terça-feira, 6 de agosto de 2013


06 de agosto de 2013 | N° 17514
EDITORIAIS

Exemplo de ineficiência

O escândalo do Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs), há nove anos dando prejuízo para os contribuintes sem produzir um único comprimido, é revelador não apenas da incompetência dos governantes para tomar decisões, mas também de uma legislação perversa que preserva privilégios públicos e pune os cidadãos.

É inadmissível que, quando um órgão governamental encerra suas atividades, ficando sem ter absolutamente o que fazer, os servidores não possam ser demitidos e o Tesouro continue arcando com os custos trabalhistas. Em consequência, o contribuinte perde duplamente: além de ficar sem o serviço, ainda é forçado a custear a inoperância.

O caso Lafergs é ainda mais emblemático por se constituir numa síntese de tudo o que pode dar errado quando o poder público ousa estender sua capacidade gerencial a áreas fora de suas rotinas. Além de terem atrasado seis anos, as obras de modernização e ampliação do empreendimento acabaram custando o dobro do previsto num primeiro momento.

Pior: foram executadas sem que fossem levadas em conta as normas em vigor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O resultado é que o empreendimento acabou sendo alvo de furtos, equipamentos perderam a garantia sem nunca terem sido utilizados, muita matéria-prima acabou indo parar no lixo e houve até mesmo o registro de multa por má utilização de energia elétrica.


A ineficiência e o descaso nessas proporções com o patrimônio público e com os contribuintes só ocorrem e se mantêm sob tantas administrações diferentes porque, no final, as responsabilidades se diluem e ninguém acaba punido. O contribuinte, claramente o maior prejudicado, não pode se conformar com esse tipo de abuso, ainda mais numa área na qual já há problemas de sobra, como saúde pública.