ANÁLISE
- IGOR GIELOW - DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Elementos que derrubaram aprovação
estão aí para ficar
Os
números do Datafolha sobre o desempenho do governo Dilma impressionam
negativamente, mas é o contexto no qual eles se apresentam que gera o
adensamento das nuvens negras que se instalaram sobre o Planalto desde a
reeleição da presidente.
No
outro momento de grande baque em sua popularidade, na esteira dos protestos de
junho de 2013, havia margem de manobra de mão dupla. De um lado, o governo
podia empacotar medidas reativas; do outro, o fôlego das ruas perdeu-se.
Agora
não há esse espaço. Todos os elementos que derrubaram a aprovação da presidente
a níveis inéditos estão aí para ficar: a destruição da Petrobras, os impactos
políticos do petrolão e as dificuldades econômicas.
Inflação
e desemprego irão subir para a maioria esmagadora dos pesquisados, e essas são
percepções de vida real que nenhum programa eleitoral consegue nublar. A
segunda posição da corrupção como maior problema do país chama a atenção. Nem
no mensalão isso ocorreu.
Concorrem
também os efeitos da crise hídrica. Falta de água é problema estadual na ponta,
mas o governo central paga a conta simbólica. Já um eventual racionamento de
energia ganha a aura de uma bala de prata federal.
As
dificuldades políticas superam, e muito, as de 2013. Se não há ruas, há o
Congresso com as dificuldades personificadas em Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pela
frente.
Lançamento
de pacotes ou medidas não inspiram tampouco confiança. Para os entrevistados,
sai a Dilma decidida e sincera de 2011 e surge a presidente indecisa e falsa
--e desonesta, segundo nova aferição que contraria a avaliação que pesquisas
internas do Planalto sempre fizeram.
Pior
para o governo, não há margem fiscal para bondades como o aumento do salário mínimo
pós-mensalão. Uma dificuldade extra toma forma no estilo da presidente, que
está crescentemente isolada na política, como a escolha de Aldemir Bendine para
o lugar de Graça Foster na Petrobras mostrou.
Uma
saída comodista, e incerta, seria a abertura das comportas fisiológicas para o
Congresso, deixar o loteamento dos ministérios tomar seu curso, convocar o
marqueteiro João Santana e seguir o conselho do ministro das Minas e Energia:
rezar para chover.
Corrupção
em estatal e crise econômica fazem popularidade de Dilma despencar
44%
consideram o governo do PT ruim ou péssimo; eram 24% em dezembro - Escassez de
água faz avaliação positiva de Alckmin cair dez pontos em SP - Haddad é
rejeitado por 44%
Segundo
o Datafolha, presidente obteve sua primeira nota vermelha (4,8) após quatro
anos à frente do Planalto