15
de janeiro de 2015 | N° 18043
ARTIGO
- FÁBIO LUIZ GOMES*
A MARCHA DA INSENSATEZ E O 20 DE
SETEMBRO
Nosso
aeroporto é de fácil acesso. Poupam-se muito tempo e custos. Sua ampliação vai
adiantada. Localização insuperável, com espaços aéreos de aproximação e
decolagem sobre o delta do Guaíba e construções apropriadas.
Incompreensíveis
as razões do ministro da Aviação Civil para o congelamento das obras e
construção de um novo aeroporto no município de Nova Santa Rita ou em Portão,
cujos acessos passam obrigatoriamente pela BR-116 e/ou BR-386. É notória a
deficiência dessas estradas, e a BR-448 não resolveu. Para chegar ao “20 de
Setembro” sem perder um voo internacional às 19h, imperioso iniciar o deslocamento
às 14h; com chuva, um caos.
As
justificativas não se sustentam: (a) A de que o novo aeroporto seria imposto ao
concessionário do Salgado Filho sem ônus aos “cofres públicos” é um sofisma,
pois tais cofres são nutridos pelos contribuintes, que pagarão os respectivos
custos! (b) Já as “dificuldades do solo” na região fazem supor desconhecer o
ministro tecnologias aptas a construir aeroportos até sobre o mar. Foi cômica
sua resposta à Rádio Gaúcha, ao observar que a pista atual estava construída
antes de ele nascer (a tecnologia seria mais avançada há 69 anos...). (c)
Quanto à preponderância da carga sobre os passageiros, há evidente subversão de
valores. (d) As mais de mil famílias para serem retiradas do local do acréscimo
na pista atual já saíram.
Como
explicar defesa tão enfática a interesses contrários aos da maioria absoluta
dos cidadãos destinatários da responsabilidade de um governo pelo menos
razoável? Quem quiser se consolar ante a perspectiva do sofrimento no inferno
das BRs 116 e 386 em direção ao “20 de Setembro”, sugiro que leia o best-seller
A Marcha da Insensatez, de Barbara Tuchman, considerada a maior historiadora
americana, para quem a insensatez “é filha do poder”.
A
inteligência do ministro é notória. Tal qual Talleyrand, mantém-se no poder em
governos com ideologias antagônicas, o que nos deixa com poucas esperanças de
mudança de rumo, até porque, e ainda na esteira de Tuchman, no terreno do poder
“o processo mental de inteligência frequentemente parece não funcionar”.
*DOUTOR
EM DIREITO