sábado, 4 de outubro de 2014


05 de outubro de 2014 | N° 17943
PAULO SANT’ANA

Eleição torcida

Enfim, a eleição. Os institutos de pesquisa não erram nunca, para tanto inventaram uma tal de margem de erro, pela qual se garantem de que não errarão.

Mas, nos últimos dias, houve disputas que nas pesquisas oscilaram muito, candidatos que não tinham nenhuma chance passaram a tê-la. Por exemplo, o José Ivo Sartori estava lá na rabeira e agora aparece, é incrível, como talvez presente no segundo turno.

A Marina já foi favorita e hoje tem gente que não dá mais nenhum tostão por ela.

O Tarso Genro já esteve literalmente frito nas pesquisas, agora é um dos favoritos.

E por aí se vão as pesquisas, que, acredito, servem para estragar as eleições.

Sou definitivamente contrário à presença das pesquisas nas eleições. Ainda um dia haverá em que elas desaparecerão do cenário eleitoral por viciarem o voto do eleitor.

Não é possível o que acontece hoje: milhões de eleitores, antes de votar, consultam as pesquisas para saber em quem vão votar.

Não devia ser assim. O eleitor teria de votar sem saber quem vai ganhar ou tem mais chances de ganhar.

Assim como está, não é a vontade do eleitor que se manifesta, e sim uma loteria de nomes e de números que as pesquisas jogam sobre o eleitor, fazendo até mesmo com que ele vote em quem não queria votar.

Não raro e até mais frequente é o eleitor que se interessa mais pelas pesquisas do que pelas eleições.

Tudo isso se fez no Brasil pela mania de copiar tudo dos Estados Unidos. As pesquisas são filhas diletas da imitação brasileira dos EUA.

No que tinham de imitar aqui, não imitaram: tinham de tornar o voto não obrigatório, como nos EUA.

Então, o que acontece é o seguinte: metade dos eleitores não desejaria comparecer ao ato de votar e acaba sendo obrigada a isso, consulta portanto as pesquisas, e elas acabam torcendo a vontade do eleitor.


Em geral, os grandes amigos exatamente são aqueles em companhia dos quais sempre damos as melhores risadas.