, principalmente na área de prevenção:

– É importante não olhar apenas para os dados das doenças, mas para o potencial que a pesquisa apresenta de criar novos hábitos. O foco deveria ser principalmente na restrição ao uso de álcool e tabaco, e no incentivo a atividades físicas – diz Alessandra.

Médico do Instituto do Câncer Mãe de Deus, Stephen Stefani aposta na consistência da pesquisa, mas alerta para a diferença que existe entre incidência (casos novos) e prevalência (casos existentes). O que faz com que doenças crônicas sejam tão mencionadas, segundo ele, é que as doenças de alta letalidade não são notificadas por motivos evidentes: as pessoas morrem antes de participar do levantamento.

O oncologista aponta que, se não houver mudança nestes números, o Brasil irá pagar um preço elevado nos próximos anos:

– Espera-se que medidas mais assertivas para a prevenção sejam adotadas, com criatividade e resultados mensuráveis. Pouco mais da metade dos fumantes cogitou parar de fumar devido ao anúncio na carteira de cigarro. É pouco efetivo. Tem mérito, mas é inequivocamente insuficiente – diz o médico.

lara.ely@zerohora.com.br

SUFOCO DE MILHARES

-Quase 50% da população adulta do Rio Grande do Sul, o equivalente a 4,17 milhões de pessoas, possui pelo menos uma doença crônica não transmissível.
-No Brasil, o índice atinge cerca de 40% da população, o equivalente a 57,4 milhões de pessoas.
-No Estado, essas enfermidades atingem principalmente o sexo feminino (55,4%) – são 2,5 milhões de mulheres e 1,6 milhão de homens (41,7%) portadores de enfermidades crônicas.
- As doenças crônicas são responsáveis por mais de 72% das causas de morte no Brasil.

- Hipertensão arterial, diabetes, doença crônica de coluna, colesterol e a depressão são as mais comuns.