sábado, 11 de outubro de 2014


12 de outubro de 2014 | N° 17950
PAULO SANT’ANA

Os pesadelos

Tenho tido, nos últimos 15 dias, pesadelos consecutivos durante as noites, enquanto durmo.

Muitos desses pesadelos referem-se a sérias preocupações minhas, casos em que me acordo com sobressalto e com dificuldade para retomar o sono.

Esses pesadelos revelam que os fatos que os envolvem estão a martelar insistentemente o meu cérebro, ou seja, vou dormir pensando neles, que retornam a me assombrar durante o sono.

Já dormi durante milhares de noites, mais precisamente 27.405 noites, nesses meus 75 anos de idade.

Penso que pode acontecer que, numa noite destas, eu não me acorde, ou seja, venha a morrer durante o sono.

Ouço pessoas dizerem que gostariam de morrer dormindo, isso por um lado quer dizer que elas não pretendem morrer no bojo de uma doença, com sofrimento.

Mas morrer dormindo, fico pensando, deve ser chato, não sobrevém qualquer aviso da morte, e a gente se vai assim para o outro mundo sem a solenidade de uma doença.

Morrer de infarto também é um acidente, mas pelo menos por alguns segundos a dor no peito sobrevém e nos faz refletir sobre aqueles instantes de despedida da vida.

E fico a pensar no que acontecerá logo após a parada do nosso coração.

Será que em seguida à morte seremos recebidos por anjos para sermos conduzidos perante o Senhor?

Será que o Senhor se dignará a nos dizer algumas palavras e logo após procederá aos trâmites do nosso ingresso no Céu, no Purgatório ou no Inferno?

Ou simplesmente não haverá nada disso, e ingressaremos no Nada, no Nirvana, no vazio?

Mas, se for assim, não pagaremos com nenhum castigo ou não seremos recompensados, conforme tenhamos sido, bons ou maus?


Como será a morte, afinal? Até agora não voltou ninguém de lá para nos dizer como ela é.