ELIANE
CANTANHÊDE
Tempo corre contra Marina
BRASÍLIA
- O Datafolha reflete um momento específico: é o primeiro imediatamente depois
da morte de Eduardo Campos e antes dos programas de TV. Muita água vai rolar.
Mesmo
assim, todas as campanhas, ainda tontas pela tragédia, vão ter de se recompor
com base nesses dados. E Aécio Neves se vê, subitamente, "ensanduichado"
entre Dilma Rousseff, a favorita, e Marina Silva, a grande novidade.
Dilma
teve a pior notícia: a vitória no primeiro turno evaporou, e ela está num
empate técnico com Marina num eventual segundo turno entre as duas. Mas Dilma não
perdeu um só ponto para a nova adversária, e candidatos à reeleição dependem até
mais da avaliação de governo e dos índices de rejeição do que de intenções de
voto. O ótimo/bom do governo subiu de 32% para 38%, e o ruim/péssimo caiu de 29%
para 23%.
Marina
teve as melhor notícia: já larga com 21%, em meio a enorme exibição na mídia e
gerando expectativa de vitória final. Mas a excepcionalidade do momento passa,
e ela tem as piores condições. Seu partido não é seu; PSB e Rede têm uma relação
complicada; os arranjos estaduais estão em suspense; setores que se encantavam
com Campos não se encantam com ela; setores que se encantavam com ela
desencantaram-se. Não será uma campanha fácil. O tempo corre contra Marina.
E Aécio?
Respira aliviado por não perder capital para Marina, mas está estacionado em 20%
e espremido entre as fortes condições de Dilma (tempo de TV, palanques
estaduais, imagens de obras de governo) e os ventos favoráveis a Marina (foco
das atenções, o bom "recall" de 2010 e a ansiedade por uma terceira
via).
E
mais: Dilma pode bater em Aécio, Aécio pode atacar Dilma, Marina pode dizer
poucas e boas contra os dois. Mas Dilma e Aécio não podem mirar Marina agora,
porque teria efeito bumerangue.
Em
ascensão, ela está livre para voar sem os estilingues dos adversários. Mas
cuidado com os "aliados"!