ELIANE
CANTANHÊDE
A derrota de Dilma
BRASÍLIA
- Ganhe ou perca a reeleição, Dilma Rousseff não escapa mais de uma derrota no
seu primeiro mandato: na economia. Não foi por falta de aviso. Até Lula alertou.
Enquanto
Dilma usa a propaganda de TV, debates e entrevistas para falar de programas pontuais,
como o Pronatec, que qualquer gerente faz, a economia brasileira continua dando
uma notícia ruim atrás da outra.
O
desafio da oposição não é bater na tecla de PIB, controle fiscal e contas
externas (a maioria das pessoas nem sabe o que é isso), mas ensinar que não se
trata só de números nem atinge só o "mercado" e a "elite". Afeta
o desenvolvimento, a indústria, os investimentos, a competitividade e,
portanto, a vida de todo mundo e o futuro do Brasil.
O
super Guido Mantega, que sempre prevê PIBs estratosféricos e acaba se
esborrachando com os resultados, conseguiu adicionar uma pitada de ridículo nas
novas notícias ruins. Na quinta (28), ele disse que os adversários de Dilma
levariam o país "à recessão". Na sexta (29), o governo anunciou que o
risco já chegou: o recuo da atividade econômica pelo segundo trimestre
consecutivo caracteriza... "recessão técnica". Ou "herança
maldita", segundo Aécio. Não há Pronatec que dê jeito...
Para
piorar as coisas, vamos ao resultado fiscal anunciado na mesma sexta: o governo
federal (Tesouro, BC e INSS) teve o maior rombo do mês de julho desde 1997. A presidente candidata anda
gastando muito.
Passado
o trauma da morte de Eduardo Campos e assimilada a chegada triunfal de Marina
Silva, a economia retoma o centro do debate eleitoral. Não há uma crise, mas há
má gestão. Como Campos dizia, Dilma é "a primeira presidente a entregar o
país pior do que encontrou".
Dilma
e Mantega culpam o cenário internacional. Marina, rumo à vitória, e Aécio dizem
que não é bem assim e apontam quem vai arranhar o joelho, cortar o cotovelo e
talvez machucar a cabeça se a economia for ladeira abaixo. O eleitor, claro.