22 de janeiro de 2014 |
N° 17681
PAULO SANT’ANA
O preço do vício
Pela oitava vez em minha vida,
estou tentando parar de fumar visando a não adquirir o segundo câncer, já que
tive o primeiro dois anos atrás.
O primeiro câncer, tive-o na
rinofaringe, curei-o com uma cirurgia do doutor Nédio Steffen.
Fumar é um maldito vício na minha
vida. Mas fumar é também um bendito prazer.
Daí esse confronto antípoda entre
cessar de fumar ou continuar fumando.
Fumo desde que tinha 20 anos de
idade. São, portanto, 54 anos de ataques incessantes da nicotina e do alcatrão
aos meus pulmões e demais órgãos respiratórios, sempre com três maços de
cigarros por dia.
Fiz a conta: foram, até agora, 54
anos de fumante por que passei; portanto, fumei até agora durante 19.710 dias;
a cada dia fumei três maços, foram portanto 59.130 maços de cigarros que fumei
na minha vida até agora; só por curiosidade, já fumei então 1 milhão 182 mil e
600 unidades (cigarros); continuando, com o preço atualizado de R$ 8,75 por
maço, gastei então R$ 517.387,50 até hoje só para custear meu vício.
Notem então que gastei nesses 54
anos de vício mais de meio milhão de reais, o que daria para eu comprar um belo
e confortável apartamento.
Ou seja, além de colocar minha
vida em risco máximo, gastei em cigarros até agora mais de meio milhão de
reais, dinheiro que soneguei para variados e hipotéticos benefícios para as
duas esposas que tive e os três filhos que tenho.
É demais, é uma estupidez, uma
loucura!
Vejam bem que eu sou apenas um
dos milhões de fumantes brasileiros.
Por esses dados, vejam quanto
gastaram no último século os fumantes brasileiros.
E notem uma coisa: está neste meu
relato contida razão por que os governos não proíbem o consumo de cigarros em
vez de os manterem à venda em todas as esquinas.
O cigarro, portanto, não é
proibido porque ele enche as burras dos tesouros de todos os governos, uma
fortuna colossal.
Finalmente, o que mais interessa:
comecei ontem a parar de fumar. Sinto-me na quase certeza de que fracassarei
pela oitava vez.