28
de agosto de 2014 | N° 17905
PAULO
SANT’ANA
A volta de Lula
O
avanço da candidatura de Marina Silva nas pesquisas pode provocar uma pororoca
na sucessão presidencial.
Diante
das pesquisas que vêm dando como certa a eleição de Marina no segundo turno,
ela que vem se distanciando nas consultas à frente de Dilma no segundo turno,
eu posso prever a possibilidade de que o PT, amedrontado com a perspectiva de
vir a perder o poder, pode substituir Dilma por Lula como candidato à Presidência.
Raciocinem
comigo: se Dilma estiver prestes a ser derrotada por Marina Silva no segundo
turno, o PT pode tomar uma providência urgente e estrutural, lançando Lula como
candidato ao cargo.
Eu
avalio Lula substituindo Dilma como candidato como uma bomba de nitroglicerina
mais potente do que foi a morte de Eduardo Campos, que afinal catapultou Marina
para a liderança dela nas pesquisas de segundo turno.
Eu
falo nisso porque alguns políticos estão sendo desarquivados. Pedro Simon
voltou espetacularmente a ser candidato ao Senado, depois de ter jurado que
tinha abandonado a carreira política.
Com
Olívio Dutra se dá o mesmo, mas não deixa de ser surpresa que o PT o tenha
arrancado da cartola para evitar que Lasier Martins venha a ser eleito senador.
Tenho
certeza de que, para não estancar as três últimas e consecutivas vitórias do PT
nas eleições presidenciais, duas vezes com Lula e uma vez com Dilma, Lula não
vacilaria em lançar-se no lugar de Dilma, num gesto desesperado para salvar a
superioridade do PT nas eleições supremas.
Lula
iria então alegar que estava a serviço do seu partido e Dilma seria convencida
a declarar que dava lugar a Lula na corrida presidencial em nome de uma causa
maior: a manutenção pelo PT do poder soberano na escala política nacional.
Se
Lula fosse assim eleito pela terceira vez à Presidência, esse seria um fato inédito
na história da República e os petistas saboreariam uma tal vitória como a maior
de todas as glórias em sucessões presidenciais.
Esta
minha cogitação flerta espetacularmente com a lógica, baseada estritamente num
só ponto: a tentativa dramática do PT de se manter no poder e não dar lugar a
uma derrota que poderia afastá-lo definitivamente do sonho de supremacia
eleitoral em eleições presidenciais mais duradoura de todos os tempos.
Tomem
nota disso em seus apontamentos e não sejam surpreendidos por essa reviravolta
estupenda nas eleições.
O
fato é que Marina Silva tem subido nas pesquisas como uma pirâmide em demanda
do infinito.