sábado, 2 de agosto de 2014


03 de agosto de 2014 | N° 17879
PAULO SANT’ANA

A questão básica

Seguidamente, ouço as emissoras de rádio anunciarem que as três ou quatro emergências principais de hospitais de Porto Alegre estão superlotadas. E elas atendem multidões vindas do Interior.

Até parece que os dirigentes do SUS calculam estrategicamente para que lotem essas emergências, a fim de atenderem menos pessoas, ainda mais que, topando com emergências superlotadas, os segurados do SUS vão procurar hospitais pagos.

Isso parece ser milimetricamente calculado.

Mas é um cálculo que se torna trágico para muitas pessoas que não têm qualquer recurso para pagar hospitais privados e assim podem morrer – e acabam muitas morrendo na fila das emergências inacessíveis.

Não existe nada pior no mundo do que uma pessoa ter saúde – seja por ser forte ou porque cultive bem sua saúde – e um dia acabar precisando da emergência do SUS. E, justamente nesse dia, encontrar a emergência superlotada.

Que destino, nunca procurou o SUS por não precisar. No dia em que o procurou, foi-lhe recusado o atendimento!

O problema é o SUS, e a gente deve reconhecer que ele é extraordinário em suas mil facetas de atendimento. É maravilhoso.

Mas é que sempre existem excedentes para o seu atendimento.

Isso que grande parte dos doentes brasileiros, grande parte mesmo, é atendida por convênios, são milhões de brasileiros.

Imaginem se não houvesse os convênios: o Brasil seria uma Angola arrasada.

Já existem queixas de atendimento até em hospitais que atendem convênios, imaginem no SUS.

O maior excremento da Saúde no Brasil é a fila de cirurgias. Morrem ali pessoas que esperam anos por atendimento.

E morrem também os que esperam na fila de consultas.

Há os que quebram seus galhos com alternativas, mas há os que não conseguem quebrar seus galhos e morrem nas duas filas.

Eu gostaria que os debates para a eleição presidencial deste ano se concentrassem preferencialmente na Saúde. É o problema maior, é a questão essencial.


Fora dela, tudo se resolve. Dentro dela, muita coisa não se resolve.