segunda-feira, 5 de agosto de 2013

rosane.oliveira@zerohora.com.br

"Sumidouros de dinheiro público"

A reportagem das páginas 4, 5 e 6 desta edição, assinada pela jornalista Cleidi Pereira, é um exemplo acabado das distorções que fazem o dinheiro público escorrer pelo ralo, enquanto se multiplicam as carências.

Se o Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul é importante para o Estado, deveria estar funcionando a pleno vapor. Se não é importante, já deveria ter sido fechado. De que serve para o cidadão gaúcho um laboratório farmacêutico que, além de não produzir, custou mais de R$ 70 milhões nesses quase nove anos de paralisia, somando-se os gastos com o custeio, o que deixou de arrecadar e o que perdeu em matéria-prima deteriorada?

Com os R$ 28 milhões gastos na manutenção, não se consegue resolver o problema da saúde no Rio Grande do Sul, mas seria possível, no mínimo, aumentar a quantidade de medicamentos oferecidos à população. Quem precisa recorrer à Justiça para conseguir remédios que o Estado deveria oferecer tem razão em se revoltar quando vê o que o Lafergs custou nos últimos anos.

Os gestores públicos que já tentaram fechar uma estrutura considerada ineficaz sabem o quanto é difícil para o Estado se desfazer de um elefante branco. Primeiro, porque mesmo encerrando as atividades, os funcionários não podem ser demitidos e o Tesouro ainda tem que assumir as dívidas trabalhistas, não raro resultantes de negligência.

Até hoje, o Estado tem em seus quadros servidores da Caixa Econômica Estadual, extinta no governo de Antônio Britto, ganhando salários acima da média e cumprindo jornada de seis horas diárias porque, tecnicamente, são bancários. Não importa se o banco em que trabalhavam acabou há quase 20 anos: nas secretarias em que foram acomodados, têm direito adquirido a uma jornada reduzida, mesmo realizando tarefas idênticas às dos servidores que cumprem oito horas por dia.

Quando assumiu a Secretaria da Agricultura, em 2011, Luiz Fernando Mainardi constatou que a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) era um desses sumidouros de dinheiro público. Tentou fechá-la, mas acabou capitulando.


Depois eles fingem que não sabem as razões das manifestações de rua...