20
de setembro de 2014 | N° 17928
PAULO
SANT’ANA
Volta à
sentinela
Estou
voltando para meu posto que ocupo há 44 anos. O cirurgião Luiz Pereira Lima,
que me extraiu um câncer do intestino grosso há 15 dias, me garante que estou
curado. E com uma lambujem extraordinária: não precisarei de radioterapia e
quimioterapia, o que é o caminho do céu.
No
entanto, sofri dores atrozes nos 12 dias em que permaneci no hospital: só de
morfina usaram nove ampolas para me aliviar o sofrimento.
Num
espaço de 18 meses, extraí um câncer na rinofaringe e outro no intestino. É
preciso ter tutano.
Esses
dois cânceres que tive são arrolados entre os causados pelo cigarro. Quem fuma
três maços de cigarros por dia há 55 anos não pode recusar de maneira alguma
essa autoria da nicotina.
Então
por que não deixo de fumar? Exatamente por ser covarde. Não consigo me enxergar
sem o cigarro na boca, não tenho força, em suma, para renunciar ao prazer de
fumar.
Em
outras palavras, não tenho vergonha na cara.
Cheguei
à conclusão de que votará na Marina quem acredita em transformações.
E
votará na Dilma quem, embora entenda que o Brasil não está bem, acha que sem
ela pode vir a piorar.
No
Brasil, existem a Polícia Civil, a Polícia Militar, a Polícia Federal, as
guardas municipais, paralelamente a elas a Receita Federal e uma infinidade de
órgãos que policiam os cidadãos em seus atos.
São,
portanto, milhões de pessoas a policiar outros milhões.
Uns
vigiando os outros, e mesmo assim se sucedem os delitos e as infrações.
Ou
seja, o homem está sujeito à tentação e delinque. Por isso é que se estabelecem
as punições, ainda assim elas são desafiadas corajosamente pelos cidadãos.
A
maioria delinque porque acredita que não será apanhada em infração. Poucos
praticam delitos ou infrações e escapam das malhas da lei, estes são os que
transmitem aos outros a impressão de que é possível escapar às sanções.
E o
quartel-general da delinquência são as prisões. As unidades outras continuam
soltas pelas ruas.
Agradeço
a todos os que escreveram ou telefonaram para desejar-me pronto
restabelecimento.
Obrigado,
gente querida.