02
de agosto de 2014 | N° 17878
ARTIGO
- FRANKLIN CUNHA*
ROBINSON CRUSOÉ, UM EMPREENDEDOR DE
SUCESSO
As
Aventuras de Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, história que embalou nossa
infância, a de nossos filhos e netos, encerra mensagens curiosas e reveladoras.
Nas primeiras páginas do romance, edição inglesa, Crusoé conta suas aventuras
antes de se ver sozinho numa ilha tropical. Em um naufrágio anterior, é
recolhido por um navio português que o deixa no Brasil, onde compra terras para
cultivar cana de açúcar e, após quatro anos de intenso trabalho, alcança a
prosperidade.
Descobre,
porém, que há um modo mais rápido e excitante de tornar-se mais rico: tomar um
navio para a África e arrebanhar escravos para vendê-los aos donos de
canaviais. Numa das viagens, seu navio naufraga, e Crusoé se salva ao ser
jogado à praia de uma ilha deserta. Lá, a partir do zero, Crusoé teve de
começar uma nova vida. Com suas habilidades e forças, organizou um lugar para
morar, se vestir e se alimentar. E de se defender de eventuais selvagens com
armas de fogo que conseguira obter de um navio abandonado.
Após
alguns anos de solidão, numa excursão pela ilha, Crusoé encontra um indígena
que salva de outros que queriam devorá-lo. Sexta-Feira, nome dado a ele por
Crusoé, torna-se seu escravo. Logo trata de vestir-lhe calças, ensinar-lhe a
falar inglês, a manejar armas de fogo, com as quais mataram vários selvagens
intrusos, e enfim “torná-lo um bom cristão”. Depois de 25 anos, nosso herói
volta a Londres, onde é informado de que suas plantações no Brasil e suas
aplicações financeiras em Portugal vão indo muito bem.
É
bom que se recorde que, na época em que se passa a história escrita por Defoe
(1660), todos os ingleses e a realeza que os governavam eram “bons cristãos”
que assolavam todos os mares e continentes, assaltando galeões espanhóis e
portugueses carregados de ouro das Américas, traficando com escravos negros,
autorizados por cartas de navegação fornecidas pela família real aos corsários
em troca da divisão dos lucros, fifty to fifty.
Como
vimos pela História, Robinson Crusoé e seus contemporâneos foram empreendedores
de sucesso, os quais. com os lucros de suas atividades comerciais mundo afora e
com o trabalho de crianças nas fábricas durante 14 horas diárias, ergueram uma
nação próspera que serviu de modelo a nós todos do terceiro mundo.
*Médico
- FRANKLIN CUNHA