sexta-feira, 17 de abril de 2020



17 DE ABRIL DE 2020
+ ECONOMIA

Conciliar saúde e economia será maior desafio de Teich

Antes da pandemia, era Paulo Guedes, ministro da Economia. Mas quando o coronavírus virou de cabeça para baixo as prioridades planetárias, o papel de fiador da credibilidade global do Brasil passou a ser o da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Sua condução baseada em "foco, ciência e disciplina" compensava, em boa parte, o negacionismo do Palácio do Planalto.

Quem entende números e domina raciocínios abstratos sabe que a curva terá um desenho com restrições, e outro, mais explosivo, sem.

Se no Brasil o caos não se instalou na rede de saúde, foi pelo sucesso relativo da estratégia de Mandetta.

Seu sucessor, portanto, tem o desafio de impedir que a imagem do Brasil, já ruim, piore. Nesta semana, em editorial, o Washington Post observou que a pandemia virou teste global de qualidade de governança. Põe no topo Nova Zelândia, Taiwan, Coreia do Sul e Alemanha e, no "fundo do poço", Belarus, Turcomenistão, Nicarágua e Brasil, "O caso mais grave é o do presidente brasileiro Jair Bolsonaro", opina o jornal americano. Em sua primeira manifestação, Nelson Teich deu esperanças. Considerou "muito ruim" opor saúde à economia:

- Não competem entre si, são complementares.

Mais ainda, são interdependentes, ponderou. Também afirmou que não haverá "decisão brusca" sobre isolamento social. Mas Teich ainda terá de explicar o que quis dizer em um vídeo que circulou ontem, no qual diz que "o dinheiro é limitado e as escolhas são inevitáveis", sugerindo que entre tratar um idoso e um adolescente, seria preciso escolher. Deve faltar contexto.

Se no Exterior o Brasil já era visto como um país sem compromisso ambiental, agora pode vir a ser relacionado à falta de responsabilidade no combate à pior pandemia em séculos. Caberá a Teich impedir que isso aconteça.

Oportunidade e desigualdade "colossal"

No terceiro e último dia do Fórum da Liberdade - Em Casa, o empresário Jorge Paulo Lemann lembrou da primeira à mais rumorosa aquisição que fez durante crises. Mencionou desde a corretora de valores comprada em 1971, seguida por uma queda de 70% na bolsa, até a compra da Anheuser-Busch, em 2008, quando concentrou boa parte do mercado mundial de cerveja:

- As oportunidades que aproveitamos em tempos de crise foram melhores do que as que aproveitamos em tempos normais, com preços melhores.

Lemann descreveu ainda quatro passos essenciais para as empresas durante crises:

- Em primeiro lugar, nosso principal objetivo é sobreviver, melhorando o caixa e a eficiência. Em segundo, tratar bem todos os que trabalham conosco, que fiquem saudáveis e ganhem dinheiro no futuro. Em terceiro, melhorar as relações com clientes, adaptar produtos. Em quarto, precisamos ver a contribuição que temos a dar à sociedade.

Lemann avaliou que, na retomada, será importante reduzir a polarização. Argumentou que é preciso ter "mais bom senso e mais pragmatismo". E não encerrou sua participação antes de dizer:

- O Brasil tem desigualdade social colossal, que todos temos de trabalhar para diminuir.

No RS, Havan suspende 85% dos contratos

A rede Havan confirmou à coluna a suspensão de contrato de trabalho de 11 mil funcionários. O número representa metade do quadro da empresa, de 22 mil pessoas. No Rio Grande do Sul, onde a Havan tem 800 funcionários distribuídos em seis unidades - Caxias do Sul, Ijuí, Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo e Viamão -, 677 colaboradores terão contratos suspensos, confirmou a empresa à coluna. Nesse caso, 85% serão atingidos pela medida.

O modelo adotado pela empresa garante quatro meses de estabilidade aos funcionários. Em nota, a Havan informou que outros colaboradores receberam férias ou estão em home office.

No procunciamento, o dono da Havan, Luciano Hang, chama de "mentirosa" a informação que circula nas redes sociais de que a rede teria demitido 2 mil funcionários. Representantes de sindicatos de comerciários nas cidades onde haverá suspensão adiantam que vão homologar os acordos, já que estão amparados na MP 936.

a nossa parte #juntoscontraovírus

Máscara para dentro e fora da firma

Diante da falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) no mercado, três empresas do Vale do Sinos se juntaram para fabricar máscaras. A Artecola Química se uniu ao Grupo MG, seu prestador de serviços de limpeza e segurança, e à JC Uniformes, fabricante de uniformes e EPIs. Vão produzir para abastecer a demanda interna das três parceiras. Foi a saída para garantir segurança aos colaboradores que trabalham em atividades essenciais. A solução acabou beneficiando também a comunidade: parte das máscaras e um lote de uma substância higienizadora de superfícies produzido pela Artecola foram doados à prefeitura de Campo Bom. Outro lote será entregue à prefeitura de Novo Hamburgo.

O Weinmann passou a fazer teste rápido que detecta presença de anticorpos para a Covid-19. conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), só deve ser realizado por indicação médica. em Porto Alegre, As unidades que realizam o exame são Nilo Peçanha, Menino Deus e Moinhos de Vento. também pode ser realizado pelo serviço de coleta domiciliar.

Venda de farinha duplicou no súper

Produtos indispensáveis na fabricação de pães e bolos, o fermento químico e as farinhas estão entre os itens mais procurados nos supermercados durante a pandemia do coronavírus. Segundo dados da Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas), desde o avanço do distanciamento social, os supermercados do Estado estão vendendo, em média, quatro vezes mais fermento e duas vezes mais farinha. O presidente da Agas, Antonio Longo, disse que, apesar do aumento na demanda, não há falta dos produtos nas prateleiras dos supermercados. Também houve aumento na produção de farinha, embora não na mesma proporção das vendas. A Orquídea Alimentos elevou em 10% a fabricação de farinhas e mistura para bolos. Segundo Gerson Pretto, diretor industrial do Moinho Estrela, as vendas para o varejo subiram no período:

- Houve aumento, atualmente o cenário está entre aquecido e normal. Por mais que o mercado de embalagens de um quilo aumente, não acrescenta tanto no volume de produção. Por outro lado, houve redução na venda das embalagens de cinco quilos, que são compradas por pequenos empreendedores.

Segundo o Google Trends, os termos "receita de pão" e "receita de bolo" tornaram-se populares no último mês. No Brasil, os usuários de Santa Catarina lideram a busca pelos termos. Os gaúchos estão em quarto lugar. No Estado, o pico da pesquisa "receita de pão" foi registrado em 28 de março.

MARTA SFREDO

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