sexta-feira, 13 de janeiro de 2017



13 de janeiro de 2017 | N° 18740 
NÍLSON SOUZA

VOZES DO BRASIL

Eta coisa emocionante esse The Voice Kids, que a Globo joga na sala da gente nas tardes de domingo. Não há como não se comover com a espontaneidade das crianças que se apresentam para a seleção dos jurados e para a disputa de um lugar ao sol no mundo do espetáculo. Tudo é bonito no programa, a começar pelas vozes maravilhosas e pelo talento das crianças do Brasil, passando por flashes da vida pessoal dos cantores e concluindo com a extrema sensibilidade dos artistas escolhidos para fazer o papel de juízes e treinadores. Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e a dupla Victor e Leo tratam a garotada com doçura e justiça, tanto para o aguardado “sim” das viradas de cadeiras quanto para o consolador “não desista”, que nunca é um “não” desanimador e definitivo.

Claro que todos torcemos para os nossos conterrâneos e para os pequenos, mas há um momento em que o valor supremo da música se impõe. No ano passado, lembro, muita gente ficou decepcionada com o resultado final, quando a carismática Rafa Gomes, de 10 anos, perdeu para o adolescente Wagner Barreto, de 15. Mas a reconhecida técnica vocal do rapaz foi decisiva para dar-lhe o primeiro lugar.

A vida é assim, desde os tempos primitivos. Como disse o profeta, muitos serão chamados, poucos serão escolhidos. Assim como esses meninos e meninas selecionados para ir ao ar na competição televisiva, deve haver milhares de crianças por todo o país com afinação e vocação para cantar. Mas o funil do destino é inexorável.

O que mais encanta nos pequenos artistas é a determinação para enfrentar um teste público estressante, sem deixar que o coração dispare mais do que a voz. Mesmo quando o nervosismo é visível, eles conseguem levar a canção até o fim. E o telespectador vai junto, não tem como não ter empatia. Até mesmo porque um programa que reúne tantas fofuras acaba servindo de contraponto à realidade cruel dos noticiários e à violência generalizada dos filmes, das novelas e até dos desenhos animados.

Precisamos muito ouvir mais esse Brasil do futuro que canta e encanta.