sexta-feira, 15 de janeiro de 2021


o maior jornalista do Brasil por josé luiz prévidi

Quem foi, realmente, Alfredo Octávio? Quem foi o homem que se autointitulou o maior jornalista do Brasil? Quantas vozes teve ele? Quantas vidas viveu em 77 anos de existência e viagens para quase 200 países? Com quantas celebridades ele conviveu? Não há fotos do misterioso repórter que é considerado o único jornalista brasileiro de porte e fama mundiais.
O já lendário em vida jornalista e escritor multipremiado José Luiz Prévidi nunca tinha pensando em escrever a biografia de alguma personalidade. Como ele é fascinado por Alfredo Octávio (AO) desde a década de 1980 e andou relendo O brasileiro que ganhou o Prêmio Nobel, de José Antônio Pinheiro Machado, o Anonymus Gourmet, Prévidi resolveu visitar AO e, a custo, conseguiu o depoimento final, o testamento pessoal e jornalístico do cara que entrevistou desde Ieda Vargas, em 1963, até Daniel Cohn-Bendit; Dany, le Rouge, da imortal Paris de 1968; passando por encontros com Roberto Carlos, Pelé e outras dezenas de celebridades.
Prévidi nasceu em 1954, se formou em Jornalismo na PUC, escreveu 15 livros, trabalhou no Diário de Notícias, Rádio Farroupilha, Correio do Povo, Zero Hora, Press e foi assessor de imprensa na Assembleia Legislativa do RS, entre outros cargos relevantes. Há 17 anos edita o Blog do Prévidi. Pensando bem, Prévidi nasceu para escrever a biografia de AO e a missão foi cumprida, com a publicação de Alfredo Octávio - O maior jornalista do Brasil (Editora Escuna, 98 páginas, R$ 25,00).
Em meio a fatos reais e ficções não menos reais, os 40 lépidos capítulos da obra mostram AO, celebridade internacional, convivendo com cachaça e Mario Quintana na Rua da Praia, sua amizade com Che Guevara, o encontro com a eterna Catherine Deneuve, a vida em Burundi e, acima de tudo, seu tórrido relacionamento com a escultural estagiária Kristinna.
Kristinna Drumond, a musa de AO, o deixou para ficar com o arquiinimigo David M.R. Junior, o celebrado fotógrafo, mas a vingança inimaginável e violentíssima aconteceu, com David sendo ferido muitas vezes de forma intestinal, como poderão saborear os leitores, nas páginas finais desta obra.
Muitas histórias de AO, que nasceu rico e gostava de comemorar os aniversários em Paris, ficaram por ser contadas. Quem sabe num próximo livro de Prévidi sobre ele. Dos seus tempos de "subversivo", resta a Fundação Alfredo Octávio de Cultura e Arte, com sede em São Paulo, e a sunga de crochê, verde musgo, que ganhou de Fernando. AO usava a sunga em um encontro com Prévidi, no solário da mansão da mãe de AO, em Porto Alegre.
A vida pessoal e profissional de Alfredo Octávio e a de Prévidi se confundem com as trajetórias de pessoas e acontecimentos da história das últimas décadas e se relacionam de modo mais do que umbilical, digamos assim. Antigamente se dizia que jornalista não era e não deveria ser notícia, paradigma que passou a ser quebrado, ruidosamente às vezes, por AO, que protagonizava as cenas.
 a propósito...
Memória é onde as coisas acontecem muitas vezes, de modo inventado ou não. Em Alfredo Octávio estão as reminiscências do jornalista gigante, fatos e personalidades das histórias brasileira e internacional, que caminham ao lado das lembranças de Prévidi, que estava ali, vivendo frequentemente no olho do furacão. O livro é uma homenagem à ficção, ao jornalismo bom e ético de antigamente e, claro, uma ode ao novo jornalismo, que bebeu e bebe em todas as manhas das técnicas literárias. Alfredo Octávio se foi pouco depois da morte de sua mãezinha e levou para o túmulo um mundo e um jeito de ser repórter que não existem mais. Um bom biógrafo coloca um defunto novamente a andar entre nós. Então AO vive. Vai ver por muito tempo. Até que o Prévidi e os milhares de fãs lembrem dele. 
(Jaime Cimenti) 

lançamentos

  • Religião e outras insanidades (Editora Oficina Raquel, 92 páginas, R$ 32,00, e-book R$ 31,50), de Miguel Pincerno, gerente de marketing do Google, apresenta nove contos sobre o mesmo eixo temático. Ele fala como as religiões e estruturas de poder provocam comportamentos disfuncionais em nossas relações.
  • Retorno de Chernobyl - Diário de um homem irado (É Realizações, 200 páginas, R$ 54,90), de Jean-Pierre Dupuy, engenheiro e filósofo de grande intelectual da atualidade, cientista convertido à filosofia, descobre o que está por trás desse pavoroso nome familiar.
  • Princípios do estrategista - O bom investidor e o caminho para a riqueza (Intrínseca, 170 páginas, R$ 59,90), de Felipe Miranda e Ricardo Mioto, com apresentações de André Esteves e Gilson Finkelsztain mostra, com consistência, dados e gráficos e como funciona o mercado financeiro e traz dicas para investir.

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