quinta-feira, 3 de dezembro de 2020


03 DE DEZEMBRO DE 2020
IMÓVEIS EM PORTO ALEGRE

Maior procura por residências, menor por lojas comerciais

Diferença de situação no mercado é efeito da pandemia, com impacto do home office e nas atividades econômicas

Há uma espécie de contraste no mercado imobiliário de Porto Alegre na pandemia. Com a população por mais tempo em casa e o juro em baixa, a procura por imóveis residenciais apresenta sinais de reação. Assim, o preço de venda de apartamentos acumula alta ao longo do ano. Enquanto isso, a paralisação de atividades econômicas e o regime de home office reduziram a demanda por salas e conjuntos comerciais. O resultado é a queda no valor desses espaços.

A diferença é dimensionada pelo Índice FipeZap, desenvolvido em parceria pela Fipe e pelo Grupo Zap. A pesquisa leva em conta anúncios publicados na internet.

De janeiro a outubro, o preço médio de imóveis residenciais registrou avanço nominal de 1,46% na Capital. Com isso, o valor de venda foi estimado em R$ 5.979 por metro quadrado. A alta no acumulado ainda fica abaixo da inflação na Grande Porto Alegre - em igual período, o IPCA subiu 1,53% na região. O Índice FipeZap avalia anúncios de apartamentos prontos para morar em 50 municípios brasileiros.

Os imóveis comerciais, por outro lado, tiveram baixa de 0,93% no preço médio, em Porto Alegre, de janeiro a outubro. O valor de venda foi de R$ 7.178 por metro quadrado. Na área comercial, o levantamento contempla anúncios de salas e conjuntos de até 200 metros quadrados em 10 cidades do país.

- Em termos normais, quando há crescimento econômico, o juro baixo é combustível para aumentar a demanda nos dois segmentos. Neste ano atípico, não. Em 2020, a atenção das pessoas com a casa cresceu. Isso, eventualmente, aumentou a intenção de adquirir imóveis residenciais. Ao mesmo tempo, a baixa na atividade econômica afeta empresas e, portanto, o segmento comercial - observa o economista Eduardo Zylberstajn, coordenador do Índice FipeZap.

Presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS), Aquiles Dal Molin Júnior também atribui as diferenças aos efeitos do coronavírus. Segundo ele, a demanda por apartamentos está "forte e consistente" na Capital, apesar da pandemia. O dirigente acrescenta que, durante o período de isolamento, consumidores têm buscado, principalmente, imóveis de maior área, com três dormitórios. No caso das salas comerciais, a expectativa é de avanço nos preços a partir de 2021, diz o líder empresarial:

- A pandemia aqueceu nas pessoas o desejo de investir em qualidade de vida e mudança de apartamento. Ocorreu o inverso com imóveis comerciais. Muita gente passou a trabalhar em home office.

Retomada

Presidente do Secovi-RS, que representa as imobiliárias, Moacyr Schukster relata que as vendas do setor sofreram baque logo após a chegada da covid-19. A melhora passou a ser sentida com maior força, no segmento residencial, a partir de julho.

- As pessoas precisam de moradia. O ramo residencial está praticamente normalizado. Existe confiança - afirma.

O contraste entre os segmentos não é exclusividade da capital gaúcha. Na média dos 50 municípios pesquisados, o preço médio de venda de apartamentos avançou 2,75% de janeiro a outubro. O valor por metro quadrado foi estimado em R$ 7.424 nesses locais. Já os imóveis comerciais apresentam redução de R$ 0,20%, nas 10 cidades pesquisadas pelo Índice FipeZap, no acumulado dos 10 meses. Na média, o metro quadrado custou R$ 8.476 em outubro.

O índice ainda traz dados segmentados por bairros e zonas urbanas. Em Porto Alegre, o Três Figueiras tem o maior preço médio de venda de apartamentos. Em outubro, o metro quadrado no bairro custou R$ 10.919. A menor marca foi preenchida pela Restinga, com R$ 2.367.

No segmento comercial, o preço mais elevado na Capital foi o do bairro Jardim Europa (R$ 12.907). O mais baixo foi verificado no Navegantes (R$ 3.141).

LEONARDO VIECELI

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