18
de maio de 2014 | N° 17800
PAULO
SANT’ANA
Dilma de
vermelho
Quando
me avistou no Alvorada, a presidente Dilma elogiou a minha gravata vermelha.
Mas ironicamente acrescentou: “Vermelha?”. Eu respondi a ela de pronto: “Tive o
esmero de telefonar para o cerimonial do Planalto e perguntar sobre a cor do
vestido que a senhora usaria para nos receber. Disseram-me que era vermelho,
então eu só combinei nossas cores”.
Na
janta que nos proporcionou no Alvorada, Dilma nos ofereceu, entre tantos
petiscos, um camarão espetacular. Que camarões! Com raviólis e saladas, que nem
conheço alguns vegetais.
Bastou
para que dois leitores me escrevessem dizendo “que me vendi pelos camarões da
presidente”.
Olhem,
não me vendi ainda, mas, se da outra vez que eu for a Brasília ela me servir
lagostas do nível dos camarões, aí então me vendo mesmo e mando a isenção para
as cucuias.
Sem
brincar, fiquei impressionado com o interesse tenso e entusiasmado que a
presidente empresta à Copa do Mundo.
Foi
Lula que conseguiu a Copa do Mundo e se empenhou por realizá-la. Vejo então que
Lula deu um limão ácido para Dilma e ela está preparando uma limonada.
Comi
os camarões e, enquanto se desdobrava o jantar-reunião com Dilma, devo ter bebido
uns quatro cálices de licor, de marca tradicional e modesta, Amarula. A
presidente bebeu só, durante todo o tempo, água mineral.
E o
vinho que foi servido era sensacional. Provei-o em vários cálices, não era de
Caxias, mas era gaúcho: Luiz Argenta, de Flores da Cunha. Que vinho tinto!
Dilma
nos levou a conhecer algumas dependências do Alvorada, entre elas a capela. Ela
parecia ser orgulhosa em morar naquele lugar. Juca Kfouri ainda brincou: como é
que um arquiteto comunista (Niemeyer) podia ter erguido uma capela cristã?
Dilma,
por minutos largos, só ouvia, ouvia, ouvia. Eu desconfiava de que ela nos levou
lá para ouvir-nos.
E,
quando falava, era firme na voz e na dialética, aquiescia quando a interrompiam
– e continuava.
Por
tudo isso e muito mais, voltei de Brasília apaixonado por tudo e por todos.
E
voltei apaixonado pelo trânsito de Brasília, aquelas largas avenidas fluídicas
de veículos, sinalização impecável.
Temos
uma grande e linda capital. Bendito Juscelino!