sábado, 1 de fevereiro de 2020


01 DE FEVEREIRO DE 2020
RODRIGO CONSTANTINO

Comunavírus


O mundo está em estado de alerta por conta do vírus que se espalha desde a China, acumulando já centenas de casos fatais. Não há motivo para pânico, porém. O coronavírus preocupa, sem dúvida, em que pese a relativa baixa taxa de letalidade (metade da Sars) e o fato de que, em breve, provavelmente haverá algum antiviral eficaz. Não será, portanto, o Apocalipse. Ainda não.

Mas e o comunavírus? Sua taxa de letalidade é bem maior e alguns calculam em 100 milhões as vítimas fatais! Seu poder de adaptação é incrível. Ele sobrevive bem no imenso frio da Sibéria e também no clima tropical abaixo da linha do Equador. Muda de cor feito um camaleão. Já foi vermelho de sangue e hoje é encontrado mais no tom verde, confundindo-se, assim, com um "parasita do bem".

Quando infecta o hospedeiro, vemos sintomas um tanto desagradáveis. Meninas pirralhas, que deveriam estar estudando ou ajudando os pais em casa, saem berrando por aí feito loucas, achando que o mundo vai acabar em poucos anos. Jovens se transformam da noite para o dia, tornando-se seres bizarros e indefinidos. O doente fica irascível, baba de raiva à simples menção dos nomes Trump ou Bolsonaro, quer agredir todo aquele que não foi acometido pelo vírus ainda.

Narciso acha feio o que não é espelho. O comunavírus cria uma indústria narcisista, de gente que não lida bem com o contraditório, dá chilique, sobe nas tamancas diante de argumentos divergentes. Aí, depois, conclui que o mundo seria maravilhoso se ao menos aquele que não é espelho desaparecesse de vez do cenário, sem se dar conta de que o problema está nele mesmo.

O mais assustador é a dificuldade de cura. Uma vez infectado, dificilmente o sujeito se livra dos sintomas. Existem antivirais, é verdade. O mais eficaz se chama "trabalho" e já trouxe de volta à normalidade vários doentes. Mas não é trivial. Quem contraiu o comunavírus tende a se enxergar como uma "nobre alma", incapaz de identificar a febre como efeito da doença, achando que se trata de euforia saudável de quem deseja salvar a humanidade ou o planeta. Tadinhos...

RODRIGO CONSTANTINO

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