sábado, 1 de novembro de 2014


01 de novembro de 2014 | N° 17970
PAULO SANT’ANA

Horror a injeção

Arespeito da posição que tomei com relação à greve de 28 dias dos funcionários do Banrisul, quero dizer que recebi centenas de e-mails que se manifestaram contra e a favor do que escrevi.

Os mais acalorados foram certamente funcionários do Banrisul que me desancaram, me ofenderam, disseram cobras e lagartos sobre a minha pessoa.

Mas também muita gente que apoiou o que eu disse me mandou mensagens de solidariedade pelo que escrevi.

Eu só tenho um orgulho nesse episódio: podia muito bem ficar alheio à questão. Mas não fiquei, mergulhei na crítica por considerar que é meu dever, como colunista de Zero Hora, opinar sobre assunto tão momentoso.

Só que, quando se opina assim tão radicalmente como fiz, põe-se o lombo na soleira e se está sujeito a chuvas e trovoadas.

Mas essa não é a essência da profissão de crítico?

Chego a ficar espantado com o número de remédios que tenho tomado, tanto contra o diabetes quanto contra males menores.

Há dias em que, durante 24 horas, ingiro mais de 15 comprimidos.

Chego a pensar que alguns comprimidos anulam a ação de outros e que possa algum comprimido juntado a outro causar mal a meu organismo.

É que a indústria farmacêutica cresceu muito e a oferta de remédios se tornou mais ampla, mais rica e muito difundida.

Há alguns comprimidos que ingiro há muitos anos, claro que a conselho médico.

E há outros que ingiro eventualmente, conforme o surgimento de males que me advêm.

É verdade que por vezes me esqueço de tomar remédios de uso contínuo, no dia seguinte retomo o tratamento.

Felizmente, nenhum medicamento de uso contínuo entre os que observo é com injeções, eu não as suportaria, feliz a ideia humana dos comprimidos.

Se há um fato que me aterroriza é ter de tomar injeção. Há até alguns exames radiográficos que me são receitados por médicos que incluem injeções de contrastes. Então, informo ao médico sobre o meu terror e peço que ele me dispense da injeção. Em muitos casos, os médicos entendem e me dispensam. Mas há casos em que não me dispensam e eu vou para o sacrifício.


Injeção na veia ou no músculo é vista por mim como o diabo encara a cruz.