PAULO
VINÍCIUS COELHO
A guerra dos cem anos
O
Palmeiras completa 100 anos nesta terça e precisa movimentar-se para se manter
entre os campeões
O
meia Diego Souza negociou seu retorno ao Palmeiras, mas preferiu assinar com o
Sport, no início de agosto. Depois da negociação concluída, um de seus
representantes afirmou: "Daqui a três ou quatro anos, vai haver uma divisão
entre os clubes. Alguns serão ex-grandes. Só alguns estarão entre os gigantes."
A
evidente referência ao Palmeiras pode ser exagerada. Ao mesmo tempo é um sinal
extra de que o histórico clube que completa 100 anos nesta terça precisa
movimentar-se para se manter entre os campeões.
São
vinte anos sem ganhar o Brasileiro, quinze de distância da conquista da
Libertadores, apenas duas taças no século 21.
A última delas, a Copa do Brasil de 2012, veio no ano do
rebaixamento. Em vez de orgulho, o ano retrasado traz aos palmeirenses receio
de vê-lo repetir-se.
Ultrapassar
a fronteira e colocar-se de novo entre os que ganham campeonatos com frequência
já era um desafio quando Luiz Gonzaga Belluzzo assumiu a presidência, em 2009. Os
troféus não vieram, a construção do novo estádio, sim. Havia um motivo de
orgulho e de ousadia.
Arnaldo
Tirone deu a Copa do Brasil, mas aumentou a dívida ""Della Monica e
Belluzzo também "" e jogou o clube nas trevas da Segundona ""
Mustafá idem.
Com
Paulo Nobre, seria necessário aumentar a receita e diminuir a dívida. A receita
diminuiu e a dívida cresceu. Foi isso o que aconteceu, mesmo que alguém
argumente com a "generosidade" de Paulo Nobre, que emprestou a juros
mais baratos do que o mercado cobra.
De
todas as obrigações do mercado moderno do futebol, só uma coisa andou em frente.
As divisões de base estão reformuladas e começam a produzir jogadores. O
lateral Vítor Luís e o volante Renato são titulares. O técnico Ricardo Gareca já
escalou o meia Eduardo Júnior e observa o atacante Gabriel Jesus, o Borel. A
situação hoje não é igual à do período da fila na década perdida de 1980. É pior.
Naquela
época, o futebol brasileiro era estadual e os grandes clubes levavam sua
grandeza para as disputas nacionais. Só por isso o Brasil é o único país do
mundo com supostos doze clubes gigantes.
Esse
número não vai resistir.
Em
onze campeonatos de pontos corridos, só seis clubes foram campeões. Some Inter
e Atlético-MG, campeões da Libertadores nesse período. Vasco e Palmeiras
ganharam a Copa do Brasil, Grêmio e Botafogo não ganharam torneio nacional.
Nem
os vencedores são estáveis. Atlético, Flamengo e Fluminense também precisam
evitar aproximar-se da linha tênue que dividirá os vencedores dos ex-grandes.
A
reflexão do Palmeiras é mais séria. A torcida envelhece, os títulos rareiam. Ao
mesmo tempo, é o único clube do país com dois sócios potenciais: W. Torre e
Allianz. Aos co-proprietários do estádio, não interessa um time medíocre. Aos
palmeirenses de coração, também não.