05
de outubro de 2014 | N° 17943
PAULO
SANT’ANA
Eleição torcida
Enfim,
a eleição. Os institutos de pesquisa não erram nunca, para tanto inventaram uma
tal de margem de erro, pela qual se garantem de que não errarão.
Mas,
nos últimos dias, houve disputas que nas pesquisas oscilaram muito, candidatos
que não tinham nenhuma chance passaram a tê-la. Por exemplo, o José Ivo Sartori
estava lá na rabeira e agora aparece, é incrível, como talvez presente no
segundo turno.
A
Marina já foi favorita e hoje tem gente que não dá mais nenhum tostão por ela.
O
Tarso Genro já esteve literalmente frito nas pesquisas, agora é um dos
favoritos.
E
por aí se vão as pesquisas, que, acredito, servem para estragar as eleições.
Sou
definitivamente contrário à presença das pesquisas nas eleições. Ainda um dia
haverá em que elas desaparecerão do cenário eleitoral por viciarem o voto do
eleitor.
Não
é possível o que acontece hoje: milhões de eleitores, antes de votar, consultam
as pesquisas para saber em quem vão votar.
Não
devia ser assim. O eleitor teria de votar sem saber quem vai ganhar ou tem mais
chances de ganhar.
Assim
como está, não é a vontade do eleitor que se manifesta, e sim uma loteria de
nomes e de números que as pesquisas jogam sobre o eleitor, fazendo até mesmo
com que ele vote em quem não queria votar.
Não
raro e até mais frequente é o eleitor que se interessa mais pelas pesquisas do
que pelas eleições.
Tudo
isso se fez no Brasil pela mania de copiar tudo dos Estados Unidos. As
pesquisas são filhas diletas da imitação brasileira dos EUA.
No
que tinham de imitar aqui, não imitaram: tinham de tornar o voto não
obrigatório, como nos EUA.
Então,
o que acontece é o seguinte: metade dos eleitores não desejaria comparecer ao
ato de votar e acaba sendo obrigada a isso, consulta portanto as pesquisas, e
elas acabam torcendo a vontade do eleitor.
Em
geral, os grandes amigos exatamente são aqueles em companhia dos quais sempre
damos as melhores risadas.