03
de agosto de 2014 | N° 17879
PAULO
SANT’ANA
A questão
básica
Seguidamente,
ouço as emissoras de rádio anunciarem que as três ou quatro emergências
principais de hospitais de Porto Alegre estão superlotadas. E elas atendem
multidões vindas do Interior.
Até
parece que os dirigentes do SUS calculam estrategicamente para que lotem essas
emergências, a fim de atenderem menos pessoas, ainda mais que, topando com
emergências superlotadas, os segurados do SUS vão procurar hospitais pagos.
Isso
parece ser milimetricamente calculado.
Mas
é um cálculo que se torna trágico para muitas pessoas que não têm qualquer
recurso para pagar hospitais privados e assim podem morrer – e acabam muitas
morrendo na fila das emergências inacessíveis.
Não
existe nada pior no mundo do que uma pessoa ter saúde – seja por ser forte ou
porque cultive bem sua saúde – e um dia acabar precisando da emergência do SUS.
E, justamente nesse dia, encontrar a emergência superlotada.
Que
destino, nunca procurou o SUS por não precisar. No dia em que o procurou,
foi-lhe recusado o atendimento!
O
problema é o SUS, e a gente deve reconhecer que ele é extraordinário em suas
mil facetas de atendimento. É maravilhoso.
Mas
é que sempre existem excedentes para o seu atendimento.
Isso
que grande parte dos doentes brasileiros, grande parte mesmo, é atendida por
convênios, são milhões de brasileiros.
Imaginem
se não houvesse os convênios: o Brasil seria uma Angola arrasada.
Já
existem queixas de atendimento até em hospitais que atendem convênios, imaginem
no SUS.
O
maior excremento da Saúde no Brasil é a fila de cirurgias. Morrem ali pessoas
que esperam anos por atendimento.
E
morrem também os que esperam na fila de consultas.
Há
os que quebram seus galhos com alternativas, mas há os que não conseguem
quebrar seus galhos e morrem nas duas filas.
Eu
gostaria que os debates para a eleição presidencial deste ano se concentrassem
preferencialmente na Saúde. É o problema maior, é a questão essencial.
Fora
dela, tudo se resolve. Dentro dela, muita coisa não se resolve.