Eliane
Cantenhede
Gotejando
BRASÍLIA
- Depois de o Planalto enviar um funcionário a um seminário de internet em
Cuba, tudo é possível. Cuba é o último lugar do mundo para fazer curso de
internet... a não ser de guerrilha digital.
Por
essas e outras, é irritante, mas não surpreendente, a informação da Folha e do
"Globo" de que a rede do Planalto é usada para adocicar perfis de
aliados, azedar dos adversários e plantar calúnias contra jornalistas críticos.
A operação, além de indecente e possivelmente criminosa, é também de uma
burrice gritante.
Miriam
Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, afora serem queridos amigos, são dois dos
mais premiados jornalistas do país. Logo, o ataque não foi só aos dois, mas a
uma categoria inteira e a uma cidadania que exige liberdade de expressão e de
crítica.
Do
ponto de vista político, é péssimo para Dilma Rousseff, mas é sobretudo um
desastre para o PT, que já enfrenta alta rejeição, candidatos assustados e
atritos de toda sorte.
Segundo
o marqueteiro João Santana, eleições trabalham o imaginário popular. Pois o uso
da sede da Presidência para golpes rasteiros só "vai gotejando" uma
imagem ruim do PT, como diz Gilberto Carvalho.
A
hora é de falar de Mais Médicos, Minha Casa, Pronatec, não de o Planalto fazer
jogo sujo que remete a mensalão, aloprados e manipulação da CPI. E também à
estrela vermelha de dona Marisa no Alvorada, ao passeio da cadelinha em carro
oficial, ao emprego da nora para não fazer nada no Sesi e ao contrato
milionário do filho --"o Ronaldinho"-- por baixo dos panos.
A
confusão entre público e privado corresponde às boquinhas e ao aparelhamento de
Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil. Em nome de "uma causa" --a
dos poderosos e da elite de plantão. Os outros? Os outros são "contra os
pobres".
Se
cabeças rolaram no Santander por avaliações de mercado, o que ocorrerá no
Planalto por ações que nada têm a ver com o interesse público, o Estado e a
nação?