28
de setembro de 2014 | N° 17936
PAULO
SANT’ANA>
Filosofando...
Vamos
filosofar um pouco? Então, vamos.
Ninguém
pediu para nascer, foi no mínimo um desígnio de nosso pai e nossa mãe.
Pois
bem, depois de termos nascido, é muito provável que para muitos de nós a vida
não seja boa. E para estes, então, é negado o direito ao suicídio, tanto que há
religiões, como a católica, em que o suicida é rejeitado até nos sacramentos.
E
daí? Não pediu para nascer e é amaldiçoado se comete suicídio. Esse
comportamento religioso nos dá a entender que a gente é obrigado a viver.
Nasce-se sem ter querido e se está impedido de pôr fim à vida.
Em
compensação, há os felizes, os que amam a vida e dariam tudo para pedir mais
vidas ao Criador.
Por
sinal, há esses que amam a vida e suplicam para não morrer e há os que não
gostam de viver e, impedidos de se suicidarem pela lei religiosa ou sem coragem
de fazê-lo, continuam a sofrer.
De
tudo isso me sobra um ensinamento: temos de viver, sejamos felizes ou
infelizes. Fomos convocados à vida e temos de desempenhá-la. É o meu caso, como
disse esses dias, a vida me foi sofrida por um lado e risonha por outro.
Cumpro, portanto, vivê-la.
Imagino
que, antes de nascermos, somos chamados a um tribunal na presença do Criador e
nos é dado o direito de opção: queremos ou não queremos viver?
Acredito
que somos chamados a correr o risco: seremos felizes ou infelizes.
E aí
é que está a coisa: penso que todos escolhemos correr o risco de viver, tão
maravilhosa é a experiência da vida.
E
daí, então, que estamos aqui, só passamos a viver porque isso foi uma escolha
nossa.
Tem
de ser assim. Que não tenhamos escolhido viver me parece injusto.
Alguém
tem de viver. Não é a todos consentido que estejam num Nirvana, o Nada.
E eu
vou assim fugindo do meu Nirvana. Tenho me saído bem, nem meus sofrimentos têm
sido tão atrozes que não possa suportá-los, nem meus prazeres tão intensos que
possa eu ter-me fartado deles.
Isso,
em suma, é a vida.
E eu
vou vivendo-a...