Fantasmas do 6 de Janeiro assombram a América
Ganhe quem ganhar hoje nos Estados Unidos, a história estará sendo escrita. Se Kamala Harris vencer, será a primeira mulher a chegar à presidência. Se o eleito for Donald Trump, será a segunda vez na longa trajetória política americana em que um presidente consegue um novo mandato após perder a primeira tentativa de reeleição - o único até agora a conseguir essa façanha foi Grover Cleveland, no distante 1892. Sem falar que, se der o republicano, os americanos terão, pela primeira vez, um presidente eleito condenado criminalmente pela Justiça.
Entretanto, não é apenas pela biografia dos contendores que essa eleição é histórica. Há uma conjunção de fatos e características que tornam essa edição única.
Kamala é negra e descendente de imigrantes asiáticos. Trump é a própria encarnação do acrônimo "Wasp" - as iniciais de "branco, anglo saxão e protestante".
Mais: se você acha que o Brasil está dividido ideologicamente, saiba que, por lá, a situação é mais grave: o país está cindido ao meio a ponto de especialistas em relações internacionais não descartarem, em um futuro, a hipótese de uma nova guerra civil.
São duas visões opostas: se Kamala vencer, os EUA viverão a continuidade do governo Joe Biden, com aposta no multilateralismo. Se Trump ganhar, a tática, a exemplo do primeiro mandato, será de maior isolamento. Ela quer o país dentro dos acordos globais do clima. Ele deseja a nação fora.
O país chega ao dia da eleição após uma campanha como poucas vezes se viu: houve a desistência de Biden, então candidato à reeleição, e um atentado que por pouco não tirou a vida de Trump. O 5 de novembro também é um teste para a própria democracia - ironicamente, a mais tradicional do mundo. Será o primeiro pleito desde a vergonha do 6 de janeiro de 2021 e da infame invasão do Capitólio por apoiadores de Trump, que não reconhecia - e nunca reconheceu - a derrota do ano anterior. Sem dúvidas, quando as urnas forem fechadas hoje à noite, fantasmas daquele dia assombrarão a América. _
Últimas pesquisas
The Hill/Emerson
Estados Trump harris
Pensilvânia 49% x 48%
Michigan 48% x 50%
Wisconsin 49% x 49%
Carolina N. 49% x 48%
Georgia 50% x 49%
Arizona 50% x 48%
Nevada 48% x 48%
NY Times/Siena*
Estados Trump harris
Pensilvânia 48% x 48%
Michigan 47% x 47%
Wisconsin 47% x 49%
Carolina N. 46% x 48%
Georgia 47% x 48%
Arizona 49% x 45%
Nevada 46% x 49%
InsiderAdvantage*
Estados Trump harris
Pensilvânia 49% x 48%
Michigan 47% x 47%
Wisconsin 47% x 49%
Carolina N. 49% x 47%
Georgia 49% x 48%
Arizona 49% x 46%
* Pesquisas divulgadas no domingo.
Dia agitado para campanhas e eleitores
Kamala Harris passou o dia na Pensilvânia, onde realizou cinco eventos. A democrata passou por cidades como Scranton, Reading, Allentown e Pittsburgh e encerrou a noite na Filadélfia, onde participou de um evento com artistas como Lady Gaga e Oprah Winfrey.
Já Donald Trump iniciou o dia na Carolina do Norte e também passou pela Pensilvânia, em eventos nas cidades de Reading e Pittsburgh. O encerramento da campanha ocorreu no Grand Rapids, Michigan.
O dia foi intenso também para os eleitores. Em Burnsville, na Carolina do Norte, placas indicavam "vote aqui" em inglês e em espanhol. _
Os horários em que terminam a votação
Já às 21h30min é a vez da Carolina do Norte, um swing state.
Às 22h em outros 17 Estados, incluindo a Pensilvânia. Michigan e Texas também se encerram neste horário. Às 22h30min é a hora do Arkansas e às 23h mais 15 Estados, incluindo Arizona, Michigan e Wisconsin.
Já amanhã, à 0h, o Arizona. Entre 2h e 3h, por fim, encerram as urnas no Havaí e Alasca. _
Lojistas com medo do que pode ocorrer após a eleição
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