04
de agosto de 2014 | N° 17880
ARTIGOS
- PAULO BROSSARD*
FATOS, APENAS ALGUNS
FATOS
Foi
lamentável o pronunciamento da chancelaria de Israel acerca da atual conduta do
nosso país no plano internacional. Isto posto, imperioso é salientar que o
velho Ministério de Estrangeiros, desde a República denominado Ministério das
Relações Exteriores, ultimamente tem se amesquinhado. Dir-se-ia que a senhora
presidente da República não morre de amores por ele. Contudo, seu declínio é
inegável.
Já
não falo dos tempos do Barão, de Oswaldo Aranha, Raul Fernandes, João Neves...,
que em momentos difíceis fizeram com que o solar da Rua Larga continuasse a
enriquecer o acervo diplomático do país. Basta dizer que o vocábulo Itamaraty
se tornara sinônimo da política externa do Brasil. Em verdade, as reiteradas
ações e omissões não podem ser menosprezadas.
A
título de exemplo, vão mencionadas algumas:
1)
autoridades brasileiras, aliás, contrariando manifestações de servidores
legalmente qualificados para opinar a respeito, abrigaram terrorista condenado
pela justiça de seu país, Battisti; 2) o Brasil expulsou dois boxeadores
cubanos, que aqui participavam de uma competição esportiva e queriam aqui
homiziar-se para não voltar à ilha sovietizada, despachando-os em avião
venezuelano; 3) a Bolívia invadiu instalações da Petrobras, legal e
publicamente instalada, como era óbvio, e o Itamaraty não viu nem notou o
frontal agravo à nação;
4) o
governo namorava abertamente com o Irã no que tange aos seus planos nucleares,
cujas implicações podem ser de consequências mundiais; 5) o governo tornou-se
parceiro da mais antiga ditadura da América, firmou contratos secretos com Cuba
e Angola, e a senhora presidente cantarolava no Porto de Mariel, financiado
pelo Brasil, proclamando que seu ideal era a união entre os dois países;
6) o
Itamaraty estimulou a introdução da Venezuela no Mercosul, quando é condição
para ingresso o Regime Democrático; 7) o Brasil silenciou quanto às violações
dos Direitos Humanos na Venezuela e, ao contrário, tem se acasalado com aquele
país; 8) o Brasil tem dois supostos ministros de Relações Exteriores, um que é
conselheiro da senhora presidente, como se os ministros não fossem conselheiros
natos, por expressa disposição constitucional, o outro ocupa o belo edifício
que abre uma das fileiras de ministérios; 9) o comportamento do Brasil em
relação ao asilado boliviano na embaixada em La Paz, numa espécie de prisão.
Os
estilos do Itamaraty desde muito eram outros e bem melhores.
*JURISTA,
MINISTRO APOSENTADO DO STF