segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024


12 DE FEVEREIRO DE 2024
INFORME ESPECIAL

A volta do lobo-guará

Armadilhas fotográficas espalhadas por uma propriedade rural de Cambará do Sul, nos Campos de Cima da Serra, fizeram no ano passado 12 registros de imagens de lobos-guará (fotos). Seriam dois indivíduos, provavelmente macho e fêmea. A área é lindeira ao Parque Nacional da Serra Geral. O trabalho foi publicado na sexta-feira em forma de artigo em uma revista científica europeia.

De acordo com o analista ambiental do ICMBio Rodrigo Cambará Printes, é a primeira vez em 14 anos que a presença recorrente da espécie é documentada no Rio Grande do Sul. Existem registros esporádicos neste intervalo, inclusive em outras regiões, mas feitas por turistas e proprietários rurais - sem rigor científico, portanto. 

Uma das principais hipóteses é que os lobos-guará, nativos do território gaúcho mas considerados "criticamente ameaçados" por aqui, estejam expandindo sua área de distribuição nos últimos anos, vindos de outras partes do país. Assim, diz Printes, aparentemente há um retorno de populações ao Estado. A diminuição da caça e a maior consciência ambiental podem estar ajudando.

O trabalho de pesquisa foi conduzido pela empresa de consultoria Tecniflora, de Caxias do Sul, que assessora a propriedade da família Anselmi, entusiasta do projeto. Partiu dos donos a ideia de fazer o inventário da fauna nativa existente no local.

- Nos últimos 40 anos são 13 registros documentados do lobo-guará no RS. Conseguimos 12 em oito meses de trabalho - ressalta Juliana Nascimento Martins, bióloga da Tecniflora e principal autora do artigo, que recebeu o apoio do ICMBio.

Juliana avalia que os registros podem indicar que os lobos-guará estão se estabelecendo na região. Isso significaria garantia de presença a longo prazo do maior canídeo selvagem da América do Sul no Estado, onde é oficialmente considerado sob risco de extinção. Como acredita-se que os animais flagrados sejam um macho e uma fêmea, a esperança agora é que tenham filhotes.

Ele está passando uma temporada em Barcelona, na Espanha, onde se especializa em Gestão e Marketing Esportivo. Leonardo Oliveira é um expert na área, mas seu universo vai muito além do futebol. Leo é um cara do mundo, escreve sua coluna em GZH desde a Europa e já visitou inúmeros lugares em grandes coberturas jornalísticas.

A coluna pediu, e ele atendeu. Entre uma aula e outra, o comunicador da RBS sugeriu um baita roteiro no sul do Estado, que não perde em nada para os melhores destinos internacionais.

- Pelotas sempre foi uma cidade que me encantou pela identidade própria e por conservar em sua arquitetura alguns capítulos da história do Rio Grande do Sul. No final de 2012, depois de ir a um casamento de um grande amigo numa charqueada, coloquei uma delas, a Santa Rita, na lista de lugares para voltar - diz Leo.

Durante um fim de semana, ele e a mulher, Nádia Cansi, deixaram os filhos com os avós e fizeram um programa a dois na região.

- Pelotas não segue o perfil de roteiros românticos, mas tem escondidas atrações que oferecem um olhar diferente nas suas ruas, no seu casario antigo e nos seus hábitos peculiares, muitos deles trazidos pelos ventos do Oriente uruguaio - conta o jornalista.

A Charqueada Santa Rita remonta aos tempos em que o charque dominou a economia sulina, nos séculos 18 e 19. O prédio foi conservado e hoje abriga, além de uma bela pousada, um museu que conta um pedaço do passado de Pelotas e do próprio Rio Grande - foi o imposto cobrado da carne salgada, afinal, o estopim da Revolução Farroupilha, que se arrastou por dez anos, entre 1835 e 1845.

- No museu da fazenda, vimos como funcionavam as charqueadas e como era cruel a exploração da mão de obra escrava, trazida da África. Trabalhar nesses locais era a punição para os rebeldes, pelas condições ainda mais precárias de trabalho e os estragos que o sal provocava nas mãos e no corpo dos escravizados. Toda a história da charqueada e do ciclo do charque na região é explicada para os hóspedes nesse tour - explica Leo.

Outro ponto alto é o cardápio, baseado na culinária da época.

- Chegar ao local numa sexta-feira à noite, no frio, depois de encarar a estrada e um dia de trabalho, e receber no quarto um carreteiro de charque na panela de ferro, com feijão mexido e quibebe, fez daquele jantar um dos mais saborosos que já tivemos. E posso dizer que eu e minha mulher já temos uma milhagem boa por aí - brinca ele.

O lugar ainda oferece amplo espaço verde, cadeiras para matear com preguiça ao sol e um deque às margens do canal São Gonçalo para ver o tempo passar sem pressa.

Se for para lá, não deixe, também de fazer um passeio na cidade.

- Vale dar um pulo no centro, para caminhar e observar o casario antigo, e esticar até o mercado público, onde aos sábados uma turma veterana faz um samba animado. O programa completo inclui ainda uma esticada para um pastel de camarão na Praia Laranjal e uma caminhada no calçadão. Para fechar, indico o samba ao vivo do Boteco Cruz de Malta, abastecido com cerveja bem gelada, cortes saídos da parrilla e queijo provolone na brasa - detalha.

São os tais "ventos do Oriente", nas palavras de Leo, que ajudam a formar a identidade de uma cidade do Interior que criou seu mundo próprio.

CAIO CIGANA INTERINO

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