02
de janeiro de 2015 | N° 18030
PRÓXIMO
PRATO | LUIZ AMÉRICO CAMARGO*
UM EXCELENTE 2015
FOI
UMA SURPRESA. Mas 2015 revelou-se um ano e tanto, em especial na gastronomia. Basta
lembrar como estavam os ânimos no já distante dezembro de 2014. Diante de
perspectivas pouco animadoras da economia, de uma atitude arredia dos
consumidores e de uma postura desconfiada dos empreendedores, a temporada se
encerra de forma brilhante.
Vamos
relembrar. A primeira boa notícia foi em relação ao vinho. A produção nacional
foi corajosamente desonerada, os impostos sobre os bons rótulos importados caíram
à metade e, num pacto inédito, importadoras e restaurantes reduziram
drasticamente seus preços. Que alegria ver que o consumo médio no país saiu dos
imutáveis 2 litros/ano por cabeça para quase 10 litros/ano.
Na
alimentação doméstica, foi ótimo constatar como o arroz com feijão, as
moquecas, o barreado, o arroz carreteiro e outras especialidades sobrepujaram
lasanhas e empanados industriais. Nos restaurantes, a guinada foi mais notável:
muita comida fresca, barata e mais comensais do nunca. Para tanto, a redução
geral de preços foi essencial. O aumento da diversidade de opções, idem: de
quitutes de rua e food trucks a tradições de etnias menos conhecidas, de bares
gastronômicos a novas casas de alta gastronomia.
Sem
falar na valorização crescente da nossa culinária no plano mundial. Até poucos
anos, os estrangeiros só conheciam um ou outro chef nacional. Hoje, são mais de
30 estabelecimentos brilhando em guias e listas internacionais. O brasileiro
está mais orgulhoso em cozinhar e em comer.
2016
promete, vocês não acham?
PS: Daqui
a 12 meses, lembre-se do exercício de futurologia acima. Veja se o colunista
delirou ou se alguma coisa, para felicidade geral, concretizou-se.
*Crítico
gastronômico e autor do livro Pão Nosso