quarta-feira, 23 de dezembro de 2020


23 DE DEZEMBRO DE 2020
MARIO CORSO

Ficção fictícia

Por um azar do destino, um vírus surgido na China apavorou o mundo. Não matava ninguém, era uma gripezinha, mas causava impotência sexual permanente e irreversível nos homens. Potências do mundo se uniram para fazer as vacinas. Os exércitos saíram às ruas para ajudar no lockdown. Mulheres sem máscara eram hostilizadas como desumanas. Algumas delas riam como nunca. Foi considerada a maior das maiores tragédias da humanidade.

Por um azar do destino, um vírus surgido na China apavorou o mundo. Não matava ninguém, era uma gripezinha, mas causava perda total e irreversível do cabelo. Potências do mundo se uniram pelas vacinas. O lockdown era relativizado. Mulheres se desesperavam pela possibilidade de ter que usar peruca para sempre. Homens dificilmente usavam máscaras. Os carecas nunca foram tão felizes. Foi considerada uma grande tragédia para a humanidade.

Por um azar do destino, um vírus surgido na China apavorou o mundo. Não matava ninguém, era uma gripezinha, mas matava pets. Cães e gatos morriam às pencas. Metade da população considerou que o Armagedon chegara. Não fizeram lockdown. Familiares deixaram de se falar pelo uso ou não de máscara. Foi considerada a maior desgraça desde as pragas do Egito, mas não por todos. Nunca a humanidade ficou tão dividida. Foi considerada uma tragédia ma non troppo para a humanidade.

Por um azar do destino, um vírus surgido na China apavorou o mundo. Não matava ninguém, era uma gripezinha, mas atacava o sistema límbico, deixava as pessoas sem motivação para consumo. Ninguém comprava nada. Todos estavam satisfeitos com o que tinham. Potências do mundo se uniram para fazer vacinas. Os exércitos saíram às ruas para ajudar no lockdown. Toque de recolher obrigatório com pena de morte foi imposto em todos os países. Pessoas sem máscaras eram abatidas nas ruas sem dó. Foi considerada a maior tragédia da humanidade. Até porque quem não pensasse assim era sumariamente executado.

Por um azar do destino, um vírus surgido na China apavorou o mundo. Não era uma gripezinha, matava quem usava muito o cérebro, escrevia, entendia de ciência, gostava de leitura. Pastores promoviam aglomerações. Quase ninguém usou máscara. Governos não tomaram nenhuma medida. Depois da mortandade inicial, começou a morrer muita gente de qualquer coisa, pois as equipes de saúde dos hospitais se foram. Jornais fecharam, aviões caíram, termonucleares explodiram, a internet parou. Não se cogitou vacina. Não foi considerado um problema; para muitos, uma solução. E a vantagem é que a Terra, por unanimidade, voltou a ser plana e todas as vacinas foram banidas.

MÁRIO CORSO

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