Rodrigo
Constantino
Como Lula irá destruir o PT: os
postes que não acendem
Em
um artigo magnífico publicado nesta terça no GLOBO, o historiador Marco Antonio
Villa faz um breve resumo da trajetória personalista e autoritária de Lula,
mostrando como essa característica pode afundar de vez o Partido dos
Trabalhadores.
Desde
os tempos de sindicalista, Lula demonstrava esse viés narcisista e controlador.
Sua enorme vaidade e sua ambição desmedida fizeram com que fosse usando tudo e
todos em prol de seu projeto pessoal de poder, nada mais. Nunca soube cultivar
outras lideranças. Villa escreve de forma direta:
Lula,
com seu estilo peculiar de fazer política, por onde passou deixou um rastro de
destruição. No sindicalismo acabou sufocando a emergência de autênticas lideranças.
Ou elas se submetiam ao seu comando ou seriam destruídas. E este método foi
utilizado contra adversários no mundo sindical e também aos que se submeteram
ao seu jugo na Central Única dos Trabalhadores. O objetivo era impedir que
florescessem lideranças independentes da sua vontade pessoal. Todos os líderes
da CUT acabaram tendo de aceitar seu comando para sobreviver no mundo sindical,
receberam prebendas e caminharam para o ocaso. Hoje não há na CUT — e em
nenhuma outra central sindical — sindicalista algum com vida própria.
No
Partido dos Trabalhadores — e que para os padrões partidários brasileiros já tem
uma longa existência —, após três decênios, não há nenhum quadro que possa se
transformar em referência para os petistas. Todos aqueles que se opuseram ao
domínio lulista acabaram tendo de sair do partido ou se sujeitaram a meros
estafetas.
Lula
humilhou diversas lideranças históricas do PT. Quando iniciou o processo de
escolher candidatos sem nenhuma consulta à direção partidária, os chamados “postes”,
transformou o partido em instrumento da sua vontade pessoal, imperial,
absolutista. Não era um meio de renovar lideranças. Não. Era uma estratégia de
impedir que outras lideranças pudessem ter vida própria, o que, para ele, era
inadmissível.
Agora,
esses “postes” podem se apagar. Fernando Haddad é um gigantesco fracasso na
Prefeitura de São Paulo, amargurando uma das piores taxas de aprovação da história.
Faz uma gestão que para ser apenas medíocre teria de melhorar muito. Um “intelectual”
incapaz de administrar um condomínio, mas responsável pela cidade mais
importante do país. O resultado está aí, com trapalhada atrás de trapalhada.
Alexandre
Padilha não consegue decolar como candidato ao governo em parte como efeito
dessa desgraça na gestão de Haddad. Nem o populista programa Mais Médicos
ajudou a empurrar sua candidatura, que não sai do lugar e deverá ficar com menos
de 10% dos votos dos paulistas.
No
Rio, Lula bancou pessoalmente a candidatura de Lindbergh Farias, mesmo passando
por cima dos interesses partidários. Foi o que levou uma ala importante do PMDB
a fechar com Aécio Neves, criando a chapa “Aezão”. Mas o “poste”, mesmo com sua
cara de pau pintada, está abaixo de 10% nas intenções de voto também. Outro que
é mais pesado do que um hipopótamo, incapaz de alçar voos mais altos.
E o
maior “poste” de Lula, claro, é Dilma Rousseff, a primeira “presidenta” do país,
levada ao Planalto pelos braços de um homem, mas ainda assim celebrada pelas
feministas bobocas de plantão. Sua gestão é mais que sofrível: é caótica! O país
entrou em recessão, a inflação retornou com força, os investimentos pararam, a
indústria desabou e o clima é de total desesperança.
Diante
de retumbante fracasso, o que faz Lula? Afasta-se estrategicamente de sua
criatura, como se não tivesse nada a ver com isso. Não vamos esquecer que Lula
disse, na campanha de 2010, que Dilma era ele e ele era Dilma, ambos uma só pessoa.
O fracasso de Dilma é seu fracasso, mas o “Oráculo de São Bernardo”, como
espeta Villa, não pode errar, e por isso o silêncio covarde agora. Villa
conclui:
O PT
caminha para a derrota. Mais ainda: caminha para o ocaso. Não conseguirá sobreviver
sem estar no aparelho de Estado. Foram 12 anos se locupletando. A derrota
petista — e, mais ainda, a derrota de Lula — poderá permitir que o país retome
seu rumo. E no futuro os historiadores vão ter muito trabalho para explicar um
fato sem paralelo na nossa história: como o Brasil se submeteu durante tantos
anos à vontade pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva.
Amém!
Como disse o empresário Salim Mattar, da Localiza, em corajosa entrevista
recente, “ninguém aguenta mais” o PT, que mais parece um ajuntamento mafioso do
que um partido político. Seus membros aceitaram se submeter ao comando absoluto
de Lula, o líder carismático, o milionário “homem do povo”, em troca das
mamatas garantidas pelo poder. Muitos acreditaram em seus supostos dons incríveis,
seu toque de Midas para iluminar postes e garantir a perpetuação nas tetas
estatais.
Balela!
Escrevi no mesmo jornal um artigo comparando a ascensão política de Lula à econômica
de Eike Batista. Ambos foram muito mais levados pela maré chinesa do que
qualquer coisa. O fenômeno político Lula tem mais a ver com a política monetária
frouxa do Fed, o banco central americano, e com o acelerado crescimento chinês,
do que com seus méritos próprios e carisma.
O
populista estava na hora certa no lugar certo, com muito dinheiro para comprar
apoio. Achou que era um gênio. Não era. Nunca foi. Perdeu três eleições
seguidas, duas delas no primeiro turno para FHC, motivo pelo qual jamais
perdoou o sociólogo. E agora pode ter jogado a pá de cal definitiva no PT que
fundou, ao destruir qualquer liderança alternativa e concentrar todas as fichas
em seus “postes”, cada vez mais apagados.
Espero
ansiosamente pela oportunidade de escrever o obituário dessa praga chamada PT
que tanto mal espalhou pelo Brasil…
Rodrigo
Constantino