10 de junho de 2015 | N° 18189
ARTIGOS - GUILHERME SOCIAS
VILLELA*
PARADOXOS DA DEMOCRACIA
Uma das características dos
gaúchos tem sido a falta de consenso sobre qualquer assunto. Às ideias ou fatos
expostos logo surgem opiniões opostas.
A explicação disso poderia ser
originária de resquícios caricaturais das dialéticas de Platão, Hegel, Marx e
Engels. Alguns, infelizmente, desviaram-se para o que hoje se chama de “sídrome
do caranguejo”. De outra parte, ésabido que o tema a seguir vai proporcionar
controvésias –por vezes, como ocorre, para desqualificar o autor e nã as
ideias.
No Brasil, há uma histórica
observação de que só os governos com forte autoridade atenderam às grandes
reivindicações populares. Exemplos: o voto secreto, o voto feminino, a criação
do Ministério do Trabalho, a consolidação das leis do trabalho (CLT), a
carteira do trabalhador, as criações da CSN (Volta Redonda) e da Vale do Rio
Doce – foram algumas das decisões da ditadura Vargas.
Outros exemplos: a criação do
Funrural, da aposentadoria para os pequenos agricultores, a instituição do
FGTS, do PIS-Pasep, a ampliação do período de férias do trabalhador de 20 para
30 dias, o crédito educativo, os projetos Rondon e Mobral, o aumento das
matrículas do ensino, a criação da Embrapa, do Banco Central, do Sistema
Financeiro Habitacional, da Polícia Federal, da Eletrobras, da Nuclebrás, da
Embraer, do Pró-Álcool (etanol), das maiores usinas hidrelétricas do mundo
(Itaipu, Jupiá, Tucuruí, Ilha Solteira).
Ademais, as exportações que
cresceram mais de 10 vezes, a rede asfaltada federal (no Rio Grande do Sul,
passou de 680 para 4,4 mil quilômetros), a construção da ponte Rio-Niterói, dos
metrôs de São Paulo e Rio de Janeiro, dos polos petroquímicos. Enfim, um PIB de
até 14% ao ano! Foram algumas das decisões da ditadura militar.
Enfim, em ambos os casos, havia
projetos de Nação – e não apenas de poder!
Antes que alguém lembre – e isto
vai acontecer – que esta é uma mera crônica de saudosismo de Vargas e dos
militares, convém lembrar o que Luís Vaz de Camões já dizia (Estrofe 138 do
Canto Terceiro de “Os Lusíadas”): “Que um fraco rei faz fraca a forte gente”.
Economista*