25
de agosto de 2014 | N° 17902
SAÚDE
Uma lista com mil
pacientes
Há
15 anos, Terezinha Perin convive com o preconceito pelo excesso de peso. Há
quatro anos, com a apneia que a impede de ter um sono tranquilo. Há três anos,
com a espera pela cirurgia bariátrica que pode acabar com os dois incômodos.
Aos 62 anos e pesando 123 quilos, a vendedora de roupas – que precisou parar de
exercer a profissão por causa dos problemas de saúde – foi encaminhada para a
cirurgia por uma médica clínica geral do Centro de Saúde Modelo, em Porto
Alegre, em 2011.
Nesta
subespecialidade – cirurgia de obesidade mórbida – o tempo médio de espera é de
23 meses. Só na Capital, mais de mil pessoas estão na lista. No ano passado, 30
meses após o encaminhamento, Terezinha começou o processo de passar pelas
avaliações de diferentes especialistas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
passo essencial para chegar à cirurgia. Ela já se sente pronta, mas está
consciente de que há muitos na fila e estima que o sonho (que virou
necessidade) se concretize apenas daqui a dois anos.
Com
dificuldades para respirar, ganhou o direito de receber da prefeitura um
aparelho, semelhante a um compressor de ar. Só com a máscara é que consegue
descansar.
–
Nem penso em dormir sem isso. Tenho medo. A obesidade é uma doença, está me
matando – diz Terezinha.
Enquanto
aguarda, faz caminhadas diárias e frequenta academia. Da janela do apartamento
onde mora com o marido pode ver o Clínicas. As consultas marcadas no hospital
têm amenizado a espera pela cirurgia sem data marcada.
Segundo
o secretário de Saúde de Porto Alegre, Carlos Casartelli, o sistema estabeleceu
diminuição das filas no início da implantação, em 2011, porque a forma de
agendamento era “medieval”. Conforme o registro no Centro de Saúde Modelo, o
pedido pela operação de Terezinha entrou no sistema somente em agosto de 2012.
Ainda
segundo Casartelli, a demora na cirurgia de obesidade mórbida está relacionada
com a baixa oferta porque há apenas seis centros no Estado habilitados para
fazer esse procedimento pelo SUS.
Essa
é a nossa saúde. E os governos que estão ai, ainda tem a coragem de se
candidatar para se reelegerem e o pior é que muitos ainda conseguem - Cada povo
com o governo que merece não é mesmo?